Recentemente, uma delegação formada por cientistas brasileiros participou de uma missão na Alemanha, com o objetivo de promover o fortalecimento de parcerias institucionais focadas em internacionalização, tecnologia, inovação e sustentabilidade, especialmente no setor agrícola. Ao longo de nove dias, os pesquisadores foram apresentados aos ambientes e aos portfólios de órgãos alemães como o Exzellenzcluster PhenoRob, um dos principais centros de agricultura digital do país; o Pfeifer & Langen, referência na indústria agroalimentar e na inovação no setor de alimentos; e o CEPLAS – Cluster of Excellence on Plant Sciences, centro de excelência em estratégias de integração entre genômica, fisiologia vegetal e sustentabilidade agrícola.
Organizada pelo Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças Climáticas (CBioClima) e apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), a missão alcançou como resultado a cooperação científica com centros de excelência em bioeconomia, visando projetos conjuntos em bioprocessos, biotecnologia e química de recursos renováveis. Além disso, a delegação pôde promover a integração entre universidades e ecossistemas de inovação, com trocas de experiências em gestão de pesquisa aplicada, transferência de tecnologia e empreendedorismo acadêmico.
O coordenador da iniciativa, Prof. Dr. Leonardo Fraceto — que coordena também o INCT em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCTNanoAgro) e atua como Coordenador de Inovação do CEPID em Biodiversidade e Mudanças do Clima (CEPID CBioClima) — destaca que durante a missão, foi possível identificar que a ciência agrícola alemã tem avançado de forma integrada, aliando fortemente inovação tecnológica, sustentabilidade e aplicação prática no campo. “Visitamos centros como o PhenoRob, referência em agricultura digital, onde observamos o uso intensivo de sensores, automação e inteligência artificial para otimizar o manejo agrícola, tecnologias que têm enorme potencial de aplicação no contexto brasileiro, especialmente considerando a diversidade e a escala da nossa produção”.
Segundo o pesquisador, também foram destaques os projetos em bioeconomia e biotecnologia, com foco em processos sustentáveis, como os conduzidos no CEPLAS e no TUM Campus Straubing. “Essas abordagens, voltadas à integração entre genômica, fisiologia vegetal e engenharia de bioprocessos, são altamente sinérgicas com os desafios enfrentados pela agricultura tropical. A experiência alemã com sistemas de energia renovável aplicados ao campo, como o Agri-PV, e o investimento em inovação orientada para a transferência de tecnologia e o empreendedorismo acadêmico, também nos trouxeram insights valiosos”, explica.
Conforme ressalta Fraceto, as apreensões reforçam que o Brasil pode se beneficiar enormemente da cooperação científica com instituições alemãs, não apenas pelo acesso a tecnologias de ponta, mas pela troca de modelos de gestão da inovação e formação de redes de pesquisa que ampliem o protagonismo do país na agenda global de agricultura sustentável. Para viabilizar a cooperação, a missão contou também com a participação do Prof. Mauricio Bacci, Vice-Diretor do CEPID CBioClima; Renan Ramos Chaves Ramos, Gestor de Inovação; do Prof. Dr. César Martins, vice-reitor da Unesp; e do Dr. Jhones Oliveira, CEO da start-up de base científica B.Nano.
Fonte: Milena Almeida