Geração de empregos e movimentação da economia. Essas são duas importantes conquistas que a cadeia produtiva da apicultura tem propiciado aos produtores rurais mineiros. Em Monte Azul, por exemplo, os apicultores, cada vez mais, entram na rota da produção profissional de méis. A mudança de visão vem ocorrendo gradativamente, com mais técnica no campo e planejamento.
Flávio Teixeira Barbosa é um exemplo destes novos apicultores. A primeira produção significativa dele foi em 2020, quando atingiu pouco mais de 80 kg de mel. Já nas floradas do ano passado, ele passou das três toneladas. A receita do sucesso vem com o trabalho focado, unindo técnica e gerenciamento do negócio.
“Quando voltei para a cidade, com a intenção de atuar no agronegócio, comecei com a bovinocultura de leite. Mas agora, com os bons resultados, migrei 100% para a apicultura. Transformei o meu pasto da bovinocultura, em pasto apícola, reflorestando com várias espécies de árvores nativas”, explica o produtor.
Transformação em curso
Foi através da chegada do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), do Sistema Faemg Senar, que Flávio passou a se dedicar mais ao negócio e a implementar mudanças, como no manejo e alimentação das abelhas, essencial para a região que convive com intensos períodos de seca. As novas ferramentas de trabalho e o ânimo renovado, fizeram com que várias pessoas passassem a acreditar na produção apícola, efetivando, inclusive, a criação de uma associação, presidida por Flávio Teixeira. Cerca de 20 apicultores fazem parte da Associação dos Apicultores e Meliponicultores Agricultores do Distrito Novo Riachinho (AAMAR).
“Para o município é importante essa nova opção de fonte de renda. Muitas famílias de pequenos produtores estão buscando a apicultura, conseguindo resultados financeiros satisfatórios. E o ATeG trouxe essa estruturação às produções, agregou muito valor e qualidade para a apicultura local”, pontua Flávio Teixeira.
Juntos, os apicultores do distrito de Riachinho totalizaram mais de 10 toneladas de mel produzidos em 2024. “Nesse grupo de trabalho, alguns apicultores não tinham produção nenhuma antes da assistência técnica. Inicialmente foram feitos ajustes de manejos, como troca de cera, multiplicação de enxame, adição de melgueira para a produção de mel, correção da alimentação no período de escassez de chuvas, entre outros. Com a produção de mel melhorando, fizemos um rótulo para agregar valor e, com isso, muitos conseguiram vender o mel que estava parado”, explica a técnica de campo do ATeG, Jozelia Aparecida Ribeiro de Melo.
Com pouco mais de três anos na atividade, o apicultor Atailto Gomes de Abreu é outro que celebra o bom momento produtivo, após conseguir colher mais de 500 kg de mel em 2024. A expectativa do produtor, que tem aplicado novas técnicas de manejo na sua produção, dia a dia, é alcançar novos mercados. Regular a alimentação para o enxame se manter forte e o planejamento da atividade foram dois dos principais aprendizados.
“Sempre tive vontade de criar abelhas, mas foi só em 2024 que a produção solidificou. Hoje tendo 17 enxames produtivos, e o mel tem sido uma nova fonte de renda. A apicultura chegou em um momento importante, de transição, após a pandemia da Covid-19”, lembra Atailto Gomes.
A expectativa do Escritório Regional do Sistema Faemg Senar de Montes Claros, responsável pela aplicação e gestão do ATeG em Monte Azul, junto ao Sindicato Rural da cidade, é cada vez mais levar aos apicultores do Norte de Minas a profissionalização. “É uma das cadeias produtivas que mais tem desenvolvido na nossa região em virtude do Programa de Assistência Técnica e Gerencial, com a profissionalização dos apicultores. Levamos ao apicultor conhecimentos na parte de gestão e de comercialização dos méis, dando visibilidade ao produto, produzido com segurança alimentar”, comenta o gerente regional Dirceu Martins.
Fonte: Ricardo Guimarães
