Santa Catarina é o terceiro maior produtor de maracujá do Brasil e deve colher 45 mil toneladas na safra 2020/21. Com 1.800 hectares de pomares, o estado registra produtividade média de 25t/ha. O índice se mantém acima da média nacional, mesmo após o impacto da chegada da virose do endurecimento do fruto em 2016 no Sul Catarinense, região que responde pela maior parte da produção. Tecnologia, atualização técnica e manejo adequado são algumas das ferramentas da Epagri e dos fruticultores para manter a qualidade e a produtividade do maracujá colhido no estado.
Com a meta de estabelecer um protocolo para Produção Integrada da fruta, técnicos da Epagri, cooperativas e iniciativa privada discutiram o manejo integrado de pragas e doenças do maracujá em um evento de atualização técnica em novembro. O encontro foi realizado no Centro de Treinamento da Epagri de Araranguá, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Ginegar.
O que é produção integrada?
O sistema de produção integrada, que já é utilizado em outras culturas em Santa Catarina, principalmente no tomate, reúne uma série de boas práticas agrícolas para garantir a produção ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável de alimentos. O alimento cultivado nesse sistema pode ser certificado como seguro e também é possível garantir sua rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva.
“O estabelecimento de um protocolo para a Produção Integrada de maracujá tem perspectivas sociais, ambientais e econômicas – ou seja, visa ofertar ao produtor um alimento mais seguro e saudável, diminuir o uso de agrotóxicos e também o custo de produção da fruta, haja vista o aumento expressivo dos insumos para seu cultivo nos últimos meses”, explica Diego Adilio da Silva, extensionista da Gerência Regional da Epagri em Criciúma e líder do projeto de fruticultura na região.
Mudas de maracujá de qualidade
O encontro técnico também tratou da produção de mudas de maracujá. Os professores da UFRGS Gilmar Schäfer e André Straussburger falaram aos técnicos e produtores sobre interpretação de laudo de análise de substrato e fertirrigação na produção de mudas. A programação contou com uma exposição de filmes e telas para abrigos de cultivo, conduzida pelo engenheiro-agrônomo Gilberto Rostirolla. Os participantes ainda debateram assuntos como poda de mudas de maracujá, controle de pragas e doenças no abrigo de cultivo e custo de produção das mudas. Esses assuntos foram abordados pelos técnicos Diego Adilio da Silva, Fábio Fabris Fabro, Henrique Belmonte Petry, Luiz Antonio Palladini e Natan da Rosa Porto.
Essas atividades estão ligadas ao projeto “Procedimentos e protocolos para a produção de mudas de maracujá”, que integra ações da pesquisa e da extensão rural da Epagri. O objetivo é oferecer tecnologias e conhecimento que permitam aumentar a qualidade das mudas.
Safra de maracujá 2021/22 em SC
Assim como na safra anterior, a produção catarinense de maracujá está enfrentando alguns entraves climáticos: frio tardio, radiação solar e número de horas de luz abaixo do que a planta necessita. “A Epagri está tentando criar tecnologias e manejos que antecipem a produção principalmente para dezembro e janeiro, quando os produtores podem obter melhores preços. Mas devido a esses fatores climáticos, vamos ter uma produção um pouco mais tardia em volume de colheita nesta safra”, explica Diego.
Doenças e pragas também são motivo de alguma preocupação. Diego explica que a virose do endurecimento do fruto vem sendo menos agressiva e relegada a segundo plano entre as preocupações dos produtores porque, com o vazio sanitário e a produção de mudas em ambiente telado, é possível contornar e conviver com a doença. A verrugose, que é uma doença causada por um fungo, está atrapalhando um pouco os pomares, mas, com a tecnologia disponível, vem sendo bem contornada. “O maior problema é a mosca do botão floral”, esclarece.
Mosca do botão floral
A Estação Experimental da Epagri em Urussanga está trabalhando no monitoramento da mosca do botão floral e dos picos de ocorrência da população, “mas ainda é preciso avançar e ver se isso se repete ao longo dos anos”, esclarece o extensionista Diego. Não há produto registrado no mercado para conter essa praga no maracujazeiro. Todos os estudos estão atrelados à melhoria da regulagem de pulverizadores e dosagem de volume de calda.