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Cadeia produtiva debate cenários para a pecuária no ano de 2023

Instituto Desenvolve Pecuária promoveu o encontro que focou tendências em informação e união dos elos da cadeia da carne

Produtores, universidade e indústria estiveram reunidos na tarde da sexta-feira, 16 de dezembro, para debater os rumos da produção de gado de corte no Rio Grande do Sul em 2023. O evento, realizado na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi organizado pelo Instituto Desenvolve Pecuária e,contou com o apoio do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro).

O presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Luis Felipe Barros destacou o alto custo no campo para a produção de carne. “A nossa carne briga por preço, mas a gente não vai conseguir brigar para ter uma carne barata e não vamos conseguir porque não temos comida barata”, afirmou. Ele se disse pessimista quanto ao futuro para o setor, mas que o evento foi pensado para ouvir os associados, falar de pecuária em 2023 e saber as dificuldades e as potencialidades. “Não só pelo olhar dos especialistas, mas também dos associados, dos produtores”, concluiu.

O primeiro tema debatido foi a necessidade dos produtores se abastecerem de informações de qualidade e confiáveis. A palestra foi ministrada por Antônio Sartori, diretor da Brasoja Corretora. “Informação boa é aquela que gera curiosidade. Tenho um entendimento que o agro é muito desinformado, que vai atrás de informações sensacionalistas e irresponsáveis e, por causa disso, faz uma má comercialização”, disse Sartori. Ele disse que o produtor tem que entender que o negócio dele tem um único objetivo, o preço. “Temos hoje no mundo excesso de informações, desinformação e fake news. É demais a informação. O produtor não tem opção de selecionar e deve desenvolver habilidades para não comer pela mão de outros”, alertou Sartori.

O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio Grande do Sul (Sicardegs), Ladislau Böes, destacou que as dificuldades e as crises trazem oportunidades. “O que vemos hoje de produtor se aproximando da indústria e indústria do produtor mostra que todos estão querem buscar uma solução. Qual será que ninguém tem a receita do bolo pronta, mas muitas cabeças pensantes, a Ufrgs junto trazendo todo knowhow, ali na frente vamos colher bons frutos”, disse. Böes disse que a carne gaúcha é muito bem aceita em todos os mercado, porém as pessoas estão muito em busca de preço”, analisou. Para ele, enquanto o custo de produção no estado for alto, dificilmente será vista a rentabilidade para o produtor e para a indústria. ”Todos os elos da cadeia hoje estão comprometidos devido à falta de rentabilidade. A gente precisa se reinventar, precisamos juntos, buscar defender nossos interesses e a solução para a cadeia como um todo”, concluiu.

O professor Júlio Barcellos, do NESPro, apresentou dados da carta conjuntural que o núcleo produz trimestralmente. Os dados, conforme Barcellos, apontam uma série de eventos que aconteceram em 2022 e sinalizam a importância de se conhecer estes números para o produtor tomar decisões olhando para 2023. “Todo o mercado interno do Rio Grande do Sul está sendo abastecido pelo Centro Oeste e Norte brasileiros, então essa grande entrada de carnes é um sinal para a pecuária gaúcha que ela precisa recuperar a sua competitividade e aumentar a sua produtividade para que o custo de produção seja concorrente com essas carnes que vêm de fora” alertou.

O professor disse, ainda, que a Universidade tem selo de qualidade, expertise, que o NESPro tem sua reputação, usa fontes oficiais, faz certa contextualização de dados, mas que apenas o produtor, de posse disso, pode tomar suas decisões. “Ainda o sul do Brasil é um pouco reticente em acreditar na informação e utilizá-la com propriedade para que lhe seja útil, mas estamos caminhando no rumo certo”, concluiu.

Após as palestras, foi realizado um painel especial que abriu espaço para os associados do Instituto que expuseram as experiências do campo e as angústias quanto ao mercado.

Fonte: AgroEffective

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