Em um mercado cada vez mais exigente e globalizado, a reputação empresarial e a integridade nos negócios tornaram-se fatores determinantes para a competitividade das empresas, especialmente para aquelas que desejam expandir sua atuação para o mercado internacional. O assunto foi tema do primeiro episódio da nova temporada do Apexpod, o podcast da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que foi ao ar nesta segunda-feira, 7 de abril, nas principais plataformas de áudio e no YouTube.
Para debater o tema, a Agência reuniu, neste primeiro episódio, o secretário de Integridade Empresarial da Controladoria-Geral da União (CGU), Marcelo Pontes Vianna, o advogado e professor de direito penal da Faculdade de Direito da USP, Pierpaolo Bottini, o gerente de Integridade Corporativa do Sebrae Nacional, Gabriel Portella, e a diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza. Como exemplo de integridade na prática, o podcast ouviu também o empresário Maurício Wendling, diretor da Wirth, empresa de calçados do Rio Grande do Sul. Confira aqui o primeiro episódio da nova temporada do Apexpod.
Reputação e integridade: pilares para um negócio de sucesso
De acordo com Marcelo Vianna, integridade e resultados positivos nos negócios são conceitos completamente associados: “Integridade significa que você vai ter procedimentos para assegurar que vai entregar os produtos e serviços que você pactuou, e que deseja fazer essa entrega de acordo com as normas vigentes, cumprindo as regras que estão estabelecidas”, explica o secretário de Integridade Empresarial da CGU.
“Hoje, ter um programa de integridade é muito mais do que uma obrigação legal, é um diferencial competitivo”, observa Vianna. “Isso melhora a imagem delas, facilita o acesso a crédito, abre portas no mercado externo e reduz custos internos com fraudes”, completa o advogado e professor, Pierpaolo Bottini.
Ambos destacam a importância do Pacto Brasil pela Integridade Empresarial, lançado no ano passado pela CGU para incentivar empresas a adotarem boas práticas de governança, transparência e compliance. Por meio de uma plataforma eletrônica, a empresa adere ao Pacto e assume publicamente o compromisso com a integridade em todo o seu ciclo.
Vianna reforça ainda que a integridade empresarial não é apenas um diferencial competitivo, mas uma exigência para empresas que desejam se consolidar no mercado. “Quando estamos falando de integridade com uma empresa, estamos falando da capacidade dela se manter viva ao longo dos anos. A gente não consegue imaginar que uma empresa que está constantemente descumprindo regras ou desrespeitando esses valores fundamentais vai ter uma longevidade muito grande em termos lucrativos”, ressalta.
Ana Paula Repezza concorda com ele. A diretora da ApexBrasil reforça que a empresa que investe em integridade está investindo na sua sustentabilidade a longo prazo. “As empresas com maiores níveis de integridade e diversidade – porque a diversidade é parte fundamental da integridade -, são empresas mais competitivas e mais longevas. Já está comprovado que, quanto mais diversa for uma empresa, mais criativa, mais inovadora ela é, pois está colocando pessoas com históricos diferentes, olhares diferentes sobre os problemas da sociedade para pensarem em produtos e serviços que podem ser vendidos para o mundo inteiro. Então, uma empresa diversa certamente vai ser uma empresa mais competitiva, mais íntegra”, explica Ana Repezza.
Do ponto de vista das instituições públicas, segundo Pierpaolo Bottini, a preservação da integridade, além de melhorar o ambiente e os negócios, é fundamental também para proteger a imagem das instituições e a própria democracia. “A gente sabe que cada crise em uma instituição pública, em um órgão público, não só afeta aquele que dirige esse órgão ou aquele governo no qual se dá essa crise, mas afeta também as próprias instituições. Isso vai desgastando as instituições e também a própria ideia de democracia, de estado democrático”, alerta.
Já sob a perspectiva dos pequenos negócios, Gabriel Portella avalia que há desafios para inserir o tema da integridade na agenda das micro e pequenas empresas no Brasil. “A gente sabe o quanto é difícil micro e pequenas empresas sobreviverem no Brasil”, afirma Gabriel, explicando que muitas lidam com problemas financeiros urgentes. Ao longo do episódio, ele enfatiza a necessidade de sensibilizar os pequenos empresários sobre a integridade como um diferencial competitivo e um requisito crescente no mercado. “Hoje, se você quer fornecer para grandes empresas, você vai ser cobrado e ter avaliado seus mecanismos de integridade”, destaca o gerente de Integridade Corporativa do Sebrae Nacional, citando também a exigência de programas de integridade em licitações públicas.
O valor da integridade na prática
O diretor da Wirth – empresa de calçados do Rio Grande do Sul -, Maurício Wendling, afirma que todos esses benefícios são verdadeiros. Segundo ele, valores como ética e transparência sempre foram fundamentais em sua empresa, que existe desde 1948 e hoje tem mais de 1.200 funcionários.
“A vantagem de ser uma empresa ética é que você pode tomar qualquer decisão sem medo, porque está fazendo tudo certo, não está enganando ninguém, nem escondendo nada. Você está sendo transparente, está fazendo tudo dentro das normas e das leis vigentes do seu país”, enfatiza. Para Maurício, essa prática traz segurança para os negócios e gera orgulho para quem trabalha na empresa.
Em 2022, a Wirth obteve certificações tanto do Great Place To Work quanto do Fair Trade USA, destacando seu compromisso com a excelência e práticas éticas. Atualmente, a Wirth fábrica 8.000 pares de calçados por dia, sendo que 98% da produção é destinada à exportação.
A Wirth foi a empresa convidada como case do primeiro episódio da nova temporada do Apexpod. Em cada episódio, a ApexBrasil vai mostrar exemplos reais da força da integridade no universo dos negócios.
Fonte: Graziella Cerveira dos Santos Nunes
