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Esperar o “milagre dos juros baixos” pode não ser a melhor opção aos produtores

*Por Rui Almeida

As próximas semanas são de muita apreensão e expectativa para o agronegócio nacional. Muitos produtores estão ansiosos para a Agrishow, que este ano acontece de 1 a 5 de maio, em Ribeirão Preto-SP. O primeiro motivo é porque a feira, que na última edição movimentou R$ 11,2 bilhões em negócios, é a principal vitrine para as novas tecnologias e tendências do setor. Além disso, é durante o evento que tradicionalmente o governo também anuncia o Plano Safra do ciclo seguinte.

Diante da espera desse anúncio, geralmente neste período do ano (de abril a maio), a classe produtora desacelera a compra de máquinas e equipamentos com a esperança de melhores condições comerciais e juros menores. A grande questão é que nos últimos anos esperar pelo novo Plano Safra não tem sido uma boa opção. É importante também pontuar a atual relação conflituosa entre o governo e o Banco Central que tem protagonizado um embate em relação à taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Ou seja, mesmo que eventualmente ocorra o milagre dos juros abaixo da casa dos dois dígitos, esse dinheiro não chegará tão fácil nas mãos deles, devido às questões da burocracia no acesso ao crédito.

Além disso, há outro detalhe a salientar. Mesmo com o anúncio no próximo mês do novo Plano Safra, ele só entra em vigor em 1° de julho. Mas, na prática, como leva uns dias para os bancos se ajustarem, esse crédito, no final das contas, só estará disponível aos produtores em meados de agosto. Ou seja, é muito importante que o agricultor avalie se vale apenas esperar de abril até agosto para tentar esse recurso (que não é garantido e está cada vez mais criterioso e escasso).

Situações e soluções

Obviamente que há duas situações distintas. A primeira, é o produtor que deseja trocar, por exemplo, sua colheitadeira, mas por conta da escassez de crédito ou juros altos ele pode esperar um pouco mais e seguir utilizando o equipamento antigo, que ainda pode suprir sua necessidade na próxima safra sem prejuízos. Por outro lado, há aquele agricultor que necessita adquirir um pivô, que além de gerar muita vantagem como ganho de produtividade com a irrigação, ele terá a segurança contra um eventual estresse hídrico na lavoura devido à falta de água. Nessa situação, contratar o crédito vai garantir o retorno que certamente será muito maior do que o risco.

A boa notícia é que se por um lado o mercado fica travado neste período do ano, por outro, pode ser uma oportunidade para a classe produtora que necessita adquirir um equipamento de imediato, afinal, é um período também muito ruim para revendas e concessionárias. Muitas delas, inclusive, estão com os pátios cheios e já observamos a tendência de promoções pré-Agrishow, com descontos ou prazos maiores para pagamento.

Diante de todas as nuances desse cenário, para o produtor rural que necessita de um equipamento a dica é: agora é a hora de fazer bons negócios. Para as concessionárias, nossa recomendação é que aproveitem o momento para vender utilizando ferramentas financeiras inovadoras de crédito, ou seja, alternativas diferentes do mercado comum, de bancos públicos de montadoras, por exemplo.  Afinal, no momento o produtor precisa de soluções confiáveis, ágeis e seguras sem burocracia que facilitem a compra tanto de máquinas e implementos agrícolas, quanto de sistemas de irrigação, armazenagem e energia solar fotovoltaica.

* Diretor comercial da fintech agrícola Agropermuta

Fonte:  Kassiana Bonissoni

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