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Força para Elas: mulheres conectadas pelo empreendedorismo

“Força” pode até ser uma palavra corriqueira no vocabulário de quem, genuinamente, deseja prestar apoio para alguém. Contudo, a força dessas cinco letras alcança sentidos amplos. É aquilo que impulsiona o movimento, a ação. Também é a energia espiritual, o poder, a influência e a intensidade. Nessa variedade de significados, deparamo-nos com a força de Fernanda Dellatorre, de 54 anos, natural de Chapecó (SC), que ganhou essa identidade somente aos sete anos, quando iniciou os estudos. “Ainda não tinha nome, foram as freiras que deram para poder me matricular na escola”, contou a empresária e proprietária do salão de beleza Nanda Cabelos e Cia.

Antes de dominar as técnicas mais requintadas de corte de cabelo, Nanda, ainda na infância, lidou com a terra. De uma família humilde e com problemas difíceis de resolver com pouca idade, como, por exemplo, o alcoolismo do pai, ela aprendeu cedo o significado de força.

“Cresci na roça e era uma vida complicada. Para começar, a vontade do meu pai de ter um filho homem para ajudar nas tarefas do interior. Então, me opus à cultura de que mulher não podia. Dei suporte na manutenção da horta. Lembro que auxiliava a segurar a mangueira e como regra não podia dobrar, mas aconteceu. Senti fome e me abaixei para pegar uma cenoura para comer. Dobrei a mangueira e meu pai me bateu. Foi a partir desse momento que comecei a estudar. A escola comprava as verduras que minha família produzia. Quando as freiras souberam da violência, fui acolhida”, ressaltou a empresária.

Além das atividades no campo, Nanda trabalhou aos nove anos sem remuneração. Sua mãe era funcionária de um restaurante. Lá, durante a pré-adolescência, ela lavava e enxugava a louça em troca de um prato de comida. Recebeu o primeiro salário somente quando tornou-se cuidadora de uma idosa. No lar, fazia tarefas tradicionais, como lustrar o assoalho, por exemplo, e passeava com a senhora ao redor da casa. “Como sempre tive o sonho de ter família, já que a relação com meus pais era desafiadora, todo o dinheiro que recebia, guardava para o enxoval.”

O desafeto familiar fez com que Nanda projetasse seu amor nos relacionamentos. “Eu me apaixonei nova, aos 15, porque eu não tinha amor em casa. Me envolvi com um rapaz e, quando não estávamos tão próximos, porque ele não gostava de mim, recebi a proposta para trabalhar em Jaraguá do Sul. Achei bom ir. Quando me mudei, descobri que estava grávida”, relatou. O segundo filho teve após quatro anos. “Na cultura da época, anticoncepcional era coisa de prostituta, então era melhor gestar”, complementou.

O que a empresária chama de orgulho pode ser definido como resistência. Apesar dos desafios de ser mãe solo, decidiu cuidar dos filhos sem o apoio paterno. Para estabilizar-se financeiramente e reduzir os custos, principalmente com o aluguel, aos 19 anos retornou para Chapecó, onde ganhou um pedaço de terra do seu pai. “Certo dia tentei consertar o cabelo dos meus filhos. Eles tinham voltado do salão, mas achei despenteado. Foi nesse momento que meu ex-marido recomendou que eu fizesse um curso. Fui trabalhar, passei em frente ao Senac e me inscrevi para o curso de cabeleireira. Assim começou a Nanda. Ainda sem clientes, abri o salão. Tive coragem, porque a maioria prefere adquirir experiência em outros espaços antes de ter o próprio. Mas esse foi o começo. No percurso, mudei de sala muitas vezes.”

Uma entre as mudanças aconteceu quando sua mãe teve uma convulsão. “Eu estava no trabalho e não tinha carro. Então, me desesperei. Percebi que precisava de um lugar onde eu pudesse atender e cuidar dela”, contou Nanda ao frisar que sua mãe teve câncer no meio do cérebro e, com o tempo, também perdeu os movimentos. “Perdi minha mãe e tive muitos desafios na minha trajetória. Mas a vida é uma roda gigante. Precisamos de energia para subir. Passamos por uma pandemia. Enfrentá-la já foi corajoso. Então, nunca percam a força de vontade. Confiem em Deus e em vocês. Nossa mente tem poder, é necessário acreditar e pensar no progresso.”

FORÇA PARA ELAS

Histórias que inspiram, como a da Nanda, e palestras de conhecimento guiaram o percurso das empreendedoras durante o programa Força para Elas. “Quando escuto ‘Força para Elas’, para mim já é uma inspiração grandiosa, porque, quando estamos unidas, conseguimos chegar onde quisermos. Podemos ser empreendedoras fortes, capazes, que sabem o que querem, que vão atrás daquilo que procuram, que impulsionam os negócios, que oferecem empregos e que movem a economia. Espero que a edição de 2025 tenha feito diferença na vida das empreendedoras. Que tenha oferecido a elas aquilo que procuram, o entendimento de que são capazes. Que, com tudo o que aprendemos este ano, estejamos prontas para reconhecer que 2026 está chegando e que o Força para Elas estará à sua espera para mais uma fase”, afirmou a gerente executiva da Credioeste e coordenadora do programa, Márcia Biffi.

APRENDIZADO

A empreendedora Suzana Sá Rocha e participante do programa Força para Elas ressaltou que é admirável olhar para outras histórias e para a posição das empresárias no mundo dos negócios. “O programa me fez enxergar o valor do meu trabalho e a importância da minha empresa para a sociedade. Aprendi sobre como lidar com situações cotidianas, ofertar uma boa experiência ao meu cliente e trabalhar com divulgação. Também dialogamos sobre imagem pessoal, postura, direcionamento e finanças. Tenho usado todas as técnicas para aprimorar meu negócio“, explanou Suzana.

Suzana também é proprietária de um salão de beleza e iniciou na atividade para complementar a renda e pela paixão pelo autocuidado. “Sempre fui muito vaidosa com os meus cabelos e unhas. Estudei, observei outras manicures, fiz cursos na área e trabalhei meio período em salões. Tenho 20 anos de atuação somente na atividade de unhas. Hoje também sou trancista, nesse caso é um amor antigo com a minha ancestralidade. Então, me capacitei. Logo após a pandemia, decidi que manteria essa atividade à minha principal renda. Gostaria de ter um espaço referência de tranças, que oferecesse desde cursos a matéria-prima, quem sabe trabalhar com lace e wigs, que são estilos de perucas, além de atender um público LGBTQIAPN+, inspirar mulheres a se desafiarem a mudar e a confiar mais no seu próprio poder”, salientou ao afirmar que força também é a alma da sua trajetória. “É resistir, é acreditar que sou capaz de mais, é o movimento que impulsiona”, complementou.

Fonte: MB Comunicação Empresarial

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