O eucalipto é uma cultura relevante para a economia brasileira, com mais de 6,5 milhões de hectares plantados, segundo Indústria Brasileira de Árvores. Para sustentar uma produtividade média de aproximadamente 39m3.ha-1 ao ano, os agricultores dependem da eficiência do manejo de nutrientes com grande impacto na produtividade da cultura, como o potássio. Saiba como otimizar a adubação de potássio na eucaliptocultura.
Os benefícios do potássio na cultura do eucalipto
O potássio é um macronutriente primário que participa em diversas funções essenciais para o desenvolvimento e a produtividade das culturas, que vão desde o crescimento celular a amenização de estresses bióticos e abióticos.
Nas fases iniciais da cultura do eucalipto, tais funções impactam diretamente no sucesso etapa de adaptação das mudas às condições de campo. Esse processo é conhecido como rustificação e, geralmente, é realizado durante os15 dias que antecedem o plantio.
No artigo Efeito do potássio na fase de rustificação de mudas clonais de eucalipto, Flavio Siqueira D’Avila e seus colegas pesquisadores atribuíram à aplicação de potássio na fase de rustificação o aumento do diâmetro de colo para os três clones avaliados.
Conforme a muda cresce e se desenvolve, a adubação potássica já começa a influenciar a produtividade. Diversos trabalhos desenvolvidos ao longo dos anos avaliaram o potencial da adubação potássica em aumentar em até 200% a produtividade do eucalipto.
Contudo, o potássio vem se mostrando como um dos elementos que mais tem limitado a produtividade do eucalipto no Brasil. Os levantamentos nutricionais realizados no Estado de São Paulo, citados no Encarte técnico: Nutrição e adubação potássica em eucalyptus, mostram que todas as florestas avaliadas apresentaram deficiência de potássio.
A fim de garantir uma adubação potássica suficiente e eficiente, é preciso buscar algumas estratégias dentro do agroecossistema.
Estratégias para otimizar a adubação potássica do eucalipto
As estratégias para otimização da adubação potássica do eucalipto são muito importantes, uma vez que a cultura tem potencial para reduzir a fertilidade do solo logo no primeiro povoamento.
No artigo Produção e estado nutricional de povoamentos de Eucalyptus grandis, em segunda rotação, em resposta à adubação potássica, Geraldo Erli de Faria e seus colegas pesquisadores avaliaram os efeitos residuais de doses de potássio, entre outros parâmetros, na segunda rotação da cultura.
Os pesquisadores atribuíram a queda de produtividade de povoamentos de eucalipto em segunda rotação à redução na fertilidade do solo devido à exportação de potássio e de outros nutrientes pela colheita do tronco na rotação anterior.
Para evitar esses cenários de baixa produtividade e degradação da fertilidade do solo, é preciso:
- Conhecer e investir no solo;
- Executar práticas agrícolas que promovam a melhor eficiência e disponibilidade do potássio no solo;
- Buscar por fertilizantes que apresentem efeito residual.
No artigo Determinação da demanda nutricional de genótipos de Eucalyptus da Bahia Sul Celulose, Araújo et al. (2001) verificaram uma correlação direta entre o acúmulo de potássio nos clones de eucalipto, o tipo de solo e a produtividade.
Aos 7 anos após o plantio, os clones de eucalipto em argissolos amarelos de textura arenosa/argilosa e média/alta fertilidade acumularam aproximadamente 80% a mais de potássio, quando comparado àqueles em espodossolos de baixa fertilidade.
O maior acúmulo de potássio nos clones também levou a diferenças significativas na produtividade. Sendo que os talhões localizados nos argissolos amarelos alcançaram mais que o dobro da produtividade daquela verificada nos espodossolos, atingindo uma média de 49 m³.ha-1.ano-1.
Conhecendo o potencial do solo e seus fatores limitantes, pode-se tomar algumas ações corretivas para garantir uma maior disponibilidade de potássio, como a regulação do pH.
Além disso, o próprio acúmulo de potássio na planta do eucalipto fornece indícios de outra prática. No capítulo Nutrição e Adubação Potássica em Eucalyptus do livro Potássio na Agricultura Brasileira, os autores Ronaldo L. V. A. Silveira, José L. Gava e Eurípedes Malavolta apontaram alguns valores médios do conteúdo de potássio nas diferentes partes das plantas:
- Folhas: 23%;
- Ramos: 12%;
- Casca: 20%;
- Madeira: 45%.
Como o eucalipto tem parte do seu processamento realizado ainda a campo, quanto mais material vegetal ficar retido no local, menor será a taxa de exportação de potássio dos talhões e, consequentemente, maiores podem ser as economias com adubação potássica.
No capítulo do livro Potássio na Agricultura Brasileira, os autores destacam que somente o descascamento no campo pode diminuir a quantidade de potássio aplicada na próxima rotação em 40 a 80 kg de potássio (K2O.ha-1), dependendo da produtividade desejada.
Outro fator com grande impacto na quantidade de potássio aplicada é o efeito residual dos fertilizantes. O efeito residual se caracteriza pela liberação gradual dos nutrientes para o solo e prolongação de todos os benefícios que o fertilizante possa proporcionar a longo prazo.
O investimento em pesquisas para encontrar fontes de nutrição com esse efeito residual surgiu com o objetivo de disponibilizar e ajustar os nutrientes às necessidades das plantas e ainda reduzir as perdas no sistema solo-planta-atmosfera. Mas, quais foram os benefícios constatados na cultura do eucalipto?
Os benefícios do efeito residual de potássio na eucaliptocultura
Na dissertação de mestrado Adubação e residual de doses de nitrogênio, fósforo e potássio no eucalipto em sistema de talhadia no Cerrado, Natasha Mirella Inhã Godoi observou que o residual de doses de K2O influenciou positivamente:
- Biomassa: folhas, lenho e total;
- Altura das plantas;
- Volume de madeira.
Além disso, a autora também verificou que o efeito residual das doses de potássio também influenciou positivamente o teor de cálcio no solo, aumentou o teor de potássio no folhedo e de manganês e zinco nas folhas.
Logo, a otimização da adubação potássica explora o máximo potencial cultura do eucalipto ao promover o uso sustentável do solo, com o manejo da sua fertilidade com as melhores práticas e insumos disponíveis no mercado.
Fonte: Stella Xavier