O mercado de trigo brasileiro continua enfrentando desafios na produção. Isso é o que mostra a nova revisão de safra da StoneX, referente ao mês de maio, após ajustes na estimativa da área destinada ao cultivo do cereal para a safra 2025/26. O cenário, segundo a projeção atual, indica uma queda mensal de 8% em comparação ao volume previsto no mês anterior, chegando a 2,57 milhões de hectares.
Essa redução impactou de forma significativa os estados do Paraná e Rio Grande do Sul, principais polos produtores de trigo no país. De acordo com o relatório, essas regiões concentraram a maior parte da diminuição da área semeada nesta temporada, devido a um contexto adverso para os produtores.
“Diante dessa conjuntura, presume-se que esse episódio foi marcado por uma combinação de sucessivas frustações com safras anteriores, como a dificuldade no acesso ao crédito rural e a recente desvalorização nos preços do trigo”, explica o consultor em Gerenciamento de Riscos da StoneX, Jonathan Pinheiro.
Esse último fator, segundo o consultor, foi um ponto decisivo para os agricultores que ainda estavam indecisos quanto ao plantio – o que levou muitos a optarem por outras culturas.
Com base nesse movimento, os analistas seguem monitorando possíveis ajustes localizados em determinadas regiões do RS e PR. Porém, tudo indica que, para a maioria das áreas, deve-se confirmar uma retração no cultivo de trigo.
Oferta e demanda. Na atualização de maio, a revisão da StoneX observou um aumento na necessidade de importação de trigo no Brasil. Essa alta na demanda é um reflexo direto da redução projetada na produção nacional, mesmo o país reduzindo o volume destinado à moagem internamente.
Por trás desse cenário, os consultores pressupõem que questões inflacionárias tenham levado à retração no consumo final, um desafio que explica, em parte, a menor demanda por farinha de moinhos.
E o impacto desse cenário de retração reflete também nas exportações. Conforme destaca Pinheiro, a expectativa de uma produção menor tende a limitar a oferta disponível para o mercado externo: “Ainda assim, verifica-se a intenção, por parte de alguns agentes do setor, de manter a área plantada, impulsionada por estímulos ao comércio internacional”.
Como consequência, esse movimento pode contribuir para a sustentação dos volumes exportados na temporada que se aproxima.
Além disso, os estoques finais também refletem os ajustes nas expectativas ao longo do último mês. De acordo com a revisão da StoneX, a previsão é de uma queda próxima de 10% em comparação a projeções realizadas em março. “Apesar disso, os volumes ainda devem superar os estimados para a safra 2024/25”, conclui Pinheiro.
Fonte: Valéria Campos