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Com técnica e planejamento, produtores garantem alimentação animal durante a seca

Após meses sem chuvas consistentes, os bovinocultores do Norte de Minas iniciaram nas últimas semanas a fase mais estratégica do ano, a alimentação animal em período de seca. Quem soube planejar, aplicar tecnologia e novos métodos de manejo deverá se sair bem e se manter sem grandes perdas. Esta é a expectativa do produtor Carlos Roberto Teixeira, da comunidade rural de Cabeceira, na cidade de Mamonas. “Com a atuação técnica, mesmo na seca, minhas vacas estão dando leite, mantendo a produtividade. Isso só foi possível com alimentação certa, controlada”, avalia o produtor.

Carlos Roberto, que tem acompanhamento do Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG, do Sistema Faemg Senar, tem aliado na sua rotina a experiência no campo com os novos conhecimentos. Se em anos anteriores o período de seca era dado como certo a perda de vários animais e renda, agora ele consegue produzir e estocar alimento em quantidade suficiente para passar os próximos meses sem sustos. O último mês significativo de chuva na região foi em dezembro de 2022.

“Para melhorar a alimentação, o técnico de campo do ATeG instruiu para a produção de mais ração, o que gerou boa estocagem de silagem. Foi feita ainda a adubação e correção do solo, para contribuir no aumento deste volume de alimento. Aumentei o controle de pragas e doenças nos animais, e passei a tratar da criação, neste período, de forma confinada, reduzindo a perda de energia deles no pasto seco. Esse ano o gado tá bonito, tá diferente. O ATeG trouxe muita coisa de manejo que eu não sabia. Ajudou a aproveitar o que tem de bom do terreno para passar a seca”, comenta Carlos Roberto, que tem mantido média produtiva de 90 litros de leite por dia. 

Planejamento

De acordo com o técnico de campo William Primo, que atua pelo ATeG da bovinocultura de leite exatamente nestas regiões com maior dificuldade hídrica, entre as cidades de Mamonas e Espinosa, o plantio planejado das pastagens é um diferencial para garantir nutrição ideal até o próximo ciclo de chuvas.

“Estamos em uma região onde as chuvas são menores e instáveis, com uma janela curta de novembro a março, em tese. Com isso, é difícil produzir volumoso por aqui, dificulta o produtor a conseguir implantar algumas culturas para a produção de silagem. Por isso, o principal fator é o planejamento, quando entra a metodologia do Sistema Faemg Senar. Três a quatro meses antes de serem implantadas essas culturas forrageiras, o produtor segue passo a passo a orientação técnica para ter manejo do solo adequado e controle de pragas, compra de insumos em períodos não críticos, entre outros. Assim ele prepara bem o solo e garante o alimento do gado para o restante do ano”, explica o técnico de campo.

Do grupo assistido por William Primo, cerca de 90% dos produtores atuaram nesse ano para acertar a data de plantio e, com isso, obter uma boa colheita. O trato dos animais com o volumoso entrou mais cedo neste ano, com alimentos chamados de suporte atuando no dia a dia da atividade.

“Boa parte dos produtores estão com os silos cheios, com estoque caprichado para passar pelo período, que será mais desafiador neste ano. As pastagens da região não conseguem acompanhar a produção leiteira. Então estes alimentos de suporte, que a gente tem explorado com o produtor, como o capim capiaçu, cana e palma, são importantes. Aliar os alimentos de suporte com os alimentos das águas têm ajudado a manter o score corporal dos animais, fator importante em condições de ano com pastagens defasadas para manter a qualidade do gado, sem elevar muito os custos de produção”, pontua William Primo.

A diversificação alimentar também foi adotada por Cláudio Salviola, de Espinosa. O produtor, que está na atividade desde 1996, entendeu que era preciso seguir aperfeiçoando, adotando e implementando orientações técnicas para sua produção se adaptar aos novos desafios, especialmente climáticos. Ele, que já havia adotado a irrigação para a produção das áreas de pastagens, passou também a apostar em novos plantios, ampliando a opção de forrageiras para os animais.

“Essa renovação de conhecimento, as novidades que precisam ser adotadas, ajudam a aperfeiçoar o trabalho. Eu já tinha a irrigação e com as orientações para o plantio passei a adotar lavoura de milho. Antes era só sorgo. Com essa dinamização, aumentei o aproveitamento e reduzi custos operacionais com a produção do alimento no período da seca”, explica Cláudio Salviola.

Com a produção de leite como principal atividade da fazenda, variando de 200 a 300 litros por dia, os cuidados técnicos são essenciais para não perder em qualidade e quantidade produtiva. “Existe um planejamento, período certo para corrigir e preparar o solo e plantar. Com o ATeG melhorou exatamente isso. Eu trabalhava com plantio sequeiro, e com estiagem prolongada perdia safra ou reduzia muito a produção. Agora com a silagem seguro a alimentação adequada. Foram feitos investimentos e a atuação precisa ser ainda mais técnica e assertiva”, finaliza o produtor.

“A junção das silagens, no período da seca, e de outras variedades de plantios nas águas, como o sorgo, faz com que a capacidade de diversificação ajude o produtor a ter boa condição de trabalho e até melhorar dos resultados produtivos”, avalia William Primo.

Fonte: Ricardo Guimarães

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