Entendendo a Amazônia: manejo sustentável é chave para o futuro da floresta, diz brasileiro que participou de estudos premiados com o Nobel da Paz
O manejo sustentável é chave para o futuro da floresta amazônica, destacou Niro Higuchi – doutor pela Universidade Estadual de Michigan (EUA) – durante a conferência Entendendo a Amazônia, promovida pela Agri-rex. Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Higuchi recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2007, com cientistas que trabalham em estudos sobre o clima na Organização das Nações Unidas (ONU). A apresentação está disponível gratuitamente no site www.entendendoaamazonia.
“O manejo florestal sustentável não é uma coisa que a pesquisa quer ou que as associações querem – é uma atividade legal na Amazônia. A lei, que é o Código Florestal, tem o manejo florestal sustentável como uma atividade. E o conceito de manejo florestal sustentável é a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo”, destacou. A atual versão do código está na lei federal 12.651/2012, sancionada pela então presidente, Dilma Rousseff.
“Os princípios gerais do manejo florestal são a conservação dos recursos naturais e da estrutura da floresta e suas funções, a manutenção da diversidade biológica e o desenvolvimento socioeconômico da região”, disse Higuchi. “Sem manejo florestal sustentável, não haverá uma floresta desempenhando a função de floresta. E podemos dar adeus à biodiversidade”, alertou o pesquisado durante palestra. No total, o evento teve 30 apresentações obre diversos temas relacionados ao bioma.
De acordo com o engenheiro florestal formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1975, entre todos os papéis e as funções da floresta amazônica a principal delas é a proteção de todas as outras formas de vida, inclusive a nossa. “A floresta que temos hoje serve de abrigo para a biodiversidade, grande riqueza do nosso país. Assim, a última coisa que podemos fazer é derrubar e queimar a floresta, porque com essas ações estamos destruindo a biodiversidade e o futuro das próximas gerações”, salientou.
O desmatamento é grande problema para o cientista: a idade média das árvores derrubadas para exploração de madeira gira em torno de 490 anos – uma delas, a mais velha, tinha 1.400 anos. “Já desmatamos, na Amazônia, 82 milhões de hectares. E o desmatamento e as queimadas na Amazônia têm sido inúteis: não geram riqueza, poluem o ambiente e ameaçam nossa biodiversidade. Quando você relaciona a produção de madeira com o desmatamento, temos uma correlação praticamente perfeita de que quem mais produz, mais desmata também.”
Para Niro Higuchi, o Brasil deve investir no manejo florestal sustentável para manter a Amazônia e poder utilizá-la como recurso econômico, sem destruí-la. O estudioso é mestre pela UFPR e pós-doutorado Universidade de Oxford (Inglaterra), além de ser membro titular da Academia Nacional de Engenharia (ANE) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Já foi agraciado com os prêmios Vida e Obra, da Fundação Bunge, em 2010, e com o JICA President Award – promovido pela Agência de Cooperação Internacional do Japão –, em 2011.
Fonte: Rafael Iglesias