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Chapecó 104 anos: O município e o cooperativismo

Presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos

Nos festejos dos 104 ano de criação é essencial mencionar a contribuição do cooperativismo e do agronegócio na construção da trajetória do desenvolvimento econômico, social e cultural do Município de Chapecó. Nessa interpretação, ganha especial protagonismo a Cooperativa Central Aurora Alimentos e a saga dos homens e mulheres que ajudaram a construir esse paradigma de cooperação e desenvolvimento e, em especial, os homens que me antecederam no comando dessa empresa de natureza cooperativista. Cito dois, por dever de gratidão: Aury Luiz Bodanese e Mário Lanznaster.

Existe muita similitude entre municipalismo e cooperativismo. As cooperativas representam um modelo de organização humana que tem a condição de unir as pessoas, aproveitar a capacidade de trabalho e de produção de cada um e desenvolver ações de natureza econômica, permitido que os resultados revertam para cada um na proporção direta de seu esforço. Cooperativismo requer engajamento e trabalho, participação e comprometimento. Ao mesmo tempo em que enaltecem o trabalho, as cooperativas exercitam alguns valores essenciais, como a solidariedade, a valorização da comunidade e a cidadania.

 Essa realidade foi perpetuada para a história no magnifíco monumento que a Prefeitura de Chapecó inaugurou em 2017, na gestão do prefeito Luciano Buligon, para festejar o primeiro Centenário. O conjunto apresenta três figuras proeminentes: o colonizador Coronel Ernesto Bertaso, o pioneiro da indústria Plínio Arlindo de Nês e o cooperativista Aury Luiz Bodanese.

Bodanese foi uma das maiores lideranças do cooperativismo brasileiro. Fundou e dirigiu as maiores cooperativas catarinenses e inspirou milhares de empreendedores, produtores e empresários rurais. Seu grande feito foi criar uma estrutura industrial para o processamento da vasta produção agrícola e pecuária. Isso permitiu que os produtores rurais barrigas-verdes deixassem a mera condição de fornecedores de matéria-prima para agregar ganhos e controlar todo o processo produtivo. Aury conferiu uma visão empresarial às cooperativas, melhorou a qualidade de vida da família rural, fortaleceu todo o sistema cooperativista, apoiando a criação e a viabilização das cooperativas, não só as agropecuárias, mas também dos ramos de transporte, crédito, infraestrutura, habitação, saúde etc.

Sabemos que os tempos não são fáceis para os gestores públicos. A Carta Constitucional de 1988, ao reconhecer o Município como ente federativo, transferiu-lhe competências e atribuições que, antes, estavam afetas ao poder público estadual. Robusteceu-se, assim, o papel do Município na República, embora os gestores municipais reclamem que os recursos correspondentes às novas responsabilidades dos municípios não tenham sido repassados.

Se examinarmos as regionalidades brasileiras constataremos que as cooperativas prestaram e prestam efetiva contribuição nos Municípios cujos prefeitos optaram, com determinação e entusiasmo, por uma cartilha de austeridade e rigor administrativo para atingir o nível de eficiência em obras e serviços públicos que a sociedade exige. Em Chapecó, o sucesso da cooperação no campo espraiou-se para todas as áreas da atividade humana e também impregnou – de maneira definitiva – a economia urbana

Nesse contexto, temos orgulho do Município de Chapecó que chega aos seus 104 anos de criação, ostentando vários títulos, mas, talvez, capital do cooperativismo e da agroindústria brasileira seja o mais apropriado. Foi na região do grande oeste catarinense, polarizada em Chapecó, que surgiu o moderno sistema de produção integrada entre criadores de aves e suínos e as indústrias de processamento de carne. Outro indicador é o fato de deter o maior e mais avançado parque agroindustrial do segmento de carnes do País.

Várias características celebrizaram Chapecó no Brasil e no Mundo. Chapecó detém algumas das maiores agroindústrias do País e tornou-se o maior centro mundial em produção de proteína animal. Transformou-se em  paradigma de importantes centros de pesquisa científica nas áreas ligadas ao complexo agrícola e bromatológico. Nessa região se concentra a maior produção de produtos industrializados de suínos e de aves do planeta. Nossos produtos são conhecidos em todo o mundo. O Oriente Médio, por exemplo, compra frango do oeste catarinense há mais de 40 anos. Somos referência em produção, produtividade, sanidade e qualidade. Aqui, produtor rural, indústrias e município mantêm uma extraordinária relação de cooperação que dá suporte e garante o desenvolvimento econômico do País.

Essa condição de polo é mantida pelo vanguardismo de nossas cadeias produtivas. A prioridade que as indústrias conferem para a qualidade ensejou uma série de parcerias com centros de ensino e pesquisa, Universidades, sistema “S” e organismos governamentais, de forma que nos tornamos geradores de tendências no mercado brasileiro.

Fonte: MB Comunicação

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