Representantes dos países do Mercosul e da União Europeia participam até a próxima sexta-feira (14), em Bruxelas, de uma rodada de negociações iniciada segunda (10) com o objetivo de avançar rumo à assinatura de um acordo de livre comércio entre os dois blocos. O processo negociador birregional encontrava-se paralisado desde 2004 e na abertura dessa nova rodada foram apresentadas as propostas de acesso a mercados, que foram trocadas há cinco meses pela Comissária de Comércio, Cecilia Malstrom, e pelo ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, que detinha a presidência pró-tempore do Mercosul.
Segundo o Boletim Informativo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), “depois de doze anos de estagnação e nenhum avanço significativo, o Mercosul, cujos países-membros estão mais alinhados no discurso e nas intenções de ampliar o acesso a outros mercados, manifesta nova vontade política em negociar e dar flexibilidade para que os diálogos sejam proveitosos. A União Europeia, por sua vez, que começou com um discurso de insegurança em relação ao preparo e as intenções do Mercosul, enfrenta agora uma rejeição gigantesca a acordos comerciais, e precisa mostrar serviço. Ou seja, o cenário pode ser favoravel”.
Na visão da CNA, “nos últimos cinco meses, ambos os lados avaliaram as propostas recebidas, fizeram pontuações, incluíram possíveis mudanças a serem discutidas e agora sentam-se frente a frente retomando o processo de negociação. A Comissão Europeia oferceu 91,5% de acesso ao mercado, mas retirou as cotas de exportação para carne bovina e etanol, produtos sensíveis para o mercado europeu e fundamentais para o Mercosul. O Mercosul colocou na mesa 87% de acesso direto ao seu mercado sem tarifas. As ofertas em si não satisfizeram negociadores em nenhum dos lados”.
O informativo da CNA destaca ainda que “otimistas de ambos os lados afirmam que há espaço para diálogo, mesmo com toda a contrariedade que potências como a França e a resistente Irlanda possam oferecer. Além disso, dentro da própria Comissão Europeia, o Mercosul tem defensores. Em Madri, por exemplo, em setembro, um debate realizado entre funcionários da Direção-Geral de Comércio (DG-Trade) da Comissão Europeia e deputados europeus foi encerrado em clima otimista. A vice-chefe da Unidade para a América Latina da DG-Trade, Lorella de La Cruz Iglesias, declarou que as avaliações em Bruxelas têm sido positivas, tanto que um acordo poderia ser alcançado em dois anos”.
Segundo fontes oficiais em Bruxelas, nos próximos dias, negociadores do Mercosul e da União Europeia farão uma leitura e todos os pontos das ofertas colocadas sobre a mesa, explicando o que elas representam em termos de abertura de mercado. Além do comércio de produtos, as ofertas também abrangem a liberalização de serviços, investimentos e compras governamentais.
Fonte: CNA