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Conservação Internacional desenvolve plataforma de IA para identificar áreas para restauração

Atualmente, um dos principais desafios para a restauração de paisagens no Brasil é a dificuldade de integrar políticas públicas ambientais devido às múltiplas fontes e formatos de dados e informações. Um exemplo disso são os passivos ambientais em propriedades privadas. Embora já estejam mapeados conforme o novo Código Florestal, informações essenciais para orientar a restauração, como diretrizes dos Programas de Regularização Ambiental (PRAs) ou incentivos específicos de cada estado e os custos por bioma, estão dispersas em documentos legais. Isso dificulta o cruzamento de dados técnicos com as normas e incentivos existentes, tornando o processo de decisão mais complexo e atrasando a implementação de projetos de restauração.

Para superar esse obstáculo, a equipe da Conservação Internacional desenvolveu uma ferramenta que faz uso de Inteligência Artificial (IA) para otimizar a priorização de áreas para restauração. Denominada CIERA (acrônimo traduzido para português como Assistente de Restauração de Ecossistemas da Conservação Internacional), a plataforma integra dados geoespaciais disponíveis com informações extraídas de políticas públicas, diretrizes governamentais e artigos científicos.

Para apoiar na identificação mais rápida e eficiente de áreas prioritárias para restauração florestal, a plataforma interpreta automaticamente diretrizes e critérios relevantes presentes em políticas, planos e instrumentos legais e transforma essas informações em dados espaciais acessíveis para o usuário. Assim, a plataforma centraliza as informações em um mesmo ambiente e coloca tudo em uma mesma linguagem, retornando ao usuário as áreas prioritárias para restauração específicas para o contexto local, tornando o processo mais ágil e eficiente.

Essa abordagem inovadora permite que diversos atores – de proprietários rurais e membros de comunidades locais até tomadores de decisão – tenham acesso a informações detalhadas e personalizadas sobre as áreas indicadas para restauração de forma facilitada, acelerando a tomada de decisão e promovendo a restauração de paisagens de forma mais estratégica.

O protótipo atual já integra dados do Novo Código Florestal, do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), dos Programas de Regularização Ambiental (PRAs), de passivos ambientais, carbono e gestão hídrica, entre outros. A proposta é expandir continuamente essa base, incorporando novas políticas e gerando respostas cada vez mais completas — como mapas de priorização já prontos para uso.

Com a CIERA, a Conservação Internacional foi vencedora do Hack4Good 3.0, um hackathon global promovido pela Microsoft for Nonprofits com intuito de desenvolver soluções tecnológicas para problemas reais utilizando inteligência artificial (IA). Como vencedora do evento, a Conservação Internacional receberá apoio da Microsoft para avançar no desenvolvimento da plataforma, tornando-a ainda mais robusta e escalável com a incorporação de mais dados e documentos direcionados inicialmente para os países de atuação prioritária da organização.

Ludmila Pugliese, diretora de restauração de paisagens e florestas da CI-Brasil, destaca o potencial da ferramenta: “A ciência já provou que nosso modo de produção e consumo ultrapassou diversos limites planetários. Precisamos inverter a curva de destruição e isso precisa ser feito rapidamente. Esse é um dos principais pontos positivos da CIERA: ela confere rapidez e precisão às informações necessárias para a tomada de decisão sobre onde é mais efetivo executar a restauração, considerando diferentes critérios. Restaurar com celeridade e com base nas melhores referências, integrando aspectos ecológicos, sociais e de governança é o melhor caminho – e a inteligência artificial é um recurso inovador que pode auxiliar a alcançarmos a escala e a velocidade necessárias para evitarmos os piores cenários climáticos”.

A equipe de desenvolvimento da CIERA é composta por colaboradores da Conservação Internacional dos Estados Unidos e do Brasil em parceria com Microsoft, Esri, Universidade de Maryland, Universidade Estadual de Utah e threshold.world, refletindo a colaboração internacional e o compromisso compartilhado com a inovação tecnológica em prol da conservação e restauração da natureza.

Além da Conservação Internacional, também chegaram à final a Elizabeth Glaser Pediatric AIDS Foundation, com uma solução voltada para o segmento da saúde, e a Goodwill Industries International, com uma proposta focada em serviços sociais. No total, foram 13 organizações multinacionais apresentando propostas para problemas de diferentes áreas, como conservação, esportes e tecnologia.

A entrega do prêmio aconteceu em evento que compôs a programação do Global Nonprofit Leaders Summit e reuniu organizações não governamentais, parceiros tecnológicos, estudantes e desenvolvedores da Microsoft para pensar em ferramentas que gerem impacto positivo para o mundo.

Fonte: Katia Cardoso 

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