“Me tirou um tampão da frente das vistas”. Assim define o apicultor Mizael Jesus Cardoso sobre o primeiro ano de atuação do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) na sua propriedade. Desde que o técnico de campo do Sistema Faemg Senar iniciou as visitas ao apiário do produtor, localizado em Guaraciama, no Norte de Minas, a produtividade teve um salto gigante. O balanço apresentado durante reunião de benchmarking no Sindicato dos Produtores Rurais de Bocaiuva indica um aumento de mais de 300% na produção do mel.
“Eu creio que esse aumento foi até mais. E essa porcentagem só se refere ao mel de aroeira. Em 2021, eu colhi no máximo uns 150 kg de mel. Agora em 2022, na última florada, com cerca de 40 enxames no apiário, colhi cerca de 600 kg”, relembra Mizael.
Nova rotina
Mas o que mudou em tão pouco tempo? A receita está nas novas técnicas aplicadas no dia a dia do apiário. Como Mizael ainda não vive somente da produção de mel, dividindo o tempo de trabalho com a profissão de pedreiro, os enxames ficavam sem o devido cuidado e atenção.
“Eu crio abelhas há seis anos, mas me tornar apicultor mesmo foi nos últimos dois anos para cá, especialmente, após a chegada do ATeG. Eu criava as abelhas, mas o lucro que eu tinha era muito baixo e muitas vezes só trabalho. A partir do momento que o técnico começou a me instruir, entendi que tudo o que eu fazia antes era 150% errado. Hoje, tudo mudou. Tenho orgulho em mostrar, para quem vem visitar o apiário, os meus enxames”, define Mizael.
Segundo o técnico de campo do Sistema Faemg Senar Júlio César, que acompanha o apicultor no ATeG, a troca de cera, o uso da alimentação artificial e as técnicas de manejo contínuo foram as três principais apostas. “O produtor teve um aumento na produtividade com somente 10 colmeias. Isso mostra que a única forma de ter aumento da produtividade não é necessariamente com a quantidade de colmeias, mas sim por meio de manejos precisos”, destaca.
A média de produção por ano de Mizael Jesus era de nove quilos por colmeia. Agora ultrapassa 21 kg. “Havia essa necessidade de evoluir a produção, afinal, eu tinha abelhas nas caixas, mas sem produção. Estava sendo um trabalho perdido. Quando o Júlio César abriu minha primeira caixa de abelhas, na primeira visita, deixou claro para mim o que era preciso ser feito. Ele me ensinou a trabalhar, a mexer nos enxames, a fazer a limpeza do local e a troca de cera, além da alimentação das abelhas. Hoje conheço o enxame e sei como trabalhar com as abelhas corretamente”, fala ele, com satisfação.
Avançar ainda mais
O apicultor trabalha com apiário fixo, sendo a maior colheita entre os meses de janeiro e maio. A expectativa dele é se planejar para conseguir otimizar sua produção ainda mais e, desta forma, passar a se dedicar somente à apicultura. “Meu sonho é trabalhar só com o apiário. Ainda preciso ajustar meu formato de trabalho, para conseguir migrar minhas abelhas e produzir mais ao longo do ano. Com essas dicas e orientações do ATeG vou seguindo em busca deste objetivo”, projeta.
De acordo com Júlio César, este próximo passo e os planos do apicultor são extremamente necessários para manter os bons índices de produtividade e fazer da atividade um negócio.
“O momento agora é de encarar a atividade de forma mais profissional. Até então, ele e muitos aqui da região atuam na apicultura como uma terceira ou quarta atividade na prioridade da propriedade. Mas estamos mostrando, por meio do ATeG, que a apicultura tem dado retorno e precisa dessa maior atenção do produtor. Só na região de Guaraciama, a apicultura já representa a maior renda na cidade, movimentando mais de R$ 1 milhão por ano. Nenhuma outra atividade rural gera estes resultados na cidade. É preciso aproveitar este potencial regional”, finaliza.
Fonte: Ricardo Guimarães