* Por Tal Lomnitze
O cobre desempenha um papel vital na transição para a energia limpa, sendo um componente chave na infraestrutura renovável e no transporte elétrico. O Chile é o maior produtor de cobre, fornecendo 27% da produção global de cobre em 2021, e abriga as duas maiores minas do mundo, Escondida e Collahuasi. A produção de cobre diminuiu devido a problemas de água e teores de minério em declínio nas principais minas, combinados com problemas trabalhistas e taxas insuficientes de reinvestimento.
Em uma recente viagem de pesquisa, encontrei vários produtores, incluindo a mineradora nacional Codelco. As reuniões sugeriram que pode haver mais riscos para as previsões consensuais de produção de cobre devido aos desafios ambientais e operacionais em andamento, agravados por uma perspectiva tributária incerta, já que o Chile busca aumentar os royalties impostos às mineradoras. Algumas empresas, como a Teck Resources e a Lundin Mining, estão buscando aumentar a produção, contrariando a tendência, mas, em um nível agregado, os ventos contrários à produção de cobre no Chile tornam as perspectivas cada vez mais positivas para o cobre em 2023 e além.
O lítio é indiscutivelmente “o novo petróleo” e o Chile é o equivalente da Arábia Saudita no mundo do petróleo, com enormes recursos nas ricas salmouras do Salar de Atacama. Com 8 milhões de toneladas, o Chile possui as maiores reservas conhecidas de lítio do mundo, bem à frente da Austrália com 2,7, da Argentina com 2 e da China com 1 milhão de toneladas. O deserto do Atacama é considerado o lugar mais seco da Terra. A intensa luz solar é usada pelos produtores de lítio como fonte de energia gratuita para evaporar a água, concentrando o conteúdo de lítio na salmoura antes de ser transportado para a costa para processamento em carbonato de lítio, usado em baterias para veículos elétricos e eletrônicos de consumo.
Minhas visitas a duas operações de lítio sugerem que a produção de lítio pode aumentar nos próximos anos devido a projetos de melhoria de recuperação e implementação de novas tecnologias de extração. Isso me deixa um pouco mais cauteloso sobre as perspectivas de médio prazo para os preços do lítio, uma vez que o atual aperto na oferta e demanda tenha passado. Mas, por enquanto, mercados apertados onde simplesmente não há lítio suficiente para atender à demanda devem sustentar os preços atuais em níveis elevados.
Os aprendizados de minha viagem fortaleceram ainda mais a visão positiva plurianual da Equipe Global de Recursos Naturais sobre o setor de recursos, que enfrenta uma demanda sem precedentes pelas matérias-primas necessárias para tornar realidade a transição para uma economia global limpa.
* Tal Lomnitze, Gerente de Portfólio na Janus Henderson Investors
Fonte: Pierre Medeiros
