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Equipe quantifica pegada de carbono do amendoim paulista rotacionado com pastagem

A Embrapa Meio Ambiente, em parceria com o setor produtivo paulista, com a Embrapa Algodão e com a Apta Polo Regional Centro Norte, quantificou a pegada de carbono do amendoim rotacionado com pastagem, no estado de São Paulo, com resultados bastante competitivos em relação aos internacionais. Esta é mais uma inciativa, que se soma à grande empreitada da Embrapa Meio Ambiente, de quantificar a pegada de carbono de produtos da agricultura brasileira, como soja, milho, cana-de-açúcar e café.

Os consumidores de amendoim, que até pouco tempo se preocupavam principalmente com a segurança deste alimento passaram, recentemente, a se interessar também pelos impactos da sua produção sobre o meio ambiente e as mudanças climáticas. Neste sentido, foi apresentado no VII Congresso Brasileiro sobre Gestão do Ciclo de Vida um resultado parcial de uma pesquisa para determinar o perfil ambiental e a pegada de carbono do amendoim paulista, que concentra mais de 90% da produção nacional, segundo dados da Conab.

São Paulo também abarca uma diversidade de sistemas para a produção do amendoim, que representam a forma de se produzir em campo. O amendoim em reforma de cana-de-açúcar é o sistema mais comum, representando 85% da produção paulista, seguido do sistema em reforma/rotação com pastagem (12%) e sistema com grãos (3%).

O amendoim rotacionado com pastagem é mais encontrado na região da Alta Paulista e compreende dois ciclos de produção no verão, seguidos do cultivo da pastagem. O resultado da pegada de carbono foi de 655 kg de CO2eq – equivalência em dióxido de carbono, para cada 1000 kg de amendoim em vagem colhido, quantificado pela metodologia de ACV – Avaliação do Ciclo de Vida.

Segundo a pesquisadora Nilza Patrícia Ramos, da Embrapa Meio Ambiente, este valor é 59% inferior ao da média mundial e 79% inferior ao da Argentina, considerando o Ecoinvent, que é um bancos de dados de ACV internacional muito conceituado. É também 28% inferior à pegada do amendoim dos Estados Unidos, estimada segundo a base WFLDB (World Food LCA Database).

A metodologia de ACV foi selecionada por contabilizar os impactos ambientais potenciais desde o berço até portão da fazenda (produto colhido), explica a pesquisadora Marília Folegatti, também da Embrapa Meio Ambiente, e mostrou que 80 kg de CO2eq para cada 1000 kg de amendoim em vagem colhido vêm dos processos à montante (ou de background – processos da fase industrial da produção dos insumos agrícolas e anteriores); 162 kg de CO2eq vêm da etapa de produção em campo, propriamente; e 413 kg de CO2eq vêm das emissões decorrentes de mudanças no uso da terra (MUT), que consideram a dinâmica do uso da terra no estado nos últimos 20 anos.

Marília ainda destaca que essa importância das emissões de MUT ocorre pelo fato de o Brasil ser um país com fronteira agrícola ainda em expansão, em relação a outros países, e que isso afeta outras culturas agrícolas, não apenas o amendoim.

As informações usadas no estudo correspondem a dados primários, levantamentos com especialistas e consultas à literatura técnico-científica. Conforme Anna Letícia Pighinelli, analista da Embrapa Meio Ambiente, o uso de dados primários, validados por especialistas e confrontados com a literatura, garante maior representatividade ao estudo.

Ela também cita como inovação a consideração da cultura em sistema de produção, com compartilhamento de impactos relativos ao consumo de insumos e operações agrícolas, que são aproveitadas por todas as culturas que estão no sistema, como o preparo do solo e a aplicação de corretivos.

No caso do amendoim em sistema com pastagem, este compartilhamento resultou na redução de 14,8% das emissões de carbono para o amendoim. Isto significa dizer que se o amendoim fosse cultivado em sistema solteiro, usando as mesmas práticas deste estudo, a sua pegada de carbono poderia ser de 769 kg de CO2eq para cada 1000 kg de amendoim em vagem.

Este resultado, juntamente com a pegada de carbono do amendoim cultivado em sistema de reforma com cana-de-açúcar, representarão a pegada de carbono do amendoim típico, produzido no estado de São Paulo. A equipe do trabalho espera, num futuro próximo, depositar estes resultados em bases de dados de ACV conceituadas, permitindo ao setor produtivo do amendoim, e também aos seus consumidores, usufruir de valores representativos e competitivos de pegada de carbono para seus produtos.

Os autores do estudo são Nilza Patrícia Ramos, Anna Letícia Pighinelli (Embrapa Meio Ambiente), Dartanhã Soares (Embrapa Algodão), Vinícius Gonçalves Maciel Bolsista de inovação, Marcos Doniseti Michelott (Apta Regional Centro Norte) e Marília Folegatti  (Embrapa Meio Ambiente).

Fonte: Embrapa Meio Ambiente

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