O farelo de amendoim, resíduo sólido obtido após a extração do óleo de amendoim, vem anualmente ganhando mercado e se consagrando como principal alternativa para a complementação de nutrição de ruminantes, tanto no aspecto econômico, como no qualitativo, apresentando resultados consistentes e conquistando espaço também no segmento de aves, suínos e peixes.
Seu menor custo em relação ao farelo de soja, aliado a boa qualidade nutricional, tem chamado a atenção dos criadores de gado no Brasil. Normalmente, o preço do farelo de amendoim é de 10% a 25% menor que o farelo de soja, podendo variar conforme as características de mercado.
De acordo com Rodrigo Chitarelli, CEO da CRAS Brasil, maior produtora brasileira de óleo de amendoim e que também comercializa o farelo no mercado interno, o alto teor proteico e de energia é excelente para quem precisa engordar o rebanho. “Além da questão técnica, o aumento da originação de amendoim nos últimos anos e a chegada de novas indústrias, como a CRAS Agro, fez do farelo de amendoim um produto disponível durante o ano inteiro e de forma abundante. Esta previsibilidade e o fato do preço por tonelada ser mais vantajoso do que a soja e o milho estão atraindo os consumidores pecuaristas, que perceberem que é possível manter a mesma qualidade e melhorar consideravelmente os custos nutricionais na alimentação do seu plantel”, completa.
Este movimento é visível nos números da empresa. Em 2022, a CRAS Agro vendeu mais de 42,7 mil toneladas de farelo de amendoim para mais de 100 empresas de confinamento de gado para corte e leite no mercado brasileiro. O volume foi 15% maior na comparação com as 37,1 mil toneladas do ano anterior e 70% em relação ao registrado em 2018, ano em que comercializou 25 mil toneladas.
Desempenho nutricional
Mas engana-se quem pensa que por ter um custo menor ele não tenha um bom desempenho. O farelo de amendoim tem valor nutricional superior ao do farelo de algodão e bastante semelhante e até superior ao do farelo de soja, sendo muito útil para compor uma dieta equilibrada dos animais. Além do alto teor de proteínas, ele contém quantidades significativas de minerais, como cálcio, fósforo e potássio, bem como vitaminas do complexo B, que são importantes para a saúde animal.
O alto teor de proteína bruta (degradável no rúmen – PDR=82%) do farelo de amendoim disponibiliza quase que de forma instantânea as proteínas para as bactérias que atuam na fermentação ruminal do alimento, o que acaba sendo uma excelente vantagem nutricional. Mas vale ressaltar que as dietas devem trazer uma proporção adequada entre farelo de amendoim e carboidratos, para melhorar a fermentação ruminal de forma a gerar proporções altas de ácidos graxos voláteis e proteína microbiana.
Outro ponto a ser observado pelo pecuarista para garantir um resultado positivo, é verificar se o farelo de amendoim utilizado na alimentação animal é de boa qualidade e livre de contaminantes que possam prejudicar a saúde dos animais. “No nosso caso, o processo de esmagamento do amendoim é todo mecanizado, sem uso de qualquer substância, o que elimina completamente este risco”, comenta Chitarelli.
O controle das micotoxinas é outro assunto essencial, sendo que o fabricante precisa assegurar que o farelo de amendoim passou por processos adequados de secagem e armazenamento, além de controles internos que garantam a qualidade do produto final.
No caso das vacas leiteiras confinadas, o farelo de amendoim pode substituir parcial ou totalmente o farelo de soja na dieta, principalmente se considerar animais com produção média de 28 kg de leite/dia. Ele também ajuda elevar o teor de gordura do leite, uma vez que aumenta os teores de fibra e reduz o de amido das dietas ricas em grãos de cereais.
Fonte: Paulo Mathias Neto (GWA)