O Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, exibiu mais um capítulo da série “Pós em Ação!” em suas redes sociais. Desta vez, foi apresentado o trabalho de pesquisa de Daiane Mompean Romera, mestra em Aquicultura e Pesca, formada pelo IP. Daiane desenvolveu um estudo intitulado “Perifíton como Alimento Natural e Biofiltro em Sistemas de Recirculação Aquícola (RAS) e Aquaponia Desacoplada com Cultivo de Tilápia e Alface”.
Os sistemas de recirculação (RAS) são utilizados na criação de peixes porque contribuem para a economia de água e o aumento da produção. Quando esse sistema é combinado com o cultivo de hortaliças em hidroponia — um método de cultivo sem solo — surge a aquaponia. Nela, as plantas são irrigadas com a água proveniente do tanque dos peixes, aproveitando os nutrientes presentes nos efluentes do sistema.
Uma variação desse sistema é a aquaponia desacoplada, na qual o tanque de peixes e as plantas estão conectados em um fluxo único de água. Esse modelo possibilita a manutenção ideal dos parâmetros de qualidade da água para ambos.
Para manter a qualidade da água nesses sistemas, utilizam-se biofiltros, que removem substâncias tóxicas, como compostos nitrogenados. No entanto, esses filtros podem ter um custo alto. Uma alternativa é o uso do perifíton, um conjunto de microrganismos que cresce em superfícies submersas, como pedras, plantas e madeiras, entre outras. Além de auxiliar na filtragem, ele também serve como alimento para peixes, como a tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus).
O estudo buscou testar uma nova alternativa para os filtros biológicos usados em sistemas de recirculação de água (RAS), substituindo-os por superfícies onde o perifíton — um conjunto de microrganismos e algas — pudesse crescer. O objetivo foi avaliar como essa mudança afeta o crescimento da tilápia-do-nilo e a disponibilidade de nutrientes para hortaliças cultivadas em aquaponia.
Foram avaliados dois grupos de tilápias: um criado em um sistema tradicional, que utiliza mídias comerciais para filtrar a água, e outro em que a filtragem ocorre dentro do próprio tanque dos peixes, por meio de substratos para o crescimento do perifíton. Além de ajudar na filtragem, esse perifíton também se tornou uma fonte extra de alimento para os peixes. No estudo, também foram analisadas cinco cultivares de alface (Lactuca sativa) cultivadas em aquaponia para verificar como os nutrientes da água influenciam seu crescimento.
De acordo com Mompean, “O perifíton promoveu a ciclagem de nutrientes nos tanques de cultivo, assim como foi parte complementar na dieta de tilápias-do-nilo, favorecendo melhor desempenho zootécnico no tratamento com sua presença. Além disso, a inserção do perifíton dentro do sistema de cultivo possibilitou maior aproveitamento dos nutrientes, com menor descarte de resíduos sólidos. As plantas do tratamento com a presença do perifíton tiveram melhores resultados de crescimento, absorção de micronutrientes. Podemos concluir que o uso de perifíton em RAS e aquaponia melhora o desempenho de peixes e plantas”, explica.
Por Andressa Claudino
Instituto de Pesca
O Instituto de Pesca é uma instituição de pesquisa científica e tecnológica, vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que tem a missão de promover soluções científicas, tecnológicas e inovadora para o desenvolvimento sustentável da cadeia de valor da Pesca e da Aquicultura.
Fonte: Guilherme Araujo dos Santos