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Centro-Oeste: O que é essencial para líderes de empresas na região?

Com as mudanças aceleradas vivenciadas pelo mundo e pela sociedade, exercer a adaptabilidade tornou-se uma condição de sobrevivência para as pessoas em geral. E no ambiente empresarial, isso não é diferente, principalmente quando o assunto é a liderança. A cada momento, novos acontecimentos mudam o curso estratégico das organizações, o que torna o ato de liderar muito mais complexo do que simplesmente tomar decisões assertivas: é preciso ter a capacidade de responder o inesperado com inteligência, equilíbrio e visão ampliada de negócios.

Essa visão é compartilhada por Amanda Lázaro, sócia da EXEC, consultoria especializada em recrutamento e desenvolvimento de altos executivos e conselheiros. Ela traz como exemplo o anúncio da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. A notícia pegou as empresas de surpresa, principalmente do setor do agronegócio, e causou uma apreensão geral entre as organizações do mercado – a medida pode gerar sérios impactos no setor, que responde por mais de 20% do PIB e é o motor que move a economia do Brasil.

“É uma medida que mexe diretamente com custos, margem de lucro, cadeia de suprimentos e também com o clima organizacional das companhias. Esse tipo de situação pede que os líderes tenham agilidade e resiliência para se adaptarem à nova realidade, pois são muitas variáveis que precisam ser levadas em conta, além de adotar as melhores práticas para lidar com o assunto junto aos times, redirecionando a rota e evitando possíveis prejuízos”, afirma Amanda.

Menos controle, mais direção

Diante de cenários como o descrito acima, o papel da liderança vai muito além de colocar em prática apenas as habilidades técnicas. Segundo Amanda, principalmente em momentos de incertezas, as equipes não esperam respostas perfeitas, mas precisam de líderes que saibam manter a confiança, sinalizem caminhos com assertividade e tomem decisões com clareza, mesmo que temporárias. “Líderes adaptáveis mantêm suas equipes firmes e equilibradas quando o terreno é instável. Eles acolhem a incerteza sem perder o foco e, muitas vezes, conseguem transformar o caos em ação coordenada.”

A capacidade de se adaptar rapidamente, se comunicar com transparência e revisar estratégias em tempo real é, hoje, um dos critérios mais valorizados nas posições de liderança, tanto no nível executivo quanto na linha de frente operacional. “Empresas que cultivam líderes com esse perfil são mais flexíveis. Assim como as organizações, eles estão dispostos a aprender e reaprender o tempo todo”, diz Amanda.

Ela destaca também a importância da comunicação eficiente como ferramenta essencial para explicar os motivos das mudanças, as medidas adotadas e como elas impactam a rotina dos colaboradores — inclusive no que diz respeito à permanência no emprego.

Resiliência também na linha de frente

Trazendo essa realidade para o universo operacional, a adaptabilidade também se torna um requisito fundamental. Mas vem com outra roupagem, que inclui decisões que envolvem ajustes constantes de turnos, revisão de metas, negociação de prazos e adaptação a decisões muitas vezes tomadas a milhares de quilômetros de distância. “Em contextos macroeconômicos não favoráveis, a pressão vai além dos executivos de nível C-level. Os líderes da Operação estão na linha direta com os impactos mais imediatos. São eles que traduzem as decisões estratégicas em ação concreta — ou não”, ressalta Amanda.

O desafio da adaptabilidade no Centro-Oeste

Ao observar o comportamento dos executivos na região Centro-Oeste, Amanda destaca que a adaptabilidade é, de fato, uma competência valorizada por quem atua na região. “Os profissionais, via de regra, têm uma boa adaptabilidade porque sabem o quanto a região Centro-Oeste vem se expandindo nos últimos anos — e continuará crescendo cada vez mais. Para as empresas, a vivência de executivos que passaram por diversas regiões é vista de forma muito positiva pelo mercado.”

Segundo ela, isso é especialmente perceptível nas áreas comercial, de marketing e de negócios, nas quais conhecer a pluralidade do agro brasileiro e suas particularidades em estados como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul se tornou um diferencial competitivo. “A frase ‘cada estado do agro é uma realidade’ reflete bem isso. O profissional que vivenciou e consegue se adaptar a esse dinamismo sai na frente.”

Amanda também aponta que a região passa por um movimento intenso de profissionalização, especialmente nas empresas familiares, o que exige líderes preparados para atuar em processos de sucessão e modernização da governança. Entretanto, há desafios que ainda pesam na atração e retenção de talentos, como questões relacionadas à saúde e à educação de qualidade, especialmente para executivos com filhos em idade escolar.

“Essa temática surge com frequência durante nossas conversas com profissionais da região, muitos deles vindos de fora. Em Cuiabá, por exemplo, haverá a abertura de uma escola bilíngue que já tem fila de espera, o que sinaliza um reflexo da demanda crescente por ensino de excelência, inclusive como preparação para o relacionamento com investidores e mercados internacionais”, destaca a sócia.

Agronegócio: empresa a céu aberto

Amanda observa que, especialmente no agronegócio, a adaptabilidade sempre foi uma competência-chave, mas atualmente essa necessidade se intensificou. “Sempre nos referimos ao setor como uma ‘empresa a céu aberto’, pois enfrentamos constantemente as diversas variações climáticas”, explica.

Além disso, há a convivência de múltiplas gerações nos times, o que exige ainda mais flexibilidade dos gestores. “O agronegócio brasileiro está passando por uma profunda transformação. Pressionado pelas mudanças climáticas, exigências dos mercados internacionais e pela necessidade de maior eficiência, o setor busca um novo modelo baseado em inovação, sustentabilidade e colaboração”, afirma.

Dados recentes da PWC reforçam esse cenário: 56% dos CEOs do agronegócio brasileiro apontam as mudanças climáticas como sua maior preocupação. “Quem se adaptar e corrigir a rota mais rapidamente sairá na frente e obterá melhores resultados”, destaca Amanda.

Mudam as perguntas e também os líderes

Amanda aponta que há uma mudança clara na postura das empresas em relação à contratação de executivos. Mais do que experiência e resultados, o mercado busca hoje profissionais que tenham passado por transformações e situações difíceis.

“Todas as empresas estão em busca dos melhores profissionais. O que mais temos ouvido nas conversas atualmente é a valorização do básico bem-feito: estar presente com o cliente na ponta e agregar valor.”

Segundo ela, os profissionais que demonstram capacidade real de adaptação, de revisão de rotas e de geração de valor em momentos desafiadores se destacam nos processos seletivos. “Quem está no setor há muito tempo sabe que ele é cíclico. E quem souber se mover com agilidade nessas mudanças, sairá na frente.”

Adaptabilidade: competência-chave para liderar o agora e o amanhã

A sócia da EXEC destaca que a adaptabilidade hoje é muito mais do que uma resposta à crise: é uma estratégia de longo prazo. “Ela exige um tipo de liderança mais humanizada, que coloque em prática a coragem para decidir mesmo quando todos os dados não estão disponíveis na mesa, além da disposição para ouvir antes de agir. É esse o tipo de líder que consegue proteger a cultura da empresa sem engessá-la e que impulsiona a inovação mesmo em momentos difíceis”, analisa.

Para ela, a liderança adaptativa não nasce do improviso. “Ela vem da escuta, do repertório, da coragem de testar o novo e da disposição para aprender e reaprender, mesmo sob pressão. São esses líderes que, diante do inesperado, conseguem enxergar o que pode ser transformado”, conclui Amanda.

Fonte: Fernanda Ribeiro 

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