Privar o país e Mato Grosso de investimento logístico que traz benefícios econômicos e sociais, criando barreiras ambientais e de interesses próprios, é crime contra o desenvolvimento e contra a sociedade, diz o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore
Por isso precisamos de projetos cruciais para o estado, como a Ferrogrão, que, além de ser uma integradora de modais, também será a grande balizadora do frete das commodities do estado.
Porém, esse sonho, além de distante, está começando a virar pesadelo, principalmente por causa de interesses econômicos que, na maioria das vezes usam de apelos ambientais, para barrar o projeto. Atualmente, o andamento dos procedimentos para a concessão da ferrovia está suspenso por decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Todo o imbróglio jurídico gira em torno da desafetação de porção mínima do Parque Nacional do Jamanxim, no estado do Pará, para efetivação do projeto. Vale destacar que a extensão total do parque é de 859.797,04 hectares, e que o total da área a ser desafetada seria de apenas 860 hectares. Ou seja, 0,001% da área total.
A Ferrogrão, que já foi apelidada de “a ferrovia que o Brasil precisa”, é um projeto balanceador da matriz de transporte brasileira. Hoje, o modal rodoviário de transporte é privilegiado em detrimento daqueles energeticamente mais eficientes, como o ferroviário e hidroviário. Isso gera um desperdício para o Brasil, que corresponde a 5% do PIB nacional. Nesse sentido, o projeto da Ferrogrão, ferrovia de 933 km que ligará o município de Sinop (MT) ao distrito de Miritituba, no município de Itaituba (PA), localizado às margens do Rio Tapajós, na bacia hidrográfica do Rio Amazonas, irá incrementar, de forma estruturada e sustentável, a competitividade e confiabilidade da produção agrícola de Mato Grosso e do Centro-Oeste. Isto porque o término do asfaltamento da BR-163, ligando também os de municípios Sinop e Itaituba, proporcionou uma verdadeira inversão do escoamento do grão mato-grossense pelos portos do Arco Norte, o que por si só já gerou uma competição saudável no valor do frete rodoviário.
Além de ser extremamente eficiente, já que integra os modais rodoviários e hidroviários dos portos do Arco Norte à uma logística marítima mais facilitada de exportação, a Ferrogrão também se mostra altamente sustentável, já que a sua conclusão, além de reduzir a emissão de mais de 1 milhão de toneladas de CO2 por ano e ordenar o uso e ocupação do solo, também terá o seu traçado praticamente todo paralelo ao traçado da BR-163, causando baixíssimo impacto de remoção de vegetação. É uma via que vai permitir o escoamento dos grãos de Mato Grosso, mas beneficia ainda a vinda de fertilizantes e combustíveis a um custo mais baixo para o consumidor.
Por esses motivos, acreditamos que todo frete de escoamento de grãos do estado de Mato Grosso será balizado por essa ferrovia, barateando o custo de produção, e consequentemente, o custo dos alimentos na mesa da população, como carnes, ovos, leite, feijão, etc.
O Brasil ainda é um país em desenvolvimento, que tem muitas pessoas na linha da extrema pobreza, passando por insegurança alimentar. Privar o país e o estado de Mato Grosso de um investimento logístico que traz benefícios econômicos e sociais, criando barreiras ambientais e de interesses próprios, é um crime contra o desenvolvimento e contra a sociedade.
A Ferrogrão, juntamente com a Ferrovia de Integração Centro Oeste (Fico) e a extensão da Ferronorte, saindo do município de Rondonópolis até o município de Lucas do Rio Verde, com uma extensão até a capital Cuiabá, são projetos que verdadeiramente trarão a liberdade para o produtor mato-grossense de grãos, diminuindo o custo de produção dos alimentos. Nesse sentido, apoiamos todas as diretrizes traçadas até o momento pelo Ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, em relação aos três projetos, seja pela licitação da concessão da Ferrogrão ainda este ano, seja pela aprovação do projeto de lei do Senado nº 261/2018, seja pelo início das obras da Fico.
Fonte: canal rural