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Embrapa, Mapa e setor produtivo apontam potencial de bioinsumos em reunião do Cosag-Fiesp

Cléber Soares, secretário adjunto de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa, Marcelo Morandi, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, e os representantes da Biotrop, Antônio Carlos Zem, da Koppert do Brasil, Gustavo Herrmann e da Nutron Cargill, Celso Mello Junior participaram da reunião on-line do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp, realizada em 7 de junho. A reunião serviu para fomentar o debate do tema central sobre o uso de bioinsumos na agricultura brasileira e discutir a contribuição e impacto das inovações na produção vegetal e animal.

Na abertura, o presidente do Conselho, Jacyr Costa, agradeceu a participação de representantes de diversos setores das cadeias produtivas do agronegócio e destacou a importância de se debater sobre o uso dos bioinsumos, uma vez que representa o futuro da atividade agrícola brasileira.

Para contribuir com as discussões, Cléber Soares apresentou o primeiro tema, abordando a “Política Nacional de Bioinsumos”.

Cléber explicou que o objetivo principal da Política é impulsionar a utilização de recursos biológicos na agropecuária brasileira, aproveitando a biodiversidade do país e o potencial de inovações presentes nas instituições públicas e na indústria de insumos, como biopesticidas e biofertilizantes. Lembrou que, no Brasil, a agricultura é a base da economia e a bioeconomia será a grande alavanca para manter o país como protagonista no agronegócio global.

Ainda segundo ele, o Brasil marca uma posição muito sólida no que ele chama de terceira onda da agricultura tropical, uma agricultura suportada por insumos biológicos, que foi precedida pela revolução verde e pela atual agricultura que busca a integração dos sistemas. Lembrou que na última safra de verão, mais de 40 milhões de hectares, de diversas culturas, a maioria grãos, usaram fixadores biológicos de nitrogênio.

Esse novo paradigma, para ele, não acontece por modismo, mas um modelo de negócio, amparado pelas novas oportunidades de inovação disruptiva na agricultura mundial, principalmente quando se trata de insumos. “No Brasil temos uma oportunidade sem similar, de explorar a nossa biodiversidade, uma vez que o país detém 20% da biodiversidade do planeta e o mundo inteiro está à procura de novos ativos de base biológica”.

Em seguida, Marcelo Morandi falou sobre o “Desenvolvimento e uso de biofertilizantes e inoculantes na agricultura brasileira”. Apresentou o tamanho e distribuição do mercado global de biofertilizantes e destacou as denominadas cadeias emergentes de produtos considerados alternativos, oriundos de resíduos das cadeias agrícolas e pecuárias, urbanos e subprodutos das agroindústrias e alimentícias, ou ainda os biossólidos, oriundos dos sistemas de tratamento de efluentes e esgoto.

Segundo ele, essas cadeias são as que mais necessitam de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para que possam desenvolver as suas potencialidades para ocuparem parcela importante na nutrição de culturas no Brasil. Embora a utilização de resíduos urbanos e industriais, na agricultura, represente a forma de destinação final ambientalmente mais adequada desses materiais, os aterros sanitários ainda são a opção escolhida pela maior parte dos geradores.

Na sua apresentação, Morandi explicou que esse fato está muito relacionado com a política ambiental nacional e com a falta de incentivos fiscais e financeiros para a viabilização de alternativas de uso dos subprodutos e resíduos. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) recomenda, mas não proíbe que resíduos com potencial de reuso sejam aterrados. De acordo com Morandi, o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) pode ser um estimulador da PNRS, para estabelecimento de políticas públicas de incentivo ao uso agrícola dos subprodutos/resíduos.

“O estímulo a esse segmento é estratégico, tanto sob o ponto de vista de atendimento à demanda interna por nutrientes e diminuição da dependência por insumos importados, como sob o ponto de vista ambiental, atendendo a novas exigências de mercado ligadas à economia circular e às mudanças climáticas”.

O potencial de produção de fertilizante a partir da fração orgânica de RSU ainda está inexplorado. Menos de 2% destes resíduos são atualmente aproveitados. Para tal, ele defendeu a criação de um inventário nacional de subprodutos e resíduos com potencial de uso agronômico, aliado a investimento estratégico em PD&I em novos produtos, fertilizantes mais eficientes, bioprocessos, dentre outros.

Destacou ainda inovações tecnológicas em biofertilizantes, como a Estruvita, um mineral rico em fósforo (P) (MgNH4PO4 6H2O), resultante da recuperação das águas residuárias de lodo de esgoto e de dejetos de suínos.

Pontuou também sobre o potencial de biofertilizante baseado em biocarvão, muito estável, com propriedade associativa a fertilizantes nitrogenados e que agrega não só o potencial nutricional, mas também a capacidade de se aumentar o carbono no solo e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “Investimento em PD&I para geração de novos produtos, fertilizantes mais eficientes, que reduzam emissões de GEE, bioprocessos inovadores, produtos nanotecnológicos são o caminho para o avanço do agro com sustentabilidade”.

Outra importante inovação no setor são os inoculantes, microrganismos que possuem capacidade de promover estímulo ao crescimento e o aumento da tolerância a estresses bióticos e abióticos. Além da conhecida fixação biológica de nitrogênio, que gera economia estimada em adubos nitrogenados da ordem de US$ 9 bilhões por ano no País, novos inoculantes que promovem a solubilização de fósforo e a tolerância de plantas à escassez hídrica já são realidade.

“Um bom exemplo é um bioinsumo feito a partir de uma bactéria encontrada nas raízes do mandacaru que acabou de ser lançado, sendo capaz de hidratar as raízes e atuar na fisiologia dos vegetais, fazendo com que respondam melhor à escassez de água. O Auras é o primeiro produto comercial destinado a mitigar os efeitos causados pelo estresse hídrico em plantas registrado no Mapa”.

Nesse cenário de desafios e oportunidades, a Embrapa tem destacada contribuição, fornecendo subsídios técnicos para elaboração de propostas e de políticas públicas que beneficiam as cadeias produtivas e impactam a competitividade do agronegócio brasileiro.

Na sequência, o tema abordado foi a “Utilização de biodefensivos na agricultura”, apresentado em conjunto por Antônio Carlos Zem,  CEO da Biotrop e por Gustavo Herrmann, diretor comercial da Koppert do Brasil. Zem ressaltou que as grandes culturas, soja, milho e cana colocaram o Brasil na liderança do uso de insumos biológicos. Para ele, enquanto o setor de defensivos químicos cresce 3% a.a., o setor de insumos biológicos deve crescer algo em torno de 30%. “O insumo biológico possui 6 modos de ação e outros serão reconhecidos, eles fazem a fixação, o condicionamento do solo, o controle do alvo biológico, a mobilização de nutrientes, dentre outras ações.” Já Herrmman parabenizou o Mapa e a Embrapa pelo apoio na criação da Política Nacional de Bioinsumos e a iniciativa de se discutir o tema na reunião como ferramentas importantes para contribuir na escalada dos bioinsumos na agricultura brasileira.

Por fim, Celso Mello Junior, CEO da Nutron Cargill, abordou “Como as inovações na produção animal estão colocando o Brasil em outro patamar de profissionalismo”, enfatizando a necessidade do desenvolvimento contínuo de inovações para acompanhar todas as exigências e novas demandas dos consumidores.

Fonte: Embrapa

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