O presidente da JETRO no Brasil, Hiroshi Hara, diz que SUIB será importante para que as companhias dos dois países possam fomentar parcerias; mercado brasileiro é maduro e repleto de oportunidades
O Japão sempre esteve entre os maiores parceiros comerciais do Brasil, especialmente quando a pauta de negócios remete a minério de ferro e seus concentrados, partes e acessórios automotivos. Agora, o mercado brasileiro quer fomentar a entrada de startups japonesas no país. Há no Japão pouco mais de 10 mil startups. Em 2019 foram investidos US$ 25,38 bilhões, sendo US$ 19 bilhões para startups no mercado doméstico e US$ 6,38 bi para aquelas que atuam fora do país, como aponta a Venture Enterprise Center, do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão.
Para atrair as startups japonesas, executivos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), juntamente com diretores do escritório brasileiro da JETRO (https://www.jetro.go.jp), organização de fomento de comércio exterior do governo japonês, estiveram no Japão para divulgar o ScaleUp inBrazil (SUIB). O objetivo do grupo foi visitar hubs de inovação, aceleradoras, instituições do governo, além de empreendedores locais, para apresentar o programa e as oportunidades oferecidas pelo mercado brasileiro.
Boas oportunidades para os japoneses – Foram dias intensos de visitas no Japão e o saldo foi extremamente positivo. Em Tóquio os brasileiros estiveram em reuniões na matriz da JETRO e na Embaixada do Brasil, onde foram recebidos pelo embaixador Eduardo Sabóia, que será substituído pelo diplomata Octávio Henrique Dias Garcia Côrtes. Ainda na capital japonesa, tiveram um encontro com cerca de 70 participantes, entre investidores, empresas e fundadores de startups.
“Boa parte dos empresários e investidores japoneses não conhece o Brasil. A visita foi importante para mostrarmos a eles o potencial que o mercado brasileiro tem em vários segmentos”, argumenta Shizuko Matsudaira, vice-presidente da JETRO em São Paulo e que acompanha o SUIB desde que o Japão foi convidado a ingressar no grupo, ainda no final de 2021, ao lado de Singapura.
O presidente da JETRO no Brasil, Hiroshi Hara, lembra que o país desperta interesse das startups japonesas especialmente nas áreas de finanças, agritech, e-commerce, varejo e agronegócio. Para ele, empresas que atuam em campos como robótica, inteligência artificial, indústria 4.0, biotecnologia, internet das coisas e deeptech têm muito a crescer no Brasil. “O ScaleUp in Brazil será importante para que as companhias dos dois países possam fomentar parcerias. O mercado brasileiro é maduro e repleto de oportunidades”, afirma.
Apesar de ser a terceira maior economia mundial, o montante de investimentos em venture capital no Japão ainda é reduzido, tendo o país investido menos do que US$ 2 bilhões em deals de venture capital no ano passado. Como comparação, o Brasil, registrou investimentos de US$ 9,3 bilhões. Apenas seis empresas japonesas atingiram o status de unicórnios, enquanto no Brasil esse número chega a 29. Ficou evidente, contudo, aponta a ABVCAP, que os setores público e privado estão alinhados para fomentar o venture capital japonês e será uma questão de médio prazo para que o país deslanche como um dos principais hubs globais no tema.
Inscrições estão terminando – As empresas japonesas interessadas em fazer parte do SUIB têm até o dia 12 de junho para promover as suas inscrições. Apenas cinco delas, com outras cinco de Singapura e dez de Israel, no total de 20 startups, farão parte do seleto grupo que vão para a segunda etapa. Após a ambientação inicial, chega o momento do primeiro ciclo de imersão presencial no Brasil, seguido por um período para ajustes e reestruturações que se façam necessárias. Na sequência, os empreendedores retornam ao país para mais negócios e imersão, que é sucedida pela fase de apoio pós-programa.
Durante o processo, de setembro de 2022 a setembro de 2023, prevê-se a organização de encontros e rodadas de negociação com possíveis clientes e investidores. Além disso, os participantes recebem duas consultorias específicas: uma para ajustar seu produto, serviço ou solução ao Brasil, e outra para fomentar reuniões de negócios.
Os números do mercado no Brasil realmente impressionam. Os aportes dos fundos de private equity e venture capital alcançaram R$ 53,8 bilhões em 2021, número 128% maior que os R$ 23,6 bilhões investidos em 2020, segundo a ABVCAP. O mercado de startups também bate recordes. Em 2021, dez novas empresas de inovação alcançaram US$ 1 bilhão em valor de mercado e se tornaram unicórnios, ao mesmo tempo em que foram investidos R$ 53 bilhões.
Fonte: Core Group