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Guerra Rússia-Ucrânia: três anos de impacto econômico e comercial no mercado de commodities (Hedgepoint)

Três anos após a invasão da Ucrânia, o conflito continua a remodelar o cenário geopolítico e econômico global. Enquanto a Rússia avança territorialmente, a Ucrânia enfrenta desafios trabalhistas e uma crescente dependência de ajuda externa, enquanto o comércio de commodities e minerais se torna um novo ponto focal da disputa entre os dois países.

A partir de 2024, a Rússia expandiu ainda mais seu controle sobre aproximadamente 4.000 km², com uma perda estimada de 430.000 soldados – um número significativo em comparação com conflitos históricos. A Ucrânia, por sua vez, viu sua população cair em 25% desde o início da guerra, enfrentando um aumento no número de refugiados e dificuldades para modernizar e repor seu arsenal, que ainda contém equipamentos da era soviética.

“Ambos os lados pagaram um alto preço nesta guerra de desgaste. A Rússia perdeu um número significativo de soldados e equipamentos por ganhos territoriais limitados, enquanto a Ucrânia enfrenta uma crescente crise de mão de obra após três anos de conflito intenso”, afirma Chris Trant, diretor de agricultura dos EUA na Hedgepoint Global Markets.

As economias de ambos os países estão em jogo

O rublo russo já perdeu 16% de seu valor desde o início do conflito, enquanto a Ucrânia conseguiu manter uma relativa estabilidade da moeda, apesar das dificuldades econômicas. Com o recente congelamento da ajuda militar dos EUA, a incerteza sobre o futuro financeiro da Ucrânia está aumentando.

“A batalha por recursos é um tema central nesta guerra e na história da Ucrânia como celeiro global. A economia ucraniana sofreu centenas de bilhões de dólares em danos à infraestrutura — levará anos para ser reconstruída. Já a economia russa enfrenta um desafio diferente: o Kremlin está oferecendo incentivos financeiros tão grandes para preencher suas fileiras militares que o setor privado russo agora precisa competir com o Estado por mão de obra”, explica Trant.

Uma nova disputa por minerais na região

A Ucrânia abriga 5% das reservas mundiais de minerais críticos, incluindo grafite, titânio e lítio, essenciais para a produção de baterias, turbinas e eletrônicos. Com a China restringindo as exportações de minerais raros para os EUA, um possível acordo entre os americanos e os ucranianos poderia redefinir o mercado global de commodities estratégicas.

É interessante observar que as atuais negociações entre os EUA e a Ucrânia estão mais focadas nos recursos minerais do que na tradicional mercadoria de destaque do país — os grãos. Em particular, os metais de terras raras oferecem à Ucrânia um grande potencial de barganha nas negociações com os EUA.

A China, que produz 75% dos metais de terras raras do mundo, proibiu a exportação desses recursos para os EUA em dezembro de 2024.

O celeiro da Europa: a disputa pelo mercado de grãos

A Ucrânia, um dos maiores exportadores de commodities agrícolas do mundo, perdeu uma parte significativa de sua capacidade logística devido à guerra. A interrupção do porto de Nikolayev, que respondia por 50% de sua capacidade de exportação, forçou o país a reconfigurar suas rotas comerciais, utilizando portos menores e transporte ferroviário via Romênia.

A Ucrânia tem o potencial de reinventar seu setor de agronegócios. Sua produção de sementes oleaginosas já supera os níveis anteriores à guerra, e seu maior cliente de exportação agora é a União Europeia.

Com uma combinação de investimentos em esmagamento de sementes oleaginosas, financiamento para desminagem e maior acesso aos mercados europeus, a Ucrânia pode evoluir de um tradicional exportador de grãos para um grande fornecedor de oleaginosas. Esse processo exigirá anos e recursos financeiros, mas as bases dessa transformação já foram lançadas.

O futuro da guerra e seu impacto no mercado de commodities

Embora as negociações de paz permaneçam incertas, diferentes atores buscam caminhos estratégicos para avançar. A Ucrânia pressiona por garantias de segurança e recuperação territorial, enquanto a Rússia insiste no reconhecimento das áreas ocupadas. Os Estados Unidos avaliam um possível acordo que envolva um cessar-fogo e o fornecimento de minerais como parte de seu apoio contínuo à Ucrânia.

“Após três anos de prólogo, uma nova fase do conflito está se aproximando. A maior guerra na Europa desde a Segunda Guerra Mundial reformulou a geopolítica e o comércio globais. É possível que a paz esteja próxima — o que ainda não se sabe é como será essa paz ou quanto tempo ela durará. Também há a possibilidade de uma nova fase de conflito — seja nos atuais campos de batalha ou em novos”, diz Trant.

Fonte: Luciana Amaral Minami

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