Produtores rurais da cadeia da bovinocultura do leite das cidades de Jequitaí, Francisco Dumont e Espinosa estão cada vez mais animados com as novas possibilidades de retomada dos negócios após os primeiros meses do Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG Inclusão Produtiva. Com formato voltado para pequenos produtores, o trabalho dos técnicos de campo do Sistema Faemg Senar tem tido foco na correção de métodos de trabalho e organização dos negócios rurais.
“Os produtores estavam com o sistema de trabalho desorganizado, especialmente na parte gerencial. Eles estavam trabalhando sem fazer conta, sem anotar os dados e, por isso, muitos deles não estavam conseguindo resultados com a produção. Neste início estamos trabalhando a organização do negócio e também do rebanho. Com essa organização, estes produtores vão ter um controle do que está sendo feito. Existe potencial, mas precisamos quebrar a resistência na adoção de novos métodos de trabalho”, explica o técnico de campo responsável pelos grupos de Jequitaí e Francisco Dumont, Flávio Elias dos Santos.
Cada cidade conta com 20 produtores no programa, que são orientados sobre gestão básica; melhoria da produção com planejamento e controles; incentivo à comercialização e capacitação; e estímulo à participação em atividades do sindicato, cooperativas ou associações. Gilberto Rabelo Santos e o filho Jeferson Rabelo são assistidos pelo ATeG. A propriedade da família, em Francisco Dumont, tem como tradição a produção de requeijão. Em média, são 35 unidades por semana. Com as novas metodologias de trabalho, a dupla vê a possibilidade de ampliar o negócio e renovar a estrutura de trabalho da fazenda.
“Não é nada fácil sair de uma rotina para a outra, mas acreditamos que é possível melhorar bastante. Desde que o ATeG iniciou, voltamos a fazer silagem, com orientação do técnico. Também passamos a entender que é possível melhorar a rotatividade dos animais por piquete. Então, acredito que vai melhorar bastante daqui para frente. Através da assistência e das novas tecnologias estamos tentando mudar para acompanhar as novidades, se não a gente fica perdido”, declara Gilberto Rabelo.
“Estamos atuando para instruir estes produtores para atingirem melhor qualidade na produção e no manejo dos seus animais. O que se consegue melhorar já representa um lucro significativo ao produtor. Hoje a atividade rural exige mão de obra qualificada. Através dos cursos e ações, associado ao ATeG, estamos trazendo mais capacitações”, completa o presidente do sindicato em Jequitaí, Lindolfo Abdala Júnior.
Novos desafios
A assistência deste programa, realizado em parceria com os respectivos Sindicatos de Produtores Rurais, é mais curta, com duração de um ano, com visitas mensais presenciais e remotas do técnico de campo. A expectativa é que a nova mentalidade para atuação no campo também prepare este pequeno produtor para que possa se integrar a outros programas e ações do Sistema Faemg e seguir evoluindo.
“Tem sido bom este tempo que eles estão tendo com o ATeG Inclusão, para se adaptarem, entenderem como o programa funciona, ver os objetivos e compromissos. Ao final deste ciclo de um ano, eles estarão mais preparados para se candidatarem a novos programas da Faemg. No início houve resistência, pois muitos já estavam se desfazendo do rebanho e querendo mudar de atividade. E só neste ponto já tem sido um grande impacto o trabalho técnico em campo, nesta virada de pensamento do produtor, que voltou a acreditar no ramo da pecuária de leite”, comenta Marcos Vinícius Alves Nogueira, presidente do sindicato de Espinosa.
José Carlos Ramos da Silva já se vê atuando de forma mais técnica. Cerca de um ano atrás, ele passou a investir o esforço de trabalho na própria fazenda, em Espinosa, deixando de ser funcionário em outros empreendimentos. Com sete vacas, ele passou de 30 para 80 litros por dia de leite produzido e quer crescer mais.
“Eu espero seguir no programa de assistência, porque a parceria com o ATeG tem dado muito certo. Algumas coisas que eu fazia não eram necessárias, só existia despesas, sem retorno. Com a chegada das novas técnicas e conhecimentos, aplicando melhores práticas de manejo e cuidado animal, isso mudou. Estamos trabalhando agora para atingir a produção de 100 litros de leite por dia”, ressalta José Carlos.
Se depender do empenho na adoção das orientações, a maior parte dos produtores vai conquistar novos objetivos. “A mudança de mentalidade está acontecendo aos poucos. Até então, eles estavam somente com cursos, sem o trabalho constante da assistência técnica. Muitos deles têm boa estrutura montada e potencial, mas eram carentes de informação”, destaca a técnica de campo Klébia Danielly, que acompanha os trabalhos na fazenda do produtor José Carlos.
Fonte: Ricardo Guimarães