Para um programa de saúde eficaz na piscicultura, as vacinas são importantes aliadas, resultando no desenvolvimento de imunidade ativa a um determinado patógeno ou grupo de patógenos. Além de prevenir enfermidades virais e bacterianas, a vacinação de peixes funciona como uma alternativa ao uso de antimicrobianos. E na escolha da melhor solução, a médica-veterinária e coordenadora técnica da unidade de Aquicultura da MSD Saúde Animal, Talita Morgenstern, orienta sobre os benefícios das vacinas comerciais licenciadas, que são aquelas aprovadas para uso pela autoridade reguladora competente do país e que são desenvolvidas e testadas através de estudos científicos rigorosos.
Uma vacina é composta por dois componentes: o antígeno e o adjuvante. O componente de antígeno de uma vacina é o patógeno real ou componente patogênico ao qual o sistema imunológico do animal vacinado responderá e que resulta em imunidade ativa a esse patógeno. Já o componente adjuvante é a porção líquida da vacina que suspende o antígeno em solução e possibilita a injeção. “É o veículo de entrega do antígeno, mas que vai além, sendo determinante na taxa de início da imunidade e na sua duração pós-vacinação”, explica Talita.
Quando uma vacina comercial está sendo desenvolvida para aprovação, o componente antigênico e o adjuvante são testados e avaliados extensivamente, comprovando cientificamente os seguintes aspectos: a otimização da expressão antigênica, o processamento de manipulação de antígenos, a potência do antígeno, o equilíbrio do antígeno e a interação do antígeno com potenciais adjuvantes. “Elas devem demonstrar excelente eficácia com estudos de desafio em animais contra todos os patógenos no rótulo, assim como devem demonstrar que a quantidade aprovada de antígeno está presente em todos os lotes do imunizante. Ainda, precisam demonstrar que não existem contaminantes, outros agentes patogênicos potenciais ou organismos vivos não intencionais presentes no lote da vacina antes da sua venda.”
A médica-veterinária explica também que existem critérios da composição das vacinas que asseguram sua eficácia para a saúde e o bem-estar dos animais. Como os parâmetros físico-químicos, que tratam do risco de desconforto na aplicação, e as diferenças nas emulsões, que podem ser água/óleo (W/O) ou óleo/água (O/W), o que altera a velocidade de liberação do antígeno e o tempo da resposta imune. Isso porque as emulsões óleo em água são caracterizadas por microgotículas de óleo estabilizadas por surfactantes em uma fase aquosa contínua, e o inverso, emulsão água em óleo, caracteriza-se por microgotículas de água em uma fase oleosa.
Em vacinas oleosas, o grande segredo está na formulação e na estabilidade da emulsão água/óleo, que influencia diretamente o tempo de proteção da vacina ao garantir a liberação controlada e constante dos antígenos ao longo do tempo. Um bom adjuvante oleoso permite que os antígenos sejam liberados de maneira gradual e equilibrada, garantindo uma resposta imune duradoura e eficaz.
Vacinação contra Streptococcus: estudo detalha diferenciais de qualidade
A estreptococose em peixes é uma das principais doenças infecciosas na aquicultura marinha e de água doce, afetando o desenvolvimento sustentável da aquicultura em todo o mundo. A relevância da doença levou à realização de um estudo, pela MSD Saúde Animal, para avaliar as diferenças nas emulsões e nos parâmetros físico-químicos das principais vacinas disponíveis no mercado brasileiro, descritas como: AQUAVAC Strep Sa-Si, “Vacina A”, “Vacina B” e “Vacina C”.
Cada qual tem sua formulação, o que influencia diretamente na eficácia e durabilidade da resposta imune. A AQUAVAC Strep Sa-Si, desenvolvida pela MSD Saúde Animal, é uma vacina bivalente inativada formulada para proteger espécies aquícolas contra duas das mais prevalentes e prejudiciais bactérias: Streptococcus agalactiae Ib e Streptococcus iniae. Em sua formulação, utiliza uma emulsão água/óleo (W/O) que proporciona uma liberação mais gradual do antígeno, resultando em uma resposta imune prolongada e mais eficaz, além de uma aplicação mais assertiva, devido a sua viscosidade ideal e baixa densidade.
Em contrapartida, as vacinas B e C apresentam uma emulsão óleo/água (O/W) que, apesar de ser mais fácil de injetar devido a sua menor viscosidade, resulta em uma resposta imune de menor duração. Já a Vacina A, apesar de apresentar alta viscosidade, tem um teor de água inferior, o que pode comprometer a estabilidade do antígeno.
Outra constatação é que os parâmetros de pH mostram que a AQUAVAC Strep Sa-Si (6,76) está próxima do pH ideal de 7,2, reduzindo o risco de desconforto para os peixes no momento da aplicação, assim como o da Vacina B, de 7,51. As demais (A e C), apresentaram pH 6,29 e 5,57, respectivamente, que, por estarem mais distantes do pH ideal, podem gerar mais estresse no animal durante a vacinação.
Dessa forma, a análise comparativa sugere que com uma emulsão W/O, que garante uma liberação contínua e eficaz dos antígenos, aliada à viscosidade e densidade ideais, a AQUAVAC Strep Sa-Si possui superioridade em termos de estabilidade, homogeneidade, facilidade de aplicação e possível longevidade da resposta imune, posicionando-se como uma excelente escolha entre as vacinas para aquicultura no mercado brasileiro.
Fonte: Thaís Campos