Com uma base de 589 animais de 22 provas, o comprometimento e parceria de produtores da raça angus da Associação Brasileira de Angus com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pecuária Sul, através de muita pesquisa, para que a DEPGs (diferença esperada na progênie aprimorada pela genômica) de Eficiência Alimentar fosse lançada nesta Expointer 2023.
A iniciativa é uma parceria da Associação Brasileira de Angus, Embrapa Pecuária Sul, Associação Nacional de Criadores Herdbook Collares (ANC) e Biodata Ciência de Dados, para uma nova avaliação genômica que prediz a capacidade de transmissão dessa característica pelos progenitores.
O gerente de fomento, da Associação Brasileira de Angus, comemora o lançamento dessas DEPGs, “As novas DEPs para as características de eficiência alimentar são mais um marco no melhoramento genético da raça Angus no Brasil, construídas com o apoio e participação de muitos selecionadores que acreditam na evolução da raça. É essencial conseguirmos selecionar reprodutores mais eficientes entre o consumo e ganho de peso”.
As características possuem herdabilidade de média a alta e a seleção com base nessas DEPGs possibilitará que o pecuarista comece a introduzir nos seus rebanhos animais mais eficientes na conversão dos alimentos em carne. “A partir da avaliação de reprodutores mais eficientes no aproveitamento do alimento, realizada durante as Provas de Eficiência Alimentar, temos agora a oportunidade de selecionar animais que se alimentam de forma mais eficiente, ou seja, consumam menos para alcançar melhores índices produtivos”, destacou o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso.
Conforme Cardoso, esta é uma novidade de grande relevância para o setor produtivo, pois garante eficiência e melhor lucratividade aos pecuaristas. “Os custos de alimentação são em geral de 70 a 90% dos custos totais no período de terminação dos animais, então é uma característica fundamental dos sistemas de produção”, destaca.
Três novas DEPGS inter-relacionadas:
A avaliação genômica é baseada em três novas DEPGs que estão inter-relacionadas: Consumo de Matéria Seca (CMS), Consumo Alimentar Residual (CAR) e Ganho Médio Diário Residual (GMDR).
O CMS é o consumo médio diário de alimento do animal com base na matéria seca (descontando a água que tem nos componentes da dieta); o CAR é a diferença entre o consumo de alimento observado e o esperado em função do peso metabólico do animal e do ganho médio diário; o GMDR é a diferença entre o ganho médio diário (GMD) observado para cada animal durante a prova e o estimado com base no consumo de matéria seca e peso metabólico.
As características se relacionam, e, em síntese, busca-se selecionar animais que sejam mais eficientes no uso dos alimentos fornecidos na dieta. Por meio do Consumo Alimentar Residual (CAR) são identificados animais com ganho de peso igual a média do grupo em teste, mas com menor consumo diário de alimento, que tenham, portanto, CAR negativo, e a capacidade de manter níveis adequados de produção usando menos recursos. Por outro lado, o Ganho Médio Diário Residual (GMDR) positivo seleciona animais que ganham mais peso do que a média do grupo, comendo a mesma quantidade, ou seja, têm maior produção sem aumentar a necessidade de recursos alimentares.
Seleção Genômica
A seleção genômica tem seu fundamento no uso de marcadores genéticos moleculares do tipo SNP (polimorfismo de um único nucleotídeo). Assim, através da marcação de uma determinada característica presente no DNA do animal, a seleção genômica permite a identificação dos animais geneticamente superiores, principalmente em características de difícil coleta de dados, acelerando o processo de seleção destes atributos.
Prova de Eficiência Alimentar
A Prova de Eficiência Alimentar (PEA) tem como objetivo identificar os animais que melhor convertam o alimento consumido em desempenho produtivo. O objetivo é comparar e identificar, dentro de um mesmo sistema de produção, reprodutores com menor consumo e crescimento mais acelerado. Para isso são usadas duas medidas principais de aferição de eficiência alimentar: o Consumo Alimentar Residual (CAR) e o Ganho de Peso Residual (GPR). Os indivíduos mais eficientes são aqueles com CAR negativo e GPR positivo. Para o cálculo do índice de classificação final (ICF) da prova leva-se em consideração 50% para cada característica. De acordo com valores de ICF de cada raça, os reprodutores são divididos e classificados em três grupos:
– Elite: animais com ICF maior que a média + 1 desvio padrão;
– Superior: animais com ICF entre a média e 1 desvio padrão;
– Comercial: animais com ICF menor que a média.
Os dados de consumo de cada animal participante da PEA são coletados por meio de cochos eletrônicos. Estes equipamentos possuem comedouros que ficam apoiados sobre células de carga e, em conjunto com sensores e coletores inteligentes, possibilitam o registro eletrônico do alimento consumido por cada indivíduo. Cada participante da prova recebe um brinco eletrônico para a leitura no comedouro cada vez que o animal se alimenta, gerando os dados de consumo pela diferença entre a quantidade de alimento abastecida no cocho e o que foi consumido em cada visita pelos indivíduos.
Esses dados de consumo são correlacionados com as pesagens realizadas durante a prova. Para participar da prova os reprodutores devem pertencer a mesma raça, sexo, idade com variação máxima de 90 dias e ter menos de 24 meses ao encerrar a prova. A PEA tem duração de 90 dias, sendo 20 dias para adaptação à nova dieta e grupo de manejo, mais 70 dias de avaliação. As pesagens são realizadas ao início da prova e a cada 14 dias até o seu encerramento.
Mariana Tellechea, presidente da Associação Brasileira de Angus finaliza que a PEA Angus só foi possível graças à participação e comprometimento dos selecionadores ao enviarem seus animais para a prova. “Os projetos que desenvolvemos são frutos de anos de pesquisa, desenvolvimento e um trabalho de longo prazo. Foram avaliados mais de 500 animais ao longo de diversos anos de prova, e podermos contar com o apoio dos nossos criadores, e principalmente a confiança deles ao enviarem seus animais para esse estudo é muito gratificante”.
Fonte: Veronica Vargas Muccini Longhi