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Brasil foca manejo biológico de praga de mudas de tabaco e já atende 4,2 mil produtores  

Empresa pioneira na área de manejo integrado de pragas produz e comercializa ácaro predador eficaz no controle biológico da ‘mosquinha-das-mudas’ do tabaco; investimento em logística garante entrega de bioinsumo com validade restrita, fabricado no interior de SP, a 50 municípios do Sul do País

Engenheiro Coelho (SP) – O tabaco se consolida entre as culturas que menos demandam agroquímicos. Uma parceria de sete anos entre a empresa paulista Promip e a BAT – British American Tobacco Brasil, líder do mercado de tabaco, confirma essa tendência. Após quatro anos de pesquisas, seguidos de mais três anos para viabilidade comercial, as duas empresas já levaram a 4,2 mil agricultores do Sul do País, principal produtor de tabaco, uma ferramenta natural de ponta para o manejo do inseto-praga ‘mosquinha-das-mudas’, antes controlado somente por inseticidas químicos. 

A mosquinha-das-mudas, ou fungus gnats (Bradysia matogrossensis), é descrita como uma praga de solo que apresenta riscos sanitários a sistemas de produção de mudas de tabaco (floating), entre outras culturas. Na fase adulta, ela põe ovos no substrato das mudas, dos quais surgem larvas que ocasionam a destruição de raízes e a morte de plantas. Nos casos mais severos, a praga pode causar danos da ordem de 60% a viveiros de mudas de tabaco, segundo informa o engenheiro agrônomo Marcelo Poletti, fundador e CEO da Promip.

Criada em 2006, hoje posicionada entre as empresas mais inovadoras nas áreas de defensivos agrícolas biológicos e manejo integrado de pragas (MIP), a Promip descobriu que o ácaro predador Stratiolaelaps scimitus alimenta-se de larvas das mosquinhas de fungos gnats, impedindo o desenvolvimento da praga nos viveiros. Com base nesse estudo, a empresa desenvolveu um protocolo para uso do predador nas mudas de tabaco. Surgiu, então, a tecnologia de marca Stratiomip®, que ancora a parceria com a BAT Brasil.

Marcelo Poletti esclarece ainda que o ácaro Stratiolaelaps scimitus é o único predador natural da larva da mosquinha-das-mudas do tabaco. “Um frasco de Stratiomip® contém dez mil ácaros predadores vivos e flocos de vermiculita. Trata-se de tecnologia sob medida para que a natureza controle a natureza.” Ele adianta também que o bioinsumo é produzido exclusivamente na biofábrica da Promip, na cidade de Engenheiro Coelho (SP), na região de Campinas. 

Agroquímicos – Segundo a BAT, nos últimos vinte anos houve redução significativa no volume de agroquímicos aplicado no tabaco brasileiro, graças ao manejo integrado de pragas e doenças e de estratégias sustentáveis de manejo. A BAT ressalta que seu Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT), criado em 1918, conecta atualmente 20 mil produtores. Essa estrutura, conforme a companhia, funciona como um ecossistema agrícola e tem por objetivo aprimorar a tecnologia e a sustentabilidade da cultura do tabaco em diversas frentes, tais como manejo de solo, pesquisa e desenvolvimento de variedades resistentes a insetos-pragas e doenças, produtividade, sistema de cura, emissões de carbono e proteção de plantas.

Desafio logístico – Engenheiro agrônomo por formação, Geraldo Oliveira trabalhou cerca de 40 anos na área de pesquisa & desenvolvimento de tecnologias para a cultura do tabaco. Foi ele quem coordenou o processo de introdução e a difusão comercial do manejo biológico da mosquinha-das-mudas com Stratiomip® no Sul, região que concentra quase toda a produção de tabaco do País, cerca de 664 mil toneladas na safra 2020. 

“Ao mesmo tempo que identificamos, à época da chegada de Stratiomip®, uma solução sustentável de ponta, nos deparamos com o desafio da logística: como transportar rapidamente o produto de Engenheiro Coelho, interior de São Paulo, e entregá-lo diretamente a milhares de pequenas propriedades dos três Estados do Sul?”, recorda Oliveira. O consultor adianta que por se constituir num ‘produto vivo’, quanto antes for aplicado, mais eficácia o ácaro predador terá na proteção de plantas.

Frente ao desafio da distribuição, BAT e Promip somaram esforços e investimentos que deram origem a uma complexa, mas eficaz, logística. Hoje Stratiomip® sai da biofábrica de Engenheiro Coelho para o aeroporto de Campinas. Depois segue, por via terrestre, a cerca de 50 municípios do Paraná, Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. É distribuído aos produtores participantes do SIPT da BAT Brasil por transportadoras locais parceiras. Stratiomip® chega às propriedades, em média, uma semana antes da data de sua aplicação, que deve ocorrer uma semana após a semeadura do tabaco.

“Estamos agora diante de outro desafio: ampliar a base de produtores de tabaco usuária do manejo biológico, pois a Promip desenvolveu mais quatro produtos com potencial para manejo de insetos-pragas da cultura”, continua Geraldo Oliveira. “Barreiras logísticas vencidas no trabalho com Stratiomip® surtiram efeito direto no sucesso do uso de macrobiológicos em culturas de alto valor agregado, em todas as regiões do País”, complementa Poletti, da Promip.

Tabaco em números – Dados do Sinditabaco – Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco –, de 2020, mostram que a cultura se concentra em pequenas propriedades, cuja dimensão média é de 13,7 hectares. Ainda segundo a entidade, o cultivo do tabaco tem alta relevância econômica para quase 550 municípios, gera 40 mil empregos diretos e receita anual bruta de R$ 5,6 bilhões. No cenário mundial, o Brasil figura como segundo maior produtor de tabaco e principal exportador. Foram para o mercado externo, em 2019, 546 mil toneladas do produto, 85% da produção, correspondentes a divisas de US$ 2,14 bilhões.

Fonte: Fernanda Campos 

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