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Mesmo com estiagem, produção de soja foi maior em fazendas que utilizam agricultura regenerativa

A agricultura regenerativa contribui para manter a produtividade da soja, mesmo em situações de estresse hídrico, apontam resultados recém-divulgados pelo programa Regenera Cerrado. Talhões de fazendas de Goiás que fazem uso da agricultura regenerativa alcançaram média de 69 sacas de soja por hectare, enquanto nas áreas convencionais a média foi de 66 sacas. Esses dados são da safra 2023/2024, marcada por uma estiagem que afetou a produção em Goiás, onde a média estadual foi de 56 sacas por hectare.

O Regenera Cerrado conta com o patrocínio da Cargill, que acaba de renovar seu apoio para a nova fase do programa. Criado em 2022, ele tem o objetivo de pesquisar as práticas de agricultura regenerativa para disseminar informações e dados científicos que estimulem sua adoção, contribuindo para a saúde dos ecossistemas e a resiliência de áreas de cultivo de soja e milho. O programa tem acompanhado 12 fazendas da região de Rio Verde, no sudoeste goiano que, se somadas, as áreas destas fazendas representam 7.841 hectares no Cerrado, bioma que responde por 60% da produção agrícola do Brasil. O dado da produtividade de soja na safra 2023/2024 foi um dos achados apresentados no 3º Workshop Regenera Cerrado, realizado em agosto, no Instituto Federal Goiano, em Rio Verde (GO).

“A Cargill fica feliz em poder apoiar o Regenera Cerado que promove práticas de agricultura regenerativa pois acreditamos que estas práticas e o manejo sustentável do solo têm impacto no clima e nas pessoas, sejam produtores ou consumidores”, avalia Letícia Kawanami, diretora de Sustentabilidade do Negócio Agrícola da Cargill para América do Sul.

Validação científica

Os dados coletados nas safras 2022/2023 e 2023/2024 foram analisados por um time de 35 pesquisadores – um trabalho que durou três anos. Por iniciativa dos produtores rurais e em caráter empírico, diversas práticas de agricultura regenerativa já são utilizadas nas 12 fazendas acompanhadas pelo Regenera Cerrado. Os pesquisadores caracterizaram e validaram essas práticas, estabelecendo relações com entomologia, fitopatologia, saúde do solo e outros indicadores.

Por meio de pesquisa científica de alta qualidade, o programa buscou identificar as práticas que realmente têm se mostrado eficazes, quantificando resultados com precisão. “Essas fazendas trouxeram todo o seu estudo empírico para que os pesquisadores pudessem fazer essa validação científica”, ressaltou Priscila Calegari, diretora de agricultura do Instituto BioSistêmico. Os achados dos pesquisadores na primeira fase do programa foram sistematizados em 31 conteúdos científicos, incluindo 12 artigos já publicados, e mais materiais ainda serão divulgados.

Para a Dra. Eliana Fontes, pesquisadora da Embrapa e coordenadora das pesquisas, “este projeto mostra como a ciência pode caminhar junto com os produtores para construir um futuro mais sustentável”.

Produtividade comprovada

O avanço da produtividade tem sido comprovado pelos proprietários das fazendas que participaram do Regenera Cerrado e apostaram nas técnicas da agricultura regenerativa. Marion Kompier, da Fazenda Brasilanda, localizada em Montividiu (GO), foi pioneira na adesão ao programa. “Esse é um caminho que estamos construindo. Os pesquisadores estão trazendo respostas e nos ajudando a achar o caminho mais rápido”, avalia.

Além de contar com o apoio da Cargill, o programa envolve 11 entidades, incluindo instituições de pesquisa como EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Instituto Federal Goiano, UFLA (Universidade Federal de Lavras), UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), UnB (Universidade de Brasília), UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), UFV (Universidade Federal de Viçosa) e EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). Coordenadas pelo Instituto BioSistêmico (IBS), as atividades do Regenera Cerrado também incluem o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS) e o Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano
(GAPES).

Fonte: João Mauro Uchôa

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