Com o custo médio da produção de soja em Mato Grosso estimado em R$ 4.118,61 por hectare para a safra 2025/26, segundo levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o produtor rural tem buscado soluções mais precisas para manter a rentabilidade. O uso de cultivares com resistência a doenças e estresses climáticos surge como uma alternativa eficaz para mitigar perdas e diminuir a dependência de insumos, especialmente defensivos.
Entre janeiro e dezembro de 2024, o volume de defensivos usados na cultura da soja cresceu 8,5%, de acordo com levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), em parceria com a Kynetec Brasil. A maior aplicação foi para o controle de pragas e doenças, intensificado pela pressão de insetos como lagartas e percevejos. Esse cenário reforça a importância de surgirem cultivares mais tolerantes, que ajudam a reduzir o número de aplicações necessárias e, consequentemente, o custo por hectare.
“Quando você utiliza um material menos tolerante, é ainda mais necessário reforçar o controle químico. Se o clima favorecer o aparecimento de doenças, como em condições mais quentes e úmidas, o custo com ferramentas para enfrentar esse desafio pode ser ainda maior”, explica José Antônio da Costa, consultor de Desenvolvimento de Produtos da TMG – Tropical Melhoramento & Genética, empresa brasileira especializada em soluções para algodão, soja e milho.
Ele destaca que o tripé clássico das doenças (clima, patógeno e hospedeiro) continua sendo determinante. “Se tenho um patógeno presente e condições climáticas favoráveis, mas escolho um cultivar resistente, já quebrou essa equação. Isso impacta diretamente no manejo e nos custos”, afirma.
Adaptação às condições climáticas
Além da resistência a doenças, outro ponto técnico que merece atenção é a tolerância à chuva no ponto de colheita. Segundo José Antônio, essa característica pode evitar perdas severas em situações de instabilidade climática. “Se o produtor está com a soja pronta e chove por quatro dias seguidos, materiais menos tolerantes podem começar a deteriorar. Já os cultivares mais estáveis e ou tolerantes mantêm a qualidade por mais tempo, dando ao produtor uma janela de colheita maior e mais segura”, explica.
Esse desempenho está diretamente ligado à capacidade de armazenagem. Materiais sensíveis apresentam maior índice de grãos avariados, o que compromete o teor de óleo e proteína, além de dificultar o armazenamento prolongado. “O produtor que pretende guardar a soja para vender em um momento mais favorável precisa de um cultivar com melhor qualidade de grãos que aguente esse período. Se o grão já começa a deteriorar, o prejuízo é inevitável. Temos relatos de perdas de até 25-30% de grãos avariados em talhões com materiais menos tolerantes”, comenta José Antônio.
A recomendação, segundo ele, é que o produtor avalie a tolerância a doenças foliares, a resistência ao estresse hídrico e a qualidade do grão no pós-colheita ao selecionar a cultivar. “Essa decisão, tomada agora, vai determinar o desempenho da lavoura na próxima safra. Contar com apoio técnico para interpretar os dados regionais e selecionar o material mais adequado ao ambiente produtivo é o que garante maior segurança e menor custo ao longo do ciclo. O produtor quer previsibilidade. E quando ele escolhe um material que suporta melhor variações climáticas, ele reduz o risco de perda ou até descontos na comercialização”, finaliza.
Fonte: Gabriela Salazar