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Embrapa Algodão e Abapa: Histórias que se entrelaçam na cotonicultura baiana

Por trás dos números que colocam a Bahia como o segundo maior produtor de algodão do Brasil, há o trabalho de muitas mãos. Dentre elas, as de cientistas, em sua busca sempre inacabada pelas melhores variedades, adaptadas às condições de clima e solo do cerrado baiano. Em 2025, a Embrapa Algodão completa 50 anos de atuação, e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) valoriza o legado deste que é o braço da empresa cujo advento vem ajudando a fazer do Brasil um player estratégico, não apenas no suprimento da demanda nacional e mundial de algodão, como de alimentos, energia e diversas outras matérias-primas.

“A história do algodão na Bahia é também a da evolução da ciência agrícola, embasada na parceria e confiança mútua entre o setor produtivo e a pesquisa pública e privada. A Embrapa foi e continua sendo protagonista dessa transformação que colocou o Oeste baiano na liderança em produtividade e qualidade de fibra no país”, afirma a presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa. Segundo Alessandra, um dado muito representativo é que a Embrapa Algodão completa meio século, quase ao mesmo tempo em que a Abapa celebra os 25 anos. “Isso mostra que a Embrapa Algodão sempre esteve ao nosso lado, e está na base da trajetória da associação e da própria fibra no estado”, pontua.

Grande passo

Se hoje o desafio de produtores, pesquisadores e da indústria é garantir variedades mais produtivas, resilientes a pragas e doenças, e capazes de garantir qualidade superior à fibra baiana, no final dos anos de 1990, desenvolver materiais viáveis para a região, já era um grande passo, lembra o pesquisador Eleusio Curvelo Freire, da Embrapa. Mesmo assim, o potencial para o cultivo era evidente.

“Em 1999, quando visitamos pela primeira vez o Cerrado da Bahia, percebemos que, apesar da produtividade ainda ser baixa, havia um diferencial importante: o algodão não apodrecia, como ocorria em muitas lavouras do Mato Grosso”, rememora Freire. “Foi então que estruturamos, junto com a Fundação Bahia, um programa de melhoramento voltado às condições locais. A partir dos anos 2000, esse trabalho começou a dar frutos, com cultivares adaptadas e produtividades que hoje alcançam médias de até 420 arrobas por hectare”, diz.

O Cerrado baiano tornou-se um laboratório vivo da cotonicultura tropical. “A Bahia tem, historicamente, um papel simbólico e estratégico para a Embrapa Algodão, tanto como campo de atuação da unidade quanto por ser, atualmente, um dos principais polos de expansão e inovação da cotonicultura no Brasil”, afirma Daniel Ferreira, chefe-geral interino da Embrapa Algodão. Segundo ele, os programas de pesquisa desenvolvidos na região têm impacto direto na produtividade, qualidade da fibra e sustentabilidade do setor.

Essas inovações incluem o lançamento de cultivares transgênicas, estratégias de manejo integrado de pragas, rotação de culturas e estudos sobre os estoques de carbono no solo em diferentes condições edafoclimáticas. Hoje, em parceria com a Abapa, a Embrapa mantém pesquisas voltadas à quantificação e estabilidade do carbono no solo, um passo fundamental para a rastreabilidade e a consolidação de práticas mais sustentáveis.

Além da produção em larga escala no Cerrado, a Embrapa Algodão também atua no semiárido da Bahia, apoiando projetos de algodão agroecológico e consorciado voltados à agricultura familiar, especialmente no Território do Sisal. “O resultado é um modelo de cotonicultura que combina alta performance com inclusão produtiva, adaptado à diversidade de realidades da Bahia”, conclui.

Fonte: Catarina Guedes 

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