*Por Daniel B. Pedroso
Trabalho no setor sucroenergético desde 2003 e, nesses mais de 22 anos de atuação, aprendi que não existe uma “receita de bolo” entre as safras. Cada ano é único e apresenta suas próprias características.
Na safra 2024/2025, por exemplo, enfrentamos uma grande seca que derrubou a produtividade dos canaviais, além dos incêndios que atingiram principalmente o interior do Estado de São Paulo.
Já nesta safra, 2025/2026, temos um novo cenário. Apesar do susto que as chuvas nos causaram em meados de janeiro e fevereiro, elas retornaram com força nos meses de março e abril, e se prolongaram em algumas regiões até julho, com precipitações de até 60 mm.
Isso foi ruim para a manutenção da qualidade da cana-de-açúcar, que hoje se encontra na faixa de 122,4 kg/ton (PECEGE, julho de 2025), valor abaixo do mesmo período do ano passado. No entanto, o excesso de chuva foi excelente para garantir a produção da próxima safra.
Explicando melhor: com o prolongamento das chuvas adentrando o meio da safra na região Centro-Sul, a volta da umidade do solo vem garantindo uma melhor rebrota dos canaviais recém-colhidos, estabelecendo um melhor estande para essas áreas.
Como sabemos, a produção se dá por alguns fatores: altura da planta, diâmetro do colmo e, principalmente, população — sendo esta última garantida pelas chuvas dos últimos meses.
Entretanto, “nem tudo são flores”. O fato de termos garantido a população inicial do canavial nos leva a pensar: como será daqui para frente?
Com uma alta população de plantas no campo, os perfilhos começam a competir entre si por nutrientes, luz e, principalmente, por água. Isso nos lembra que estamos iniciando um período de estiagem, que, caso siga o histórico, deve se estender até outubro/novembro. E então surge a grande pergunta: como ficarão as plantas?
A resposta me parece clara: caso volte a chover no período esperado, a precipitação permitirá a permanência dos perfilhos, e poderemos sorrir com uma alta produção. No entanto, se as chuvas não retornarem a tempo, podemos ter uma grande quebra de safra — talvez até acentuada pelas chuvas de junho/julho, que aumentaram o estande de plantas.
Ou seja, mais uma vez estamos à mercê do clima.
Novamente, uma das formas de mitigar esse possível risco é por meio do uso de sistemas de irrigação. Desta vez, no entanto, os sistemas devem ser capazes de irrigar canaviais adultos. Para isso, uma das tecnologias mais indicadas é a irrigação por gotejamento.
O sistema de irrigação por gotejamento aplica água diretamente na região radicular das plantas, em alta frequência e com baixa intensidade, por meio de emissores conhecidos como gotejadores. O objetivo é suprir a deficiência hídrica da cultura, mantendo o solo próximo à sua capacidade de campo. Estima-se que a eficiência da irrigação por gotejamento varie de 95% a 100%.
Concluindo: a safra 2025/2026, mais uma vez, será determinada por questões climáticas. O retorno — ou não — das chuvas será o fator preponderante. Nesse contexto, temos duas opções: perder o sono e aguardar até novembro ou investir em um sistema de irrigação e parar de depender do clima para nossas tomadas de decisão.
*Daniel B. Pedroso, Eng. Agrônomo e Especialista Agronômico Sênior da Netafim Brasil
Fonte: Mariana Cremasco