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Empresa do interior de SP lança alternativa 50% mais barata para crise dos fertilizantes

Produto é 100% natural, de produção nacional e chega a custar até 50% menos do que os fertilizantes tradicionais dos mercados norte-americano e russo

O aumento dos preços dos fertilizantes é um fator que ameaça a vantagem competitiva dos produtores rurais brasileiros. Problemas de logística global, além das recentes sanções à Rússia pela invasão na Ucrânia, deixam o cenário instável e preocupam o Brasil, já que o País importa mais de 85% dos fertilizantes que necessita, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). No interior de SP, a Massari Mineradora, empresa sediada em Salto de Pirapora, está lançando uma inovação em fertilizantes após 7 anos de pesquisas. Com ganho de produtividade, o produto é 100% natural, nacional e chega a custar até 50% mais barato do que os produtos norte-americanos e russos.

Com o nome de DGMS+S+Fosfakal, ou simplesmente Fosfakal, o fertilizante tem a consistência de pó e seu principal diferencial é a reconstituição do solo por meio de uma mistura de minérios extraídos de rochas, tornando o produto 100% natural e mais sustentável, já que não é necessário provocar reações químicas para a liberação dos nutrientes para as plantas, em especial o fósforo, um dos nutrientes mais limitantes no crescimento das plantas em solo brasileiro.

“Após 7 anos de pesquisas, temos segurança em disponibilizar o Fosfakal no mercado porque temos comprovação de que funciona. É um produto de grande diferencial, misturando rochas micronizadas, finamente moídas, que contribuem em conjunto com os nutrientes essenciais para as plantas”, afirma Claudio Monteiro, químico responsável pela área de Desenvolvimento e Pesquisa da Massari.

O fósforo presente na composição do Fosfakal é proveniente de rochas fosfáticas da região de Bayóvar no Peru, consideradas o melhor fosfato natural reativo do mundo. Os solos brasileiros são pobres em fósforo, o que torna ainda mais atraente ter esse nutriente com boa solubilidade. Essa matéria-prima, trazida em navios para o porto de Santos, chega a Salto de Pirapora na forma de pó, após ser submetida a um procedimento físico de moagem ultra-fina chamado micronização. Na Massari, o material é misturado a outras rochas ricas em minérios para dar origem ao Fosfakal.

Essa micronização também é um diferencial do fertilizante, pois permite que o produto seja absorvido com mais eficiência pelo solo, beneficiando tanto as culturas perenes quanto aquelas de ciclo curto, como o milho, a soja e o feijão. A granulometria fina permite neutralizar a acidez em profundidade, mesmo sem o revolvimento do solo. O resultado é o aumento da produtividade, com plantas mais saudáveis e resistentes a pragas, reduzindo – e até eliminando – a necessidade do uso de agrotóxicos.

“A cana-de-açúcar é uma cultura desafiadora. Prepara-se o solo no primeiro ano para plantar e ela vai rebrotando a cada colheita por até 7 anos. O momento que existe para aplicar os corretivos agrícolas é no plantio, pois depois não é possível movimentar o solo. Então o produtor precisa de fertilizante que chegue às raízes sem revolver todo o solo. Um produto finamente moído como o Fosfakal resolve esse problema e aumenta a produtividade por causa da reposição dos nutrientes próximos à raíz”, explica a pesquisadora científica do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Raffaella Rossetto.

O Fosfakal é ainda um fertilizante personalizável, pois a empresa fabricante é capaz de atender demandas de produtores que trabalham com culturas e solos distintos, tudo isso a um preço até 50% mais baixo do que os fertilizantes tradicionais importados. A partir de 12 matérias-primas naturais, a Massari produz até 90 formulações diferentes em seus laboratórios, conforme a necessidade do cliente, contendo todos os macro e micronutrientes em quantidades adaptadas às características da propriedade rural.

“O Fosfakal consegue corrigir a acidez e o perfil do solo mesmo sendo aplicado em superfície, pois contém o DGMS, uma mistura dos calcários dolomítico e calcítico micronizados, e a adição das rochas de Bayóvar, uma fonte do fósforo que faltava nas nossas misturas. É um produto completo, fornecendo potássio, enxofre, cálcio, magnésio e outros nutrientes”, diz Claudio Monteiro.

Com essa inovação, os produtores rurais brasileiros podem reduzir a sua dependência dos produtos importados, que ficam à mercê das variações de preços e disponibilidade de acordo com as dinâmicas globais. Além disso, contam com um desempenho superior na plantação devido aos diferenciais da micronização e do fosfato mais reativo do mundo, das rochas de Bayóvar, presentes no Fosfakal.

Anos de pesquisa

O Fosfakal é o resultado de uma pesquisa de 7 anos, conduzida pelo químico sorocabano Claudio Monteiro, responsável pela área de Desenvolvimento e Pesquisa da Massari, ao lado de Carlos Sérgio Tiritan, coordenador do curso de Agronomia da Unoeste de Presidente Prudente; Raffaella Rossetto, pesquisadora científica do Instituto Agronômico de Campinas (IAC); e Wellington Guerra, doutor e pesquisador da Unoeste.

Em 2017, a equipe de pesquisa começou os ensaios para a fabricação de um fertilizante natural de alto desempenho para a produtividade agrícola. Foram realizadas mais de 8 mil análises de solo, com acompanhamento quinzenal dos resultados. Em um ano, os estudos estavam avançados e o desafio era encontrar rochas que fornecessem fosfato de qualidade para compor uma mistura completa de nutrientes para as plantas.

Nessa busca, o departamento técnico da Massari testou diversas possibilidades e concluiu que as rochas fosfáticas ideais eram da região de Bayóvar, cuja mina é explorada por uma empresa norte-americana e uma japonesa, a Mitsui, um conglomerado industrial que tornou-se a fornecedora da Massari.

Em abril do ano passado, o primeiro carregamento dessa matéria-prima chegou ao porto de Santos. Os novos testes realizados com o material confirmaram que as rochas de Bayóvar tinham as propriedades esperadas pelos pesquisadores, com capacidade de disponibilizar 150 kg de fósforo por tonelada, além de mais 300 kg em determinado período de tempo após a aplicação no solo, característica fundamental para atender culturas perenes e de ciclo curto.

Impactos da crise de fertilizantes

A escassez de fertilizantes vai impactar no custo de produção dos alimentos e pode prejudicar a safra de 2022/23 no Brasil. Países fornecedores de matéria-prima para esses produtos, como China, Rússia e Índia, enfrentaram crises energéticas e problemas logísticos por causa da falta de contêineres e navios. Com menos defensivos e fertilizantes, os países adotaram uma prática protecionista, priorizando o fornecimento destes itens no mercado interno.

Além disso, a invasão da Ucrânia pela Rússia põe em dúvida se o fornecimento dos fertilizantes russos será mantido, frente ao endurecimento das sanções financeiras contra o país.

Os solos brasileiros são naturalmente pobres em nutrientes e precisam de fertilizantes para produzir de forma satisfatória, tornando a dependência da importação desses produtos ainda mais delicada no cenário atual. Diante disso, o produtor brasileiro já sente o impacto no bolso para obter esses produtos, devido à baixa disponibilidade, e os reflexos podem chegar também até o consumidor final.

Fonte: Adriane Souza

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