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Bioinsumos impulsionam produtividade da soja brasileira

A produtividade média brasileira de soja nas últimas seis safras foi de aproximadamente 55,1 sc/ha, segundo a CONAB. A média dos produtores que participaram dos últimos seis Desafios de Máxima Produtividade de Soja, do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), foi de 85,3 sc/ha, o que representa um aumento de 30,2 sc/ha. Já a média dos recordistas dos últimos seis Desafios de Máxima Produtividade de Soja, do CESB, foi de 129,6 sc/ha, ou seja, 74,5 sc/ha acima, ou seja, mais que o dobro da produtividade média brasileira.

A análise acima é de Sergio Abud, membro efetivo do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB). Abud trabalha na Embrapa há 43 anos, junto com a equipe de Melhoramento Genético e Manejo Integrado para altos rendimentos na cultura da soja.

“Esses números estão diretamente ligados à eficiência agronômica, amplamente difundida pelo CESB, e os bioinsumos desempenham um papel significativo nesse contexto. Afinal, os bioinsumos, cada vez mais utilizados pelos sojicultores, têm grande potencial para aumentar a produtividade da soja de maneira sustentável, promovendo uma produção mais eficiente, resiliente e ecologicamente responsável. Com investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento, é esperado que os bioinsumos se integrem cada vez mais às estratégias de manejo da soja. Portanto, a utilização de bioinsumos na soja é essencial para alcançar uma produção sustentável, economicamente viável, ambientalmente responsável e com menor impacto ambiental, garantindo uma agricultura mais eficiente e alinhada com as necessidades do futuro”, explica Abud.

Mudanças Climáticas

Abud analisa que, nos últimos anos, as mudanças climáticas têm favorecido a multiplicação de pragas, doenças, plantas daninhas e estresses bióticos e abióticos. “Além disso, houve perdas na eficiência de moléculas de agrodefensivos importantes para o manejo das lavouras, o que exige cada vez mais manejos complexos e de custo elevado”, pontua.

Neste cenário, o uso de bioinsumos na cultura da soja tem ganhado destaque, impulsionado pela busca por práticas agrícolas mais sustentáveis, eficientes e economicamente viáveis. “O desenvolvimento e a adoção de tecnologias baseadas em macro e microrganismos benéficos e extratos naturais visam reduzir a dependência de insumos químicos, otimizar o uso de recursos naturais e promover a saúde do solo. Entre as principais oportunidades do uso dos bioinsumos, destaca-se a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), um processo realizado por bactérias como Bradyrhizobium spp., que reduz a necessidade de fertilizantes nitrogenados na soja”, pontua o membro do CESB.

Dentro deste contexto, Abud cita a Dra. Ieda Mendes, da Embrapa Cerrados. “Segundo a pesquisadora, a FBN gera uma economia significativa para a agricultura brasileira, com uma estimativa de aproximadamente US$ 17 bilhões por ano, além de promover a redução do impacto ambiental e o aumento da fixação de carbono”, acrescenta.

Manejo

No manejo de doenças de solo e da parte aérea das plantas, biofungicidas e biobactericidas, como Trichoderma spp. Bacillus pumilus, Bacillus velesensis, Bacillus subtilis e outros, oferecem, segundo Abud, controle eficiente para várias patologias, como macrophomina, rhizoctonia, phomopsis, nematóides, mofo branco, mancha alvo, cercospora e ferrugem-asiática.

“O controle biológico de pragas, com entomopatógenos como Isaria fumosorosea, Beauveria bassiana e metarhizium anisopliae, além do vírus da poliedrose nuclear (NPV) e do Bacillus thuringiensis, reduz o uso de inseticidas químicos. Além disso, bioestimulantes e promotores de crescimento de raíz, como Azospirillum brasilense, Bacillus amyloliquefaciens, Bacillus firmus e extratos de algas, contribuem para o manejo de nematoides, desenvolvimento das plantas, e ainda as fortalecem contra fitotoxidez e estresses bióticos e abióticos. No manejo nutricional, microrganismos como Bacillus spp. e Pseudomonas spp. auxiliam na solubilização de nutrientes importantes, aumentando a eficiência da adubação”, exemplifica o membro do CESB.

O uso de insetos parasitoides no controle biológico de pragas na soja desempenha um papel fundamental na gestão sustentável das lavouras. Organismos como vespas – Trichogramma pretiosum e Telenomus podisi – são parasitoides de ovos de lagartas percevejos. “Fazem a postura sobre os ovos do inseto-praga e impede a emergência de lagartas e ninfas de percevejo, interrompendo o ciclo de vida das pragas e reduzindo suas populações de forma natural. Essa abordagem não prejudica os insetos benéficos nem o meio ambiente, oferecendo uma alternativa ecológica e eficiente ao uso de inseticidas químicos. Ao controlar pragas como lagartas, percevejos, ácaros e mosca-branca (Bemisia tabaci), os parasitoides minimizam os impactos ambientais e promovem o equilíbrio ecológico das lavouras. Além disso, sendo altamente específicos para suas presas, os parasitoides reduzem os riscos de resistência das pragas aos defensivos químicos, além de preservar a biodiversidade do ecossistema agrícola, tornando-se aliados indispensáveis na busca por uma produção mais sustentável e equilibrada”, diz Abud.

“A utilização de bioinsumos na soja desempenha um papel essencial na melhoria tanto da produtividade quanto da sustentabilidade da cultura. Em primeiro lugar, esses insumos promovem a melhoria da nutrição das plantas e auxiliam no desenvolvimento do sistema radicular, o que otimiza a absorção de água e nutrientes disponíveis no solo. Os bioinsumos também favorecem o aumento da biodiversidade e a saúde do solo, criando um ambiente mais equilibrado e fértil. Como resultado, as plantas de soja conseguem acessar os recursos necessários para um crescimento vigoroso e saudável, especialmente em anos de menor disponibilidade de chuvas, o que reflete diretamente em maior rendimento e peso dos grãos”, finaliza.

Fonte: Rodrigo Capella

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