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Chuvas expõem fragilidades, e AEAGO propõe soluções para conter quedas de árvores e alagamentos

O período chuvoso intensificou a queda de árvores, galhos e episódios de alagamento em Goiânia. Segundo especialistas, parte dos casos está ligada à ausência de manejo técnico da arborização urbana. A discussão ganha força quando a capital aparece como a segunda cidade mais arborizada do país e, de acordo com profissionais da área, tem potencial real para assumir o primeiro lugar.

A Associação dos Engenheiros Agrônomos de Goiás (AEAGO) propõe que a prefeitura crie uma pasta específica dedicada ao planejamento, ao manejo e à manutenção da vegetação urbana, nos moldes de uma Secretaria de Parques e Jardins. A entidade defende que o órgão concentre ações de poda, substituição de árvores, roçagem de gramados e plantas ornamentais em praças e parques, com atuação integrada, técnica e paisagística. O grupo sugere ainda que a estrutura seja formada por engenheiros agrônomos, engenheiros ambientais, engenheiros florestais, biólogos, geógrafos e paisagistas.

O presidente da AEAGO, Fernando Barnabé, engenheiro agrônomo e advogado, afirma que a gestão atual se concentra em ações de poda e limpeza, sem diretrizes estruturadas. “Grande parte dos problemas que aparecem no período de chuvas poderia ser evitada com planejamento. A arborização urbana precisa ser tratada como infraestrutura, não apenas como manutenção”, diz.

Barnabé afirma que a falta de manejo adequado reduz serviços ambientais essenciais em épocas de chuva, como retenção de água, infiltração no solo e amortecimento do impacto das gotas. Ele afirma que árvores bem manejadas diminuem a erosão, reduzem pontos de enxurrada, melhoram a permeabilidade e ajudam a conter alagamentos. “Arborização não é ornamento. É proteção ambiental e segurança pública”, afirma.

Para o engenheiro agrônomo Antônio Pasqualetto, professor universitário e pesquisador em arborização urbana, a queda de árvores na capital está ligada a fragilidades acumuladas ao longo dos anos. “As espécies adequadas ajudam na infiltração da água, reduzem impactos da chuva e contribuem para amenizar as ilhas de calor. Quando não há orientação técnica, surgem fragilidades que favorecem quedas e alagamentos”, afirma.

Pasqualetto explica que parte dos problemas decorre do uso histórico de espécies que não pertencem ao Cerrado, menos adaptadas às condições locais. Ele afirma que um plano contínuo de substituição por espécies nativas reduziria riscos estruturais e melhoraria o desempenho ambiental da cidade, incluindo a tolerância a ventos, a estabilidade das raízes e a capacidade de regular temperatura e umidade.

A AEAGO defende a criação de um plano diretor de arborização, com mapeamento digital das árvores, zoneamento de espécies e diretrizes permanentes para prevenção de riscos. A entidade sugere ainda protocolos de substituição de vegetação inadequada, ações de educação ambiental e critérios técnicos para análise de estabilidade antes de podas ou remoções.

Especialistas ressaltam que árvores maduras desempenham funções ambientais fundamentais, como redução da temperatura urbana, sequestro de carbono, retenção de poluentes, sombreamento, redução de ruído e proteção do solo. Também contribuem para a saúde pública, o bem-estar e a biodiversidade urbana.

Barnabé afirma que melhorar o manejo da arborização é essencial para que Goiânia avance no ranking nacional e amplie seus benefícios ambientais. “O potencial existe. Falta estrutura técnica para transformar a arborização em política pública contínua”, diz.

Diante do cenário atual e dos problemas que se repetem a cada estação chuvosa, a AEAGO elaborou um conjunto de propostas que, segundo a entidade, podem reorganizar a política de arborização de Goiânia e reduzir riscos estruturais, ambientais e de segurança pública. As principais recomendações são:

• Criação de um Comitê Técnico Permanente de Arborização Urbana

Órgão consultivo vinculado à nova Secretaria de Parques e Jardins, formado por especialistas e representantes dos órgãos públicos. A instância definiria diretrizes técnicas, revisaria protocolos de manejo e apoiaria decisões estratégicas.

• Definição de critérios técnicos para o plantio de novas espécies

A secretaria seria responsável por padronizar porte, distâncias, sistema radicular e compatibilidade com fiação, calçadas e circulação urbana, garantindo escolhas adequadas ao clima e ao solo de Goiânia.

• Plano Municipal de Arborização atualizado e vinculante

A nova pasta assumiria a elaboração, atualização e execução do plano, estabelecendo diretrizes obrigatórias para plantio, manejo, prevenção de riscos e substituição de espécies incompatíveis.

• Programa contínuo de manejo arbóreo

Sob coordenação da secretaria, seriam implementadas rotinas permanentes de manutenção preventiva, avaliação periódica, identificação de árvores de risco e capacitação das equipes de poda e manejo.

• Ampliação da arborização em áreas de alta temperatura e baixa cobertura verde

Com base em mapas das ilhas de calor, a secretaria direcionaria plantios estratégicos, priorizando regiões vulneráveis para recomposição da cobertura vegetal e redução das temperaturas.

• Participação permanente da AEAGO nas decisões de políticas públicas

A secretaria incorporaria especialistas no processo de planejamento urbano, garantindo avaliação técnica nas decisões relacionadas ao patrimônio arbóreo.

• Incentivo ao plantio responsável em áreas privadas

A pasta coordenaria campanhas educativas e orientações técnicas para condomínios, estabelecimentos comerciais e residências, reforçando boas práticas e prevenindo problemas futuros.

• Uso de ferramentas de georreferenciamento para monitoramento do patrimônio arbóreo

A Secretaria de Parques e Jardins manteria um sistema digital com informações sobre saúde, idade, espécie, localização e estabilidade das árvores, permitindo ações preventivas e respostas rápidas em períodos de chuvas.

Fonte: aryclennys Jornalismo

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