Brasília recebeu, nesta semana, uma importante missão técnica de Minas Gerais, reunindo 250 diretores e presidentes de diversos sindicatos de produtores rurais do estado. O objetivo foi fortalecer os laços com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em uma agenda intensa de reuniões e debates estratégicos para o setor.
A delegação mineira teve a oportunidade de se encontrar com representantes de várias áreas da CNA, incluindo assessores técnicos, gerentes e diretores de departamentos que são fundamentais para a agropecuária, como os setores jurídico e de relações internacionais. Além disso, os presidentes de sindicatos puderam visitar o Congresso Nacional e acompanhar uma sessão plenária no Senado Federal, vivenciando de perto o processo legislativo.
Nesta quarta-feria (28), segundo dia da visita, os trabalhos foram abertos com as boas-vindas do presidente da CNA, João Martins. Ele compartilhou sua visão sobre o papel da confederação como uma “trincheira de defesa do produtor rural”. “Esse é o conceito com o qual dirigimos a casa hoje. Precisamos estar na vanguarda, precisamos estar preparados para essa agropecuária que é pujante e inovadora”, afirmou Martins.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), Antônio de Salvo, destacou a facilidade de diálogo com o governo mineiro. Salvo expressou a importância da CNA, carinhosamente chamada de “mãe” pelo setor, por sua orientação e auxílio. “É um prazer tê-los conosco, vocês e sua diretoria, seu corpo técnico,”, disse Salvo na abertura do encontro. Ele ressaltou também a alegria dos produtores rurais mineiros com a visita e a satisfação em aprofundar o conhecimento sobre a entidade.
Salvo fez questão de agradecer a presença do vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões. “Senhor Governador, Mateus Simões, muito obrigado por atender nosso pedido de falar coisas que a gente precisa escutar e que nosso povo precisa entender, como a importância do setor se aproximar dos governos, independente de qual seja”, pontuou. Ele reconheceu que a aproximação com alguns governos pode ser desafiadora, mas enfatizou a experiência positiva com o governo mineiro. “No governo de Minas, desde o mandato passado e mais especificamente agora, nunca tivemos um acesso tão fácil, tão direto e tão simplificado”, concluiu Salvo, destacando a fluidez na comunicação e a abertura para as demandas da agropecuária.
Propostas do Governo de Minas para o Agronegócio
Durante seu discurso na CNA, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, apresentou diversas propostas para os produtores rurais mineiros:
Pecuária intensiva: Simões se comprometeu a pautar, ainda nesta semana, junto ao Copam, a alteração de regras que ele considera mais rigorosas para a pecuária intensiva em comparação com a extensiva.
Limpeza de áreas: Será apresentado um novo decreto para diferenciar “juquira” (vegetação rasteira indesejada) de mata regenerada, evitando a mistura entre elas.
Outorga de água: O governador prometeu tirar do papel um decreto que permitirá a sazonalização da outorga de água na bacia do rio São Francisco, uma antiga demanda dos produtores da região.
Vegetação sucessória: O governo está pronto para discutir uma nova Deliberação Normativa (DN) sobre o estágio de vegetação sucessória, visando aprimorar a classificação das áreas e o entendimento do que é mata regenerada.
Revisão do mapa do IBGE: Simões também solicitou a colaboração da CNA para a revisão do mapa de Mata Atlântica do IBGE, argumentando que o Norte de Minas está sendo classificado incorretamente, quando sua vegetação predominante é o Cerrado. Ele pediu uma mobilização nacional para essa revisão.
Encaminhamento de multas: O vice-governador ainda solicitou à diretoria da FAEMG o encaminhamento de todas as multas aplicadas a pecuaristas, que somam mais de R$ 50 milhões, para que seja realizado um grande procedimento unificado de conciliação, utilizando as novas regras para não prejudicar os produtores.
Segurança no Campo e Fiscalização do Trabalho
Simões também abordou a segurança no campo, afirmando que a Polícia Militar de Minas Gerais mudou sua lógica de atuação rural, acompanhando o calendário de safra. O policiamento será intensificado em momentos-chave, como o estoque de químicos, a colheita e o transporte de máquinas, para coibir a criminalidade.
Para o Sul de Minas, o governador garantiu o endurecimento da atuação policial para proteger os cafeicultores contra criminosos, especialmente com a alta do preço do café.
Finalizando seu discurso, Simões criticou a fiscalização do Ministério do Trabalho, expressando seu apoio aos produtores rurais do Sul de Minas. Ele classificou as fiscalizações como excessivas e, em alguns casos, injustas, questionando a oportunidade e a finalidade delas, que, segundo ele, têm prejudicado financeiramente os produtores.
A missão técnica em Brasília segue nesta quarta-feira com a apresentação da pesquisa sobre a percepção da agropecuária mineira feita pelo cientista político e diretor da Quest, Felipe Nunes, e se encerra com a assembleia do Conselho de Representantes do Sistema FAEMG, consolidando o diálogo e a busca por soluções para o setor.
Fonte: Ricardo Guimarães