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Guerra tarifária reaquece cenário para o agronegócio — e exige cautela do produtor

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China pode abrir oportunidades estratégicas para o agronegócio brasileiro, mas também impõe novos desafios aos produtores. No centro dessa disputa, tarifas, câmbio e políticas de reindustrialização norte-americana alteram o equilíbrio global de oferta e demanda — afetando diretamente quem planta e exporta no Brasil.

A avaliação é do especialista em grãos Enrico Manzi, convidado do mais novo episódio do Minuto Agro, podcast produzido pela Indigo Ag no Brasil. Country Manager da consultoria Biond Agro, Enrico explica que, embora o embate comercial tenha motivações legítimas por parte dos EUA — como conter práticas desleais da China —, os efeitos colaterais no mercado global podem ser profundos e de longo prazo. “A tentativa dos EUA de reindustrializar sua economia e proteger seus fluxos comerciais acabou gerando um cenário volátil, com impacto direto sobre as cadeias agrícolas”, afirma.

Durante o episódio, Enrico relembra que o atual contexto é uma retomada da disputa tarifária iniciada ainda em 2018, durante o governo Trump. Ele explica que, embora as críticas americanas à manipulação cambial e comercial da China tenham fundamento, a forma como os EUA reagiram, por meio de tarifaços, acabou desorganizando os fluxos globais. “Essa guerra se transformou num jogo de truco, onde cada lado sobe a aposta sem uma racionalidade econômica clara”, compara.

Reflexos diretos no campo: como o Brasil entra nesse jogo!

Do ponto de vista do Brasil, o especialista destaca que há ganhos e perdas. Em curto prazo, o país pode se beneficiar da abertura de novos mercados, já que a China busca fornecedores alternativos aos EUA — o que fortalece o papel brasileiro como exportador de grãos. No entanto, Enrico alerta que o ambiente de incerteza exige atenção redobrada por parte dos produtores, especialmente diante da proximidade da safra 25/26.

“É essencial que o produtor rural observe com cuidado o momento da compra de insumos e da venda de grãos. A guerra comercial afeta diretamente preços, margens e riscos logísticos”, diz. Ele ainda aponta que o dólar deve permanecer pressionado, com efeitos sobre o custo de produção, e que a previsibilidade no planejamento agrícola será cada vez mais estratégica.

Enrico também chama a atenção para a importância de diferenciar os fatores internos — como a qualidade da safra ou a eficiência da logística — daqueles externos, como as movimentações geopolíticas e as decisões políticas dos grandes players globais. “É um momento de acompanhar de perto, ter cautela, mas também aproveitar com inteligência as janelas de oportunidade que se abrem nesse novo cenário.”

Fonte: Robson Merieverton dos Santos Silva

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