O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (2), o relatório do deputado Zé Vitor (PL-MG) à Medida Provisória 1.308/2025, que institui a Licença Ambiental Especial (LAE) para empreendimentos estratégicos. Durante a análise dos destaques, um deles — que poderia alterar pontos centrais da proposta — foi rejeitado por 300 votos a 123, assegurando a manutenção integral do texto apresentado pelo relator. A MP segue agora para votação final no Senado.
A MP havia sido aprovada pela Comissão Mista na manhã desta terça-feira, durante a etapa inicial de tramitação no Senado. A presidente do colegiado e vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), senadora Tereza Cristina (PP-MS), destacou que a medida “estabelece um rito claro, com previsibilidade e segurança jurídica, sem flexibilizar exigências ambientais”.
Segundo Zé Vitor, o relatório resgata discussões realizadas na tramitação da Lei Geral do Licenciamento Ambiental e corrige lacunas que davam margem a interpretações divergentes. Entre os pontos enfatizados está a explicitação da lista de atividades que não podem ser enquadradas na Licença por Adesão e Compromisso (LAC).
“Não houve, em momento algum, previsão de que atividades como mineração pudessem ser licenciadas por LAC. Fizemos questão de deixar isso expresso para evitar distorções e garantir segurança jurídica”, afirmou o relator.
O texto mantém a exigência de EIA/Rima para empreendimentos de significativo impacto ambiental, simplifica etapas específicas — como procedimentos de dragagem de manutenção — e promove a integração eletrônica dos processos. O parecer também reconhece a constitucionalidade da MP e acolhe parcialmente sugestões apresentadas por parlamentares.
O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (Republicanos-PR), também destacou o papel da LAE na retomada do crescimento. “A LAE é mais uma oportunidade que o Congresso Nacional oferece para tirar do papel os projetos estratégicos que o Brasil precisa para voltar aos trilhos do crescimento, com segurança e preservação ambiental”, afirmou Lupion, que passou o dia em articulação com líderes partidários durante a votação da MP.
Avanço para o setor produtivo
Ex-presidente da FPA, o deputado Sérgio Souza (MDB-PR) afirmou que a modernização do licenciamento representa “um grande destravamento para o Brasil”. Ele lembrou que a discussão se arrasta há mais de 20 anos no Congresso e ressaltou o papel do relator na construção do texto.
“Não haverá vida humana sem alimentos, assim como não haverá sem um meio ambiente ecologicamente equilibrado”, disse. “A lei concilia o melhor do setor produtivo com a necessária proteção ambiental, em uma convergência responsável, técnica e madura.”
Para Souza, a proposta coloca o Brasil em posição de liderança ao mostrar que desenvolvimento econômico e preservação ambiental são compatíveis. “Com essa modernização, o Brasil se torna ainda mais gigante na produção de alimentos e na produção ambiental.”
Relator da Lei Geral do Licenciamento na Câmara em legislaturas anteriores, o deputado Kim Kataguiri (União-SP) reiterou críticas ao que classificou como “campanha de destruição de reputação” conduzida por setores do governo.
“Quando esta Casa aprovou o projeto, desafiei qualquer parlamentar a apontar onde estaria a ‘devastação’. Até hoje ninguém indicou um único artigo que promovesse destruição ambiental”, afirmou.
O deputado citou pontos reforçados pelo relator na MP:
– impossibilidade de uso da LAC em casos de supressão de vegetação;
– obrigatoriedade de conhecimento prévio sobre condições ambientais e localização do empreendimento;
– aplicação restrita a atividades corriqueiramente licenciadas.
“Auto-licenciamento é uma contradição em termos. A licença continua sendo concedida pelo órgão ambiental, que também fiscaliza”, afirmou.
Próximos passos
Com a aprovação na Câmara, a Medida Provisória será analisada nesta quarta-feira (3) pelo Plenário do Senado. O relator Zé Vitor afirmou que seguirá dialogando com lideranças partidárias para eventuais ajustes finais antes da votação conclusiva.
O que disseram os integrantes da FPA:
“Discutir licenciamento ambiental é tratar de um tema fundamental para o desenvolvimento do país. Por anos convivemos com um arcabouço ultrapassado, que atrapalhava a vida de quem produz. Hoje entregamos ao Brasil uma resposta concreta, moderna e necessária”, disse Zé Trovão (PL-SC).
“O relatório desburocratiza e torna o processo mais ágil e eficiente. Ninguém está banalizando licenças ambientais. Estamos criando condições reais para que empreendedores, agricultores e gestores públicos possam avançar com segurança jurídica e previsibilidade”, afirmou Ricardo da Zaeli (PL-MT).
“Esta medida é essencial para destravar o país. Não é possível que produtores rurais esperem anos por autorizações. O relatório do deputado Zé Vitor simplifica o licenciamento de forma responsável e dá ao Brasil a chance de crescer com eficiência e equilíbrio”, declarou Coronel Assis (União-MT).
“O que vimos na COP30 foi um desastre diplomático e ambiental, um episódio que expôs fragilidades da política ambiental do governo. Enquanto setores do governo atacam o licenciamento ambiental responsável, seguimos defendendo o desenvolvimento, a infraestrutura e aqueles que mais precisam. A oposição continuará lutando por um Brasil que avance com segurança jurídica, eficiência e respeito à população”, disse Rodolfo Nogueira (PL-MS).
“A população indígena sofre com a dificuldade de acesso à saúde, à educação e a condições básicas de desenvolvimento. Este projeto não resolve tudo, mas representa um avanço importante ao agilizar licenciamentos que podem transformar realidades. Parabéns ao deputado Zé Vitor pelo trabalho. O Brasil importa 90% do potássio que consome, enquanto temos reservas a serem exploradas, assim como terras raras no sul do Amazonas. O Amazonas não é problema, o Amazonas é solução para o país”, concluiu Capitão Alberto Neto (PL-AM).
Fonte: Imprensa FPA



