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Brasil mira Ásia e Europa para reduzir dependência do mercado americano

Diante do aumento do protecionismo adotado pelos Estados Unidos, o Brasil tem intensificado os esforços para diversificar seus mercados de exportação e reduzir a dependência do parceiro norte-americano. Países da Ásia e da Europa surgem como alternativas viáveis, mas especialistas alertam que o redirecionamento exige mais do que assinar novos contratos.v

O interesse por novos mercados está em alta, porém especialista alerta que a diversificação das exportações não se resume à mudança geográfica dos destinos.“Não basta trocar o destino da mercadoria. Cada mercado tem suas próprias exigências sanitárias, ambientais, documentais e culturais. É preciso reestruturar portfólios, capacitar equipes e garantir que a empresa esteja apta a competir em ambientes regulatórios complexos”, afirma Thiago Oliveira, CEO da Saygo, holding brasileira especializada em comércio exterior e soluções para internacionalização de empresas.

Com mais de 23 anos de atuação no setor, a equipe da Saygo relata aumento expressivo na demanda por consultoria técnica para entrada em países como Alemanha, Japão, Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul e Índia. 

Segundo Oliveira, esses mercados apresentam alto potencial de consumo, especialmente para alimentos processados, proteínas animais, bebidas alcoólicas e produtos industrializados com rastreabilidade e valor agregado. No entanto, a entrada nesses países exige certificações rigorosas, como o selo HACCP, ISO 22000 e diretrizes ESG, além de padronização documental e logística adaptada.

Dados do Comex Stat mostram que, em 2024, as exportações brasileiras para países da União Europeia somaram US$ 56 bilhões, enquanto as vendas para o Sudeste Asiático ultrapassaram US$ 45 bilhões,  ambos os blocos com crescimento superior a 12% em relação ao ano anterior. “A tendência é de alta, mas quem não se adaptar vai perder espaço. As margens estão diretamente ligadas à conformidade e ao posicionamento estratégico da empresa no país de destino”, reforça o executivo.

Um dos principais entraves, segundo Oliveira, é a adaptação contratual. Diante de regras distintas de pagamento, prazos alfandegários e exigências fitossanitárias, muitas empresas brasileiras precisam reformular cláusulas comerciais, negociar novamente prazos e estabelecer canais logísticos próprios. Para isso, a Saygo tem utilizado ferramentas de análise preditiva, com simulações de entrada em mercados e mapeamento de riscos operacionais antes da primeira exportação.

Outro ponto decisivo está na mudança do perfil do consumidor internacional. Em países como Alemanha, Holanda e Japão, a rastreabilidade do produto, da origem da matéria-prima ao transporte, é pré-requisito. “O selo de sustentabilidade deixou de ser um diferencial. Hoje ele é obrigatório para colocar o produto na prateleira”, alerta Oliveira.

Para apoiar empresas no processo de adequação, a Saygo oferece consultorias técnicas com foco em compliance regulatório, inteligência cambial, governança documental e sustentabilidade ambiental. A empresa também atua no redesenho do portfólio, com foco em valor percebido e adaptação cultural de embalagens e comunicação.

Para o executivo, ampliar o alcance internacional das empresas brasileiras demanda uma mudança de mentalidade por parte do setor exportador. “A diversificação não é um movimento defensivo. É uma estratégia de fortalecimento. O Brasil tem potencial para crescer fora da lógica da dependência dos EUA, mas isso exige método, preparo e visão de longo prazo”, conclui o CEO.

Fonte: Carolina Lara

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