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Bacia do Anastácio tem déficit de 69% na cobertura florestal

Pesquisa revela que a bacia hidrográfica do alto curso do rio Santo Anastácio tem déficit de 69,57% de cobertura florestal. Porém, há resiliência do ecossistema, mesmo diante do impacto significativo sobre a biodiversidade e regulação hídrica.

Quanto à mastofauna, foram observadas 12 espécies de animais, com a predominância de gambá, ouriço e capivara. Sobre a avifauna, a constatação foi de 119 espécies em 39 famílias, especialmente pombos, canários e tico-ticos.

Foram encontradas algumas incluídas no rol de aves raras na região, tais como pássaro-preto, trinca-ferro e papagaio. Nos 30,43% de matas preservadas em áreas de proteção ambiental a maior diversidade de espécies em estágio avançado.

As 75 espécies nativas em tal estágio, são árvores com altura média de 11 metros e diâmetro a altura do peito (Dap) de 24cm na altura de 1,30, o que representa a circunferência de 75cm. Em estágio médio são 65 espécies e estágio inicial 24.

São dados ecológicos que evidenciam a resiliência de fragmentos remanescentes da Mata Atlântica, ou seja: a capacidade do ecossistema responder aos distúrbios por si só, de resistir aos danos e de recuperar-se.   

Extensão geográfica

A extensão geográfica do estudo compreendeu o trecho do rio (na “bacia do alto”) entre a nascente em Anhumas até a represa da Cica em Presidente Prudente, local de extração de água pela Sabesp para parte do abastecimento da cidade.

Na bacia hidrográfica – Anhumas, Regente Feijó, Pirapozinho, Presidente Prudente e Álvares Machado – os dados foram extraídos em parcelas amostrais de 500 metros: quatro de cada estágio (inicial, médio e avançado), sobre animais, aves e árvores.

A complexidade da pesquisa do biólogo André Gonçalves Vieira, com orientação do professor Dr. Paulo Antônio da Silva, buscou estabelecer diagnóstico sobre a vida dos animais e das aves, entender suas dinâmicas e respostas às alterações no ecossistema.

Além das ações antrópicas, com os danos que os humanos causam ao meio ambiente e que interferem na flora e na fauna, os períodos de seca e de chuva são modificadores das dinâmicas nas áreas de cobertura florestal.

Políticas públicas

Um exemplo está nos predadores que deixam os ambientes mais seguros, em busca de alimentação, muitas vezes fora da floresta, caminhando por espaços que deveriam ser de matas ripárias, também chamadas ciliares.

Muitos proprietários, sendo a maioria de criador de gado, não preservam os 30 metros às margens do rio, conforme determina a legislação. A falta de cobertura florestal reduz a possibilidade de corredor ecológico para a troca gênica entre fauna e flora.

Os resultados da pesquisa, apresentados em recente defesa pública da tese produzida pelo autor, alerta sobre o desiquilíbrio ambiental e a importância das matas florestais remanescentes, com a necessidade de proteger e restaurar o ecossistema.

Também oferece subsídios para políticas públicas com preciosos dados levantados in loco pelo pesquisador e mediante uso de imagens de satélite, culminando com cálculos de áreas, elaboração de mapas temáticos e caracterização da bacia hidrográfica.

Título de Doutor

A tese desenvolvida e defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional (Madre) contou ainda com o envolvimento direto do Dr. Marcelo Rodrigues Alves, na condição de coorientador.

A avaliação envolveu a coordenadora do Programa, Dra. Alba Regina Azevedo Arana; Dra. Maíra Rodrigues Uliana, ambas pela Unoeste; Dra. Nelissa Garcia Balarim, da Universidade Federal do Paraná; e Dra. Renata Ribeiro de Araújo, da Unesp.

André foi aprovado para receber o título de Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, com a tese sobre dinâmica ambiental e sucessão ecológica das matas ripárias da bacia hidrográfica do alto curso do rio Santo Anastácio.

Fonte: Emerson Rodrigo Sanchez

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