Segundo a Abraleite, a crise sanitária dificultou a venda de laticínios – que agora sofre pressão do “baixo poder aquisitivo da população”
O Ministério da Agricultura publicou na última semana ofício que prorroga até junho de 2022 autorização de venda de leite a granel de uso industrial por produtores e cooperativas registrados em outras instâncias de inspeção, como o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) e o Serviço de Inspeção Estadual (SIE), para estabelecimentos sob Inspeção Federal (SIF) de todo país, informa a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite).
A prorrogação atendeu a pedidos da entidade. Essa é a terceira vez em que o prazo foi prorrogado desde o início da pandemia, em março de 2020. Segundo a entidade, a crise sanitária dificultou a venda de laticínios – que agora sofre pressão do “baixo poder aquisitivo da população”, afirma comunicado da Abraleite divulgado nesta quarta-feira (29).
“Esse pleito se baseia no fato de que ainda há necessidade de muitas pequenas indústrias e cooperativas de laticínios continuarem comercializando o leite captado de milhares de pequenos produtores com grandes indústrias que possuem o SIF. A cadeia produtiva do leite atravessa por momento extremamente complicado. Os custos de produção, comercialização e transporte têm dificultado e, às vezes, inviabilizado a atividade tanto primária quanto secundária, com o agravante de estarmos com queda generalizada de consumo de lácteos em todo o país em decorrência da crise gerada pela pandemia da Covid 19, inflação altíssima dos alimentos decorrente de câmbio desfavorável, altas frequentes em combustíveis e outros problemas que afetam o consumo de produtos lácteos, sobretudo os mais elaborados com maior agregação de valor. Esse é o caso dos queijos, por exemplo, que eram amplamente comercializados por essas pequenas indústrias e cooperativas. Elas ainda não recuperaram suas vendas e, portanto, estão dependentes de vendas de leite para as indústrias de lácteos mais estruturadas que contam com SIF, que conseguem alocar o leite de maneira mais ampla, com maior variedade de derivados (leite em pó, leite UHT) e logística mais abrangente para distribuição no mercado nacional”, argumentou o presidente da entidade Geraldo Borges.
Em março de 2020, início da pandemia a entidade havia sido atendida com o mesmo pedido, que foi renovado duas vezes. Na época, as medidas de restrição que fecharam canais de vendas e feiras estavam dificultando a comercialização de alguns produtos. Agora, a crise com baixo poder aquisitivo da população dificulta a venda de lácteos com maior valor agregado.
Fonte: Canal Rural