Após a polêmica entre o setor do agronegócio e a escola de samba Imperatriz Leopoldinense sobre o samba-enredo “Xingu, o Clamor da Floresta”, que será apresentado no Carnaval carioca deste ano com uma ala chamada “Fazendeiros e Seus Agrotóxicos”, o carnavalesco da escola, Cahê Rodrigues, concedeu uma entrevista ao Canal Rural para esclarecer os pontos contestados.
Rodrigues explica que o enredo é de “exaltação aos povos indígenas, sua luta pela sobrevivência e pela floresta” e que “em momento nenhum quis agredir o agronegócio”. Ele diz que a ala foi julgada apenas pela fantasia e diz que existem “bons profissionais e maus profissionais”, sendo assim, quando cita o mau uso do agrotóxico, dirige a mensagem especificamente aos profissionais que não se preocupam com a natureza – o que, segundo ele, não representa todo o setor do agronegócio.
Ele lembra também que, no último ano, a escola realizou uma exaltação à agricultura brasileira em um enredo falando sobre os sertanejos, destacando a dupla Zezé di Camargo e Luciano. Nesta ocasião, a escola, segundo ele, falou da cida do caipira, da lida do homem do campo e exaltou a profissão do agricultor. Destaca ainda que o agronegócio, por sua vez, já foi muitas vezes tema de outros sambas-enredo de escolas campeãs no Rio de Janeiro.
Com as suspeitas por parte do setor de que a escola também havia recebido patrocínio externo, Rodrigues esclarece que a escola está pagando o Carnaval com o dinheiro recebido da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA), que é o mesmo valor repassado para todas as escolas. “Não gosto de polêmicas. Sempre respeito o próximo. Foi um grande mal-entendido e eu volto a bater na tecla de que a estrela principal da festa é o índio xinguano e a intenção nunca foi agredir ninguém”, diz o carnavalesco.
Em comentário no Canal Rural, o jornalista João Batista Olivi aponta que seria mais eficiente que o carnavalesco retirasse a frase do enredo, pois dá a entender que todo o setor é culpado pela destruição. Ele critica a perpetuação da miséria na região Norte do país, o que afeta diretamente os indígenas, segundo seu comentário e também acredita que a defesa do tema pela escola dá a entender que ela “não conhece o Xingu, não conhece a vida dos índios”.
João destaca ainda que “se está mal conduzido o debate, foram eles que começaram”. “Precisa analisar essa generalização porque quem vai ver esse desfile e a frase que ele cunhou são os povos de todo o mundo”, opina.
Para Miguel Daoud, que também comentou o tema, Cahê “deixou claro que o objetivo era ajudar a questão indígena, logo, não precisava ter ligação com o agro”. Para ele, a crítica na questão indígena deveria ser direcionada à corrupção, ao Incra e “ao viés ideológico que utiliza o índio como massa de manobra”. Ele aponta ainda que mais de 60% das reservas ainda são preservadas e que existe um Código Florestal que estabelece o que deve ser feito – assim, segundo ele, o Governo é quem deveria punir os culpados.
Veja alguns exemplos de como as lideranças do Agronegócio se posicionam sobre o tema:
Agro começa a reagir ao samba-enredo da Imperatriz
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Fonte: Notícias Agrícolas



