Entenda as diferenças entre as doenças e mais sobre a interação entre estes dois agentes primários
Quem acompanha a rotina de sanidade em um plantel sabe que dois dos maiores causadores de prejuízos são o vírus da influenza e o Mycoplasma hyopneumoniae e que, em muitos casos estão atuando em sinergia agravando os sintomas clínicos respiratórios.
Embora haja características específicas da influenza suína e da pneumonia enzoótica, causada pelo M. hyopneumoniae, os sinais clínicos desenvolvidos por ambas podem gerar dúvidas. Daí, a importância da realização de uma boa anamnese e exames laboratoriais para um diagnóstico preciso e, consequentemente, um tratamento assertivo para o problema.
Influenza
Responsável por significativos prejuízos para a suinocultura — acima de US$ 3 por animal, a influenza suína é uma doença respiratória viral aguda, altamente contagiosa e impactante para o setor. Ao serem infectados, os suínos apresentam febre, anorexia, prostração e tosse com pico de excreção viral em até 24 horas pós infecção. A enfermidade imunossupressora causa diminuição de peso e lesões primárias no pulmão, o que facilita o desenvolvimento de agentes oportunistas causadores, como por exemplo a interação com a Glaesserella parasuis na fase de creche.
A transmissão ocorre por contato direto com secreções nasais de suínos infectados e partículas contaminadas suspensas no ambiente. “Como a influenza tem esta capacidade de causar lesões pulmonares e baixar a imunidade do animal, bactérias oportunistas se aproveitam disso para se instalarem. Por isso, é de fundamental importância evitarmos a disseminação do vírus nas granjas. Além de medidas de biossegurança, como controle de entrada de pessoas e animais, realização de quarentena e vacinação dos funcionários contra a influenza, uma das principais providências a serem adotadas é a vacinação dos animais”, explica o médico-veterinário Dalvan Veit, Gerente Técnico de Suínos da Zoetis.
Como forma de prevenção para Influenza, a vacina é aplicada principalmente nas matrizes — plantel adulto, que limita a circulação do vírus nesta categoria e ainda por imunidade passiva protegem os leitões precocemente ainda na maternidade e estendendo à fase de creche. Por isso o foco no manejo de colostro é chave a estratégia contra a Influenza.
Pneumonia enzoótica
Conhecida já há algumas décadas, a pneumonia enzoótica dos suínos, causada pelo Mycoplasma hyopneumoniae, está amplamente disseminada nas granjas tecnificadas no Brasil e é considerada, junto com influenza e circovírus as três doenças primárias e endêmica no País.
Granjas positivas e sem um trabalho de controle para a bactéria podem perder até 41 gramas de peso diário por animal, uma redução de 16% na taxa de crescimento e 14% a menos de conversão alimentar. De acordo com estudo de 2017 realizado por Takeuti, as lesões pulmonares provocadas por essa bactéria no abate atingem 55,38% dos animais.
“Além da importante perda de ganho de peso diário, os animais acometidos pelo Micoplasma apresentam o funcionamento do mecanismo de defesa respiratório prejudicado resultando em tosse crônica, que se agrava com a movimentação dos suínos na granja. Isso se dá principalmente ao final da fase de crescimento e terminação”, informa Veit.
Associação
Tanto a ação do micoplasma como a do vírus da influenza facilitam a entrada de outros agentes oportunistas, que, juntos, causam grandes impactos econômicos nas granjas. Segundo estudo de Haden et al., que mensurou a perda por animal na produção norte-americana, o micoplama sozinho seria responsável pela perda de US$ 0,63/animal, já o vírus da influenza, por US$ 3,23/animal. Ao se associarem, micoplasma + influenza aumentam esse prejuízo para US$ 10,12/animal. “O prejuízo é muito grande. Por isso, os produtores devem estar atentos às soluções que melhor respondam à ação dessa associação entre estes agentes e adotem protocolos de manejo e controle destas doenças”, diz Veit.
Fonte: Little George