A abertura da Feicorte – Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne, realizada na terça-feira (19/11), foi palco para diversos anúncios oficiais do Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA). O governador Tarcísio Freitas e o secretário de Agricultura Guilherme Piai anunciaram um pacote de medidas em prol da pecuária paulista.
Entre os anúncios principais está o lançamento do Sistema de Identificação Individual e Rastreabilidade de Bovinos e Bubalinos do Estado de São Paulo (SIRBBOV-SP) da Coordenadoria de Defesa Agropecuária da SAA. O sistema tem como objetivo permitir o monitoramento individual dos animais, proporcionando ao setor pecuário paulista mais competitividade para a abertura de novos mercados.
Outro destaque é a entrega de 502 títulos de regularização fundiária, sendo 50 títulos de pequenos, médios e grandes produtores em 11,4 mil hectares; 326 de lotes de assentamentos em 6 mil hectares; e 100 títulos de próprios de assentamentos em 2,5 mil hectares e 26 títulos de próprios estaduais.
Em quase dois anos, a Fundação Itesp – Fundação Instituto de Terras já entregou cerca de 3000 títulos de imóveis rurais, incluindo próprios, quilombos e a titulação a pequenos, médios e grandes produtores rurais, que alcançam a marca histórica de mais de 110 mil hectares regularizados.
Foi anunciado ainda que a criação do Fundo de Defesa Estadual da Sanidade Animal (FUNDESA) será encaminhada para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O fundo complementar indenizatório, executado por meio da Defesa Agropecuária (CDA), tem o objetivo de gerar segurança aos produtores, ressarcindo pecuaristas em caso de novos focos de febre aftosa.
São Paulo como protagonista do agro
Os resultados expressivos do setor paulista foram destaque da fala do governador Tarcísio Freitas na abertura da Feicorte. “Depois do setor sucroenergético, a carne é o nosso principal produto de exportação. São empregos que estão sendo gerados por aqueles que fazem o agronegócio de São Paulo, por aqueles que não têm medo de trabalhar, e é por isso que o agro brasileiro merece o nosso respeito”, sintetizou. Ele ainda parabenizou a organização do evento pela excelência e magnitude da feira. “É um evento, sem sombra de dúvidas, à altura da pecuária do estado de São Paulo”, disse.
O secretário de agricultura Guilherme Piai exaltou o poder da feira em representar o quanto a pecuária paulista está em um novo patamar. “A pecuária está num momento bom, a escala está curta, o preço está firme e o boi voltou para o patamar que merecia. A Feicorte fortalece a cadeia da carne e movimenta toda a economia regional”, afirmou.
O prefeito de Presidente Prudente, Edson Tomazini ressaltou o fato de, em razão do evento, a região ter voltado a ser notícia em âmbito nacional. Ele também confirmou o apoio do governo do estado à pecuária do Oeste de São Paulo. “Tudo o que foi conversado e alinhado está sendo cumprido”, declarou.
De acordo com a CEO da Verum e responsável pela organização da Feicorte, Carla Tuccilio, a feira está colocando a carne em seu devido lugar. “Precisamos reforçar e comunicar o lado positivo da nossa pecuária de corte e da nossa cadeia produtiva da carne”, ressaltou.
Zonas livres de aftosa
Especialistas de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul se reuniram, no início da tarde da terça-feira (19/11), para discutir o controle da febre aftosa no Brasil. O médico-veterinário e gerente do Programa Estadual de Erradicação da Febre Aftosa de São Paulo, Breno Moscheta Welter detalhou a erradicação da doença no estado em 1996, com a continuidade das campanhas de vacinação até 2023. O estado agora busca o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, aguardando o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), previsto para 2025.
O médico-veterinário e diretor do Departamento de Sanidade Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (ADAPAR), Rafael Gonçalves explicou o processo gradual de retirada da vacinação no estado, iniciado após o reconhecimento internacional da área livre de febre aftosa em 2021. A decisão foi impulsionada pela demanda das indústrias para acessar mercados mais exigentes, com investimentos superiores a R$ 9 bilhões nos últimos anos. Gonçalves ressaltou que o processo de retirada da vacinação tem sido conduzido de maneira transparente e estratégica.
O agrônomo e diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro), Daniel de Barbosa Ingold abordou o progresso do estado, com a última erradicação registrada em 2022. Ele enfatizou a importância da colaboração entre os estados e a confiança nas autoridades sanitárias. Ao final do evento, foi assinado um protocolo de intenções formalizando a integração das defesas agropecuárias de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, com foco no fortalecimento da vigilância contra a febre aftosa e outras doenças relacionadas à saúde pública.
Bem-estar animal em foco
Destacando a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos, pecuarista e especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, que participou do painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, enfatizou os impactos negativos para os animais, especialmente devido à dor associada à marcação na face, uma área sensível.
A especialista elogiou o pioneirismo de São Paulo ao permitir que os produtores decidam sobre a marcação a fogo e ressaltou que os animais possuem boa memória, o que pode afetar seu bem-estar a longo prazo. Perez também alertou sobre o impacto negativo de práticas cruéis na imagem da pecuária e defendeu melhorias nos manejos e maior capacitação das equipes. “A pecuária brasileira tem o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas, com foco no bem-estar animal, destacou.
Fonte: Mariele Previdi – Attuale Comunicação