*SOJA*
*O MERCADO NA ÚLTIMA SEMANA* – mais uma semana marcada por recuos generalizados em Chicago, causados — principalmente – por preocupações intensas sobre uma desaceleração econômica global. Além disso, a divulgação dos números de estoques trimestrais acima da expectativa, cenários favoráveis para plantio na América do Sul e colheita nos Estados Unidos, também são fatores que impulsionaram a queda.
O contrato com vencimento em novembro/2022, fechou a sexta-feira valendo U$13,66 o bushel (-4,21%). Já o contrato com vencimento em março/2023, também fechou a semana no campo negativo, valendo U$13,83 o bushel (-3,60%).
Após aumentos agressivos dos juros pelos bancos centrais, que até o momento não impactam no controle da inflação, há cada vez mais preocupações nos mercados financeiros, diante da possibilidade de uma recessão econômica severa. Consequentemente, isso poderá impactar diretamente o consumo de commodities agrícolas, entre elas, a soja.
De acordo com o último relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na segunda (26/09), a colheita da soja norte-americana atingiu 8% da área plantada, contra 15% na mesma data do ano anterior. Apesar de atrasado, isso não causou preocupações ao mercado, tendo em vista que a qualidade das lavouras a serem colhidas estão sendo mantidas.
Enquanto isso, na América do Sul, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a produção de soja da Argentina deve subir para 48 milhões de toneladas em 2022/23, ou seja, um acréscimo de 15,5%. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), no Brasil, a semeação segue acelerada, com o plantio de soja de Mato Grosso atingindo por volta de 6,30% da área projetada para a safra 2022/23 até sexta-feira (30/09).
Na sexta-feira (30/9) também foi divulgado pelo USDA, os números referentes aos estoques trimestrais norte-americanos. O relatório trouxe 7,46 milhões, contra uma expectativa média do mercado de 6,72 milhões de toneladas, ou seja, 11,90% acima do esperado. O fator que contribuiu para esse resultado foi o incentivo de comercialização de soja na Argentina, que diminuiu a demanda da soja norte-americana.
*O QUE ESPERAR DO MERCADO?* – nesta semana o clima na América do Sul continua sendo um fator observado com bastante atenção pelo mercado, diante da evolução do plantio em áreas importantes. O fim do incentivo do governo da Argentina poderá levar a demanda para os Estados Unidos, e, consequentemente, pressionar Chicago para cima.
Em contrapartida, o cenário macroeconômico de uma possível recessão continuará provocando uma saída dos ativos de riscos. O dólar deve continuar seu movimento de alta diante das incertezas econômicas mundiais. Caso Chicago continue sua tendência principal de queda e o dólar em alta, a semana poderá ser marcada, mais uma vez, por leves variações nos preços, em relação à semana anterior.
*MILHO*
*O MERCADO NA ÚLTIMA SEMANA* – a semana que passou foi marcada por maior interesse de venda por parte dos produtores em algumas regiões, sendo absorvido pela parte compradora, que ainda aproveita oportunidades pontuais para suprir sua necessidade de consumo. Além disso, o plantio no Brasil segue acelerado na temporada 2022/23. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área semeada atingiu 19,3% da área brasileira, usando como referência até a data de 24 de setembro. Ainda, voltado para uma região específica, o Departamento de Economia Rural (Deral), reportou que 58% da área do Paraná/PR já foi semeada. Em contrapartida, internacionalmente, na Argentina, o plantio apresenta atraso por conta do clima pouco favorável. O milho brasileiro permanece muito demandado internacionalmente.
No último boletim da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações de milho no Brasil já totalizaram 5,1 milhões de toneladas no acumulado das 4 semanas de setembro. Esse volume ultrapassa 2,85 milhões de toneladas registrado em todo mês do ano passado. Há fortes indicativos de que poderá haver um mês com recorde de exportação e, consequentemente, um número histórico de exportação brasileira. Nos Estados Unidos, a colheita de milho atingiu 12% da área até o dia 25/09, contra 14% na média histórica, de acordo com o último relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Além disso, o departamento trouxe ainda uma queda nos estoques trimestrais de milho em 34,98 milhões de toneladas, diante de uma expectativa média de 38,03 milhões. Esse cenário reforça o Brasil como principal fornecedor mundial. Por falar em mercado externo, Chicago finalizou a semana com uma leve alta de +0,44%, encerrando a semana valendo 6,78 dólares por bushel. Já o dólar teve uma semana de forte valorização, fechando a sexta-feira sendo cotado a R$5,39 (+2,67%). A alta do dólar somado a demanda internacional, deixa as exportações brasileiras muito atrativas.
*O QUE ESPERAR DO MERCADO?* – as condições climáticas continuarão sendo acompanhadas de perto pelo mercado, diante do progresso do plantio e desenvolvimento inicial da safra 2022/23. O milho brasileiro permanecerá extremamente demandado internacionalmente, e o ritmo de exportação será um elemento relevante que norteará o mercado brasileiro nas próximas semanas. Diante disso, as cotações poderão ter uma semana de continuidade de valorização.
Análise de Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto
Fonte: Wendy Oliveira