Um fim de semana inteiro dedicado ao esporte, à saúde e à celebração da fibra que transforma a economia e a vida no Oeste da Bahia. Assim foi a sétima edição da Corrida do Algodão, promovida pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), que movimentou a cidade de Luís Eduardo Magalhães com números recordes: 2 mil inscritos, vindos de 16 estados brasileiros e até uma participante do Quênia, país africano conhecido pela performance dos seus atletas em provas de corrida. As famílias e apaixonados pelo esporte, que foram assistir às provas na Praça do Avião, somaram cerca de seis mil pessoas, sem falar na força-tarefa de mais de 700 profissionais envolvidos, desde os trabalhos técnicos voltados à prova em si, até a infraestrutura. Em prêmios, foram mais de 50 mil reais. Este ano, pela primeira vez, a corrida teve um percurso adicional de 25Km, uma homenagem à Abapa, que completou 25 anos de existência.
Com circuito urbano e passagens simbólicas por áreas ligadas ao algodão, a corrida deste ano teve um sabor ainda mais especial por marcar o Jubileu de Prata da Abapa, entidade que nasceu do esforço coletivo dos cotonicultores e que, desde então, tem feito do algodão não apenas um vetor econômico, mas também uma ponte com a sociedade.
“Sou suspeita para falar, já que me orgulho muito de ter idealizado este projeto, com tanto carinho. Mas jamais, na Abapa, tivemos a pretensão de que a Corrida do Algodão chegasse à dimensão em que chegou. Essa é uma edição particularmente especial para mim pois coincide com meu primeiro ano à frente da gestão da associação. Tivemos recorde de público, de atletas inscritos e participantes, e foi lindo ver tantas famílias assistindo às competições. Foi um evento marcante para o esporte, para a região, para a Bahia, e até para o Brasil”, afirmou a presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, que correu pela primeira vez este ano, ao lado do marido, Roberto Costa, e dos filhos, Valentina e Diogo.
Esporte e saúde, lado a lado
Mais do que uma competição, a Corrida do Algodão é uma mobilização coletiva em prol da saúde e da qualidade de vida. Como destacou o secretário de Saúde de Luís Eduardo Magalhães, Pedro Henrique Ribeiro, o evento reforça a importância da prevenção por meio da atividade física. “É uma mobilização social. Temos que parabenizar a Abapa por essa iniciativa que beneficia a população como um todo.”
Inclusão em movimento
Uma das marcas mais bonitas da corrida é sua vocação inclusiva. Ao todo, 55 atletas com deficiência (PCD) participaram da prova. Entre eles, nomes como Gabriel Melo, morador da cidade e vencedor da categoria PCD masculina, que descreveu sua emoção: “Participar já é bom. Vencer, então, é uma sensação que não dá pra explicar”, emociona-se.
Outro exemplo inspirador veio do professor de Jiu-Jitsu Flávio Vidal Muniz, de 53 anos, que perdeu um braço e uma perna e ainda assim continuou no esporte e completou o percurso. “Faço questão de estar presente. Temos que encarar nossos desafios dia a dia. A Corrida do Algodão é um momento de confraternização”, disse.
Emoção desde a infância
As provas infantis — com participação de crianças a partir dos 5 anos — mostraram o quanto o esporte já é valorizado desde cedo na região. Pequenos corredores como Felipe Gusmão, de 7 anos, correram empolgados: “Estou animado, sentindo muita energia!”. Já a pequena Lara, que participou com a madrasta Leila Batista, resumiu a motivação: “Quero me divertir e ganhar”.
Atletas profissionais e apaixonados
A nova categoria de 25km atraiu corredores profissionais de destaque. O gaúcho Tiago Perez, triatleta que vive em LEM desde 2020, participou pela primeira vez: “Clima perfeito, estrutura maravilhosa e premiação superimportante. A Corrida do Algodão já é referência nacional”, disse.
A queniana Ruth Jepkmoi Kiprono participou pela primeira vez e celebrou a vitória: “Estou muito feliz em subir ao pódio nesta corrida”. Segundo seu treinador, Gilmário Mendes Madeireira, de Salvador, ela foi acolhida por uma de suas atletas, assistente social, em Porto Alegre, após ser encontrada chorando e sem passagem de volta ao Quênia. Desde então, tem competido em diversas provas no Brasil enquanto arrecadam recursos para seu retorno. “Esta foi a primeira corrida de uma série que estamos marcando, para que ela, com os recursos conquistados, possa comprar uma passagem de volta ao seu país e rever a família da qual sente muita falta”, explica.
“Brilhante”
Do outro lado do estado, o maratonista Edivaldo Araújo Sena, de Feira de Santana, comemorou o primeiro lugar na prova. “Essa corrida é brilhante. Fiquei impressionado até com o banheiro químico com ar-condicionado!”, brincou.
Entre as mulheres, destaque para a atleta profissional Vaniclea Moura dos Santos, a terceira no ranking brasileiro de maratona, que enfrentou o clima seco e elogiou a organização: “A prova é dura, mas estava preparada. Foi uma excelente experiência”.
O diretor técnico da Corrida do Algodão 2025, Sérgio Louzada, destacou o alto nível dos atletas e o sucesso do percurso inédito de 25km. “Tivemos a participação de atletas profissionais de vários lugares do país. O percurso comemorativo agradou os competidores pela variedade e pelo desafio, mesclando trechos de asfalto e estrada de terra”, argumenta.
Música e celebração: o algodão também é cultura
Ao final da prova, o palco do evento recebeu o som vibrante da banda Sambaiana, que embalou os atletas e o público com uma mistura de samba, axé e muita brasilidade. A vocalista Ju Moraes, que também correu os 5km, resumiu a experiência: “Participar como atleta e depois cantar para essa multidão foi único. É uma energia contagiante. A Corrida do Algodão é um presente para a cidade”. Com mais de uma década de estrada e liderada por Ju Moraes, ex-The Voice Brasil, a banda baiana Sambaiana agitou o encerramento do evento com clássicos da música brasileira e canções autorais. O show foi gratuito e aberto ao público, reforçando a proposta da corrida como um evento para toda a comunidade.
Fonte: Catarina Guedes