Estratégias sustentáveis em pastagens geram mais arroba por hectare

A recuperação de pastagens degradadas é essencial para a sustentabilidade do setor agropecuário e traz retornos econômicos significativos aos pecuaristas. Pesquisas apontam que a intensificação da produção de bovinos nessas áreas aumenta a produtividade, melhoram o sequestro de carbono e diminuem as emissões de gases de efeito estufa. É o que mostra o projeto Pasto Forte, desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e patrocínio do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac).

A iniciativa visa aumentar a produtividade da pecuária de corte sem a necessidade de abrir novas áreas de pastagem, e assim, proporcionar o aumento da produção animal e dos ganhos econômicos para os pecuaristas. Voltada para a eficiência e o cuidado com o ecossistema, as pesquisas focam em pastagens com diferentes níveis de degradação e nos diferentes biomas do estado de Mato Grosso, com ênfase também no sequestro de carbono no solo.

De acordo com o responsável pelo projeto, o zootecnista Thiago Trento, pesquisador de Pecuária de Corte da Fundação MT, as pesquisas foram conduzidas em três fazendas de pecuária de corte mato-grossenses, nos municípios de Rondonópolis, Cáceres e Paranatinga. A meta é gerar recomendações de investimentos que garantam a sustentabilidade de sistemas produtivos em pecuária de corte em três biomas diferentes: o Cerrado, o Pantanal e o Amazônico.

“Os resultados parciais do projeto já demonstram um aumento significativo na produtividade da pecuária de corte. Nas áreas onde as recomendações técnicas foram implementadas, observou-se um aumento no peso dos animais, na taxa de lotação do pasto, na quantidade de arrobas produzidas e no lucro para o produtor”, ressaltou o pesquisador.

A Fazenda Monte Alegre, em Rondonópolis, é uma das propriedades que receberam o projeto Pasto Forte. Para o produtor Ricardo Lima Carvalho, a prática na fazenda trouxe mais rentabilidade do que o esperado.

“O projeto na fazenda trouxe uma experiência muito favorável. Demonstrou que podemos aumentar a produtividade na área com o custo dentro do padrão, o que é muito significativo financeiramente. O que mais me impactou foi o sequestro de carbono produzido na propriedade, isso mostra que a pecuária é uma atividade extremamente sustentável que traz benefícios para o meio ambiente e para a sociedade”, afirmou.

Sequestro de carbono

Em Cáceres, o estoque de carbono nas áreas que receberam investimentos apresentou uma média inicial de 74,77 ton/ha, elevando-se para 101,33 ton/ha na profundidade de 0 a 40 cm em 17 meses, resultando em um ganho de 26,56 ton/ha de carbono estocado. Nas áreas sem investimentos, o estoque inicial foi de 63,10 ton/ha, aumentando para 71,68 ton/ha, ou seja, um ganho de 8,58 ton/ha. Além do estoque de carbono, os pastos que receberam os investimentos permitiram produzir, em média 41,2 arrobas/ha/ano, comparado com 31,9 arrobas/ha/ano dos pastos sem investimento com animais de engorda.

No bioma Cerrado, em Rondonópolis, o investimento no pasto proporcionou um aumento de 24,98% no estoque de carbono no solo na profundidade de 0 a 40 cm em 17 meses, com média inicial de 100,05 ton/ha elevando-se para 125,04 ton/ha de carbono estocado. Porém, nos pastos sem investimento o ganho no estoque de carbono foi de 12,14%, ou seja, média inicial de 97,85 ton/ha aumentando para 109,73 ton/ha de carbono estocado no solo. Importante enfatizar que, houve maior produção de arrobas/ha/ano, com pastos adubados produzindo em média 33,4 arrobas contra 28,8 arrobas nos pastos sem investimentos com animais de engorda.

Em Paranatinga, nas áreas investidas, a média inicial de carbono estocado foi de 60,65 ton/ha, elevando-se para 78,45 ton/ha, resultando em um ganho de 17,8 ton/ha de carbono estocado (aumento de 29,35%) na profundidade de 0 a 40 cm em 17 meses. De modo semelhante, as áreas sem investimento também apresentaram retenção de carbono média de 10,96%, com teores iniciais de 58,92 ton/ha passando para 65,38 ton/ha, um ganho de 6,46 ton/ha. Além dos ganhos ambientais, nas áreas adubadas permitiu produzir 15,07 arrobas (@)/ha/ano, em comparação com 13,1 @/ha/ano dos pastos sem investimento, resultando em um ganho de 2,0 @/ha/ano com novilhas.

De maneira geral, os resultados mostram que em áreas sem investimentos, mas bem manejadas, é possível estocar carbono, embora esse carbono estocado possa ser melhor estocado quando realizamos investimentos em adubação de maneira eficiente.

O pesquisador Thiago Trento explica que uma análise econômica detalhada foi conduzida para avaliar a viabilidade econômica dos diferentes níveis de investimento em adubação, considerando períodos de águas e seca, com resultados positivos em todas as fazendas e níveis de degradação testados.

“O Projeto Pasto Forte destacou-se por integrar práticas agrícolas avançadas com objetivos ambientais, promovendo uma pecuária mais sustentável e eficiente na região. A colaboração entre pesquisa científica e participação ativa dos pecuaristas contribuiu significativamente para o desenvolvimento de estratégias práticas e replicáveis de manejo de pastagens com diferentes níveis de degradação, com potencial de impacto positivo tanto econômico quanto ambiental”, pontuou.

Consultoria técnica

A consultoria técnica na pecuária é de extrema importância para auxiliar os produtores rurais a adotarem as melhores práticas de manejo, nutrição e sanidade animal. Pesquisadores da Fundação MT oferecem orientações personalizadas, contribuindo para o aumento da produtividade, na qualidade dos produtos, além de auxiliar na redução de custos e no uso mais eficiente dos recursos disponíveis na propriedade.

“O pecuarista pode contar a Fundação MT para auxiliar na coleta do solo, interpretação dos resultados e no desenvolvimento de uma estratégia específica de correção e adubação para a propriedade. Estamos aqui para apoiar em cada passo do processo”, garantiu o pesquisador Thiago Trento.

Fonte: Crop AgroComunicação