Fazendas de leite mais eficientes aumentaram produtividade 2,3 vezes mais rápido que a média nos últimos três anos
Produção por animal já é 26% maior nas fazendas mais produtivas, segundo o IILB
Nos últimos três anos, os produtores brasileiros de leite que estão no topo da eficiência produtiva aumentaram sua produtividade 2,3 vezes mais rápido que a média das fazendas profissionais em termos de leite por vaca por dia. É o que aponta a 10ª edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB), divulgada hoje (24/06). Com base nos dados de 1.144 propriedades que utilizam sistema de gestão, o IILB indica que enquanto a produção diária por animal das fazendas posicionadas entre as 10% mais produtivas aumentou 11,1% desde 2018, nas demais fazendas analisadas cresceu em média 4,9% no mesmo período.
Nos 12 meses entre abril de 2020 e março de 2021, a produção dos 10% melhores do IILB-10 alcançou a média de 29,81 kg de leite por animal por dia, contra 26,84 kg de leite por animal por dia dos 10% melhores de 2018. Por sua vez, a média de produção de todas as fazendas avaliadas no IILB-10 foi de 23,73 kg de leite por animal por dia, contra a média 22,62 kg de leite por vaca por dia do total das propriedades avaliadas em 2018.
Em uma comparação direta, as fazendas mais eficientes do IILB-10 registraram nos últimos 12 meses (entre abril de 2020 e março de 2021) produtividade 26% maior por animal frente à média de produção registrada no mesmo período pelas demais propriedades que compõem os dados desta edição do IILB.
Segundo Heloise Duarte, diretora de operações da Ideagri e editora do IILB, vários fatores influenciam essa diferença. “O melhoramento genético do rebanho, a gestão cada vez mais profissional, o investimento em tecnologia e o cuidado no manejo, tudo contribuiu para esse crescimento”, diz Heloise Duarte. “Os dados do IILB nos levam a um pensamento otimista: há um caminho de grande melhoria para a produção leiteira ‘dentro da porteira’, que são fatores que podem ser administrados pelo produtor”, comenta a diretora da Ideagri.
Espaço para crescimento: o índice “Brasil” é de 4,45 em uma escala de 0 a 10
Por causa do aumento geral de produtividade entre as fazendas avaliadas, a base de cálculo do IILB foi modificada. “Subimos a barra para reconhecer e premiar o avanço das mais fazendas produtivas”, explica Heloise Duarte. “Conquistar notas mais altas ficou um pouco mais difícil, mas isso reflete a melhoria do universo leiteiro nacional, que está cada vez mais competitivo”, diz Heloise Duarte. “Revisões de critérios como essa são comuns, como no caso do índice PTA de habilidade de transmissão preditiva aplicado na genética bovina”, exemplifica ela. “A cada edição do IILB, aumentam o volume de fazendas avaliadas, o aprimoramento gerencial e a evolução dos rebanhos e, por isso, a cada três anos reavaliaremos os índices de qualificação”, afirma a diretora da Ideagri.
Publicado desde março de 2019, o IILB é um documento único no Brasil em termos de indicadores da indústria do leite. Ele oferece, por exemplo, um “índice” que é uma nota única, resultado da avaliação combinada dos 12 indicadores essenciais da atividade leiteira que compõem as tabelas analíticas do IILB. No IILB-10, por exemplo, a nota média Brasil foi de 4,45 (em uma escala de 0 a 10). “Como vemos, o espaço para a melhoria é gigante”, afirma Heloise Duarte. “Há muitas fazendas com notas acima de 8, entre elas pequenas e médias propriedades, o que mostra que a boa gestão está ao alcance de muita gente”, diz ela.
Além do índice geral “Brasil”, o IILB oferece índices específicos para cada uma das regiões do país, o que permite aos produtores saberem se estão abaixo ou acima da média entre fazendas similares a sua em sua própria região geográfica. O IILB ainda apresenta os 12 indicadores divididos em três perfis de raça, o que aproxima os resultados das análises ainda mais da realidade dos produtores. “Eles podem verificar se estão próximos ou distantes do universo das fazendas similares às deles, o que é um benchmarking e um estímulo poderoso para o aprimoramento”, comenta Heloise Duarte.
Fonte: Marcelo Moreira