Startups japonesas podem usar ScaleUp para fomentar negócios no Brasil
A expectativa do presidente da JETRO em São Paulo, Hiroshi Hara, o objetivo “é criarmos histórias de sucesso bilaterais para o Brasil e o Japão e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico dos países”
Em novembro de 2021, exatamente no mês em que completou 126 anos da assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, os governos do Japão e do Brasil celebraram uma importante parceria que deve fomentar a entrada de startups japonesas interessadas em atuar no mercado brasileiro. A Japan External Trade Organization (JETRO), organização de fomento de comércio exterior do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão, formalizou a sua participação na 3ª edição do ScaleUp in Brazil (SUIB), programa criado em 2019 como uma plataforma de softlanding fruto de uma parceria entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).
Com o ScaleUp in Brazil, a JETRO espera que as startups japonesas possam voltar os seus olhos ao país, que oferece boas oportunidades em áreas como fintech e agritech principalmente. “A expectativa é criarmos, juntos, histórias de sucesso bilaterais para o Brasil e o Japão e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico dos países”, pontua Hiroshi Hara, diretor-presidente da JETRO. O Japão, conhecido como uma das nações mais inovadoras, é um ambiente atraente para startups e uma das razões é que tem uma longa história de empreendedorismo e inovação. O Japão possui 11% das maiores empresas do mundo, com menos de 2% da população global.
A primeira boa notícia é que existe um crescente interesse das companhias do Japão em ampliar os negócios a partir de suas subsidiárias que conhecem bem o mercado local. Um estudo do Grupo de Inovação da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa no Brasil, elaborado em parceria com a JETRO São Paulo, apontou que 27,5% das empresas nipônicas querem aumentar e promover novos investimentos nas startups e companhias brasileiras inovadoras.
Outra boa notícia é que recentemente a JETRO São Paulo iniciou sua participação no Hub de Aceleração Global (Global Hub Acceleration/GAH), programa criado pela matriz em Tóquio presente em 29 localidades espalhadas pelo mundo e que oferece um serviço gratuito para startups japonesas com o objetivo de expandir seus negócios no exterior. Hoje, mais de 20 startups utilizam o programa, mas o objetivo da JETRO com o ScaleUp é prospectar mais companhias no GAH, ampliando a sua base.
Mercado crescente de startups no Japão – Os investimentos no mercado de startups no Japão vêm em uma linha crescente desde 2014. Há naquele país pouco mais de 10 mil startups. Em 2014, os aportes financeiros em startups japonesas totalizaram US$ 10,3 bilhões, número que saltou para US$ 11,43 bilhões em 2015. Em 2019 foram investidos US$ 25,38 bilhões, sendo US$ 19 bilhões para startups no mercado doméstico e US$ 6,38 bilhões para aquelas que atuam fora do país, como aponta a Venture Enterprise Center (VEC), do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão.
Mas o Japão quer crescer mais. O ecossistema japonês de startups ainda é pequeno, se comparado a países como Estados Unidos e China, por exemplo, que têm, respectivamente, 145.441 e 24.913 empresas registradas até 2019. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Startups, de 2015 até 2019 o número de startups no Brasil saltou de 4.151 para 12.727, um aumento de 207%.
O número de unicórnios japoneses na lista do ranking mundial que reúne mais de 800 também é muito pequeno. Hoje, apenas seis estão nesse seleto grupo, enquanto os norte-americanos têm no grupo 373 e os chineses, 146. O Brasil, por sua vez, tem 11 startups unicórnios. “O ecossistema japonês para startups ainda está amadurecendo, mas tem amplo potencial de crescimento”, afirma Hiroshi Hara. Mas como parte da estratégia de incentivos e investimentos adotada pelo governo do então primeiro-ministro Shinzo Abe em 2018, pelo menos 20 unicórnios tecnológicos devem aparecer no país até 2023.
Bons motivos para esse crescimento japonês defendido por Hara não faltam. O ranking dos Top 10 da Global Startup Ecosystem, divulgado em 2021, colocou Tóquio na 9ª posição entre as cidades mais inovadoras do mundo, em uma lista liderada pelo Vale do Silício, seguido por Nova Iorque e Londres. Um ano antes, a capital japonesa ocupava apenas o 15º posto. O ecossistema de Tóquio é avaliado em US$ 25 bilhões, onde a média global é de US$ 10,5 bilhões.
Para que as startups possam ganhar o mundo, o Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão, por meio de escritórios da JETRO em regiões estratégicas de 54 países, e o setor privado trabalham juntos para selecionar aquelas de maior destaque e fornecer apoio completo para sua expansão no exterior. A JETRO fornece suporte total para essas empresas J-Startups, proporcionando-lhes oportunidades de apresentar argumentos de vendas e preparar para seus negócios no exterior.
Em 2020, a JETRO organizou um pavilhão japonês em grandes encontros de empresas inovadoras em Dubai e Estados Unidos, além de realizou pitches e rodadas de negócios com empresas de vários países. No Brasil, em setembro último, 11 startups participaram da Oiweek Digital Brasil-Japão, coorganizado pela 100 Open Startups e a JETRO São Paulo.
ScaleUp terá inscrições abertas em março – Voltada para garantir um softlanding completo, a estratégia do ScaleUp in Brazil se desdobra em ciclos de 18 meses, que prevêm uma imersão de seis semanas, durante as quais os representantes das companhias selecionadas têm acesso a workshops e encontros sobre uma variedade de tópicos, como legislação, impostos, regulações bancárias, marketing, branding e desenvolvimento de negócios.
As empresas recebem ainda consultorias jurídica e de mercado. Outro serviço fundamental é o business matching, com rodadas de negócios e realização de eventos para ampliar o networking estratégico das startups brasileiras. Além das agências internacionais de promoção comercial e atração de investimentos, o ScaleUp In Brazil tem parcerias com empresas, corporates, investidores, associações, hubs de inovação e empreendedorismo.
As inscrições para o ScaleUp terão início no próximo mês de março e encerram-se em junho. Uma missão da Apex-Brasil e ABVCAP será realizada para conhecer o ecossistema local e divulgar o programa e estão previstas imersões em solo brasileiro para as startups selecionadas entre 2022 e 2023.
Fonte: CoreGroup