Professor Armindo Vieira Júnior, à frente da Cia da Abelha e da Escola de Apicultura, comenta sobre outros produtos lucrativos nas produções apícolas
As abelhas são conhecidas, principalmente, pela produção de mel, mas há uma série de compostos produzidos por elas que vêm sendo amplamente utilizados para a saúde humana e, consequentemente, vem gerando lucro para seus produtores. Além do famoso mel, insumos como própolis, pólen, cera, geleia real e apitoxina vem sendo comercializados, uma vez que possuem valor nutricional e terapêutico para a saúde humana. E essa diversificação da atividade apícola tem se mostrado favorável não só para o bem-estar do corpo, mas também como fonte de renda extra para os apicultores. Para o professor Armindo Viera Júnior, referência em apicultura no Brasil, tudo na abelha é aproveitável: do mel ao veneno. “Quem apostar na produção e comercialização do mel e seus produtos terá uma boa surpresa. A demanda é maior que a oferta”, garante o especialista.
Ainda segundo Armindo, a polinização também pode render bons lucros. Segundo pesquisa da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) os ganhos para o agricultor com a polinização representam 10% do valor da produção agrícola mundial. “São muitos os benefícios que as abelhas proporcionam para o ser humano e para o meio ambiente”, esclarece o especialista que separou algumas informações sobre os produtos e sobre esse mercado.
Própolis: “A própolis brasileira, assim como o mel, é orgânica, pois nossas abelhas são africanizadas, ou seja, não necessitam de medicamentos como antibióticos para combater as doenças. Por isso, cada vez mais, cresce o interesse internacional pela própolis produzida no Brasil. Para se ter uma ideia, 92% da própolis in natura consumida no Japão é de origem brasileira (dados da Japan Trade Organization)”, explica o professor de apicultura, que já conta com mais de 11 mil alunos.
Armindo diz que é um mercado extremamente rentável. “Para você ter uma ideia 1 kg da própolis verde, custa entre R$ 500 a R$ 700 e uma única colmeia pode produzir de 50 gramas até 6kgda própolis. Tudo vai depender dos métodos e manejos de quem a produz e da quantidade de colmeias. Imagine um apiário com 50 colmeias, o apicultor pode faturar até R$ 100 mil reais, só produzindo própolis. A própolis vermelha, que só tem no manguezal do litoral do Nordeste, custa entre R$ 1.100 a R$ 1.500 o kg. Isso porque a própolis vermelha tem uma atividade biológica muito poderosa, que combate inclusiva alguns tipos de tumores”.
Pólen: O pólen é um dos alimentos mais nutritivos encontrados na natureza. Ele é formado por minúsculos grãos produzidos pelas flores das plantas. É a fonte de proteína, sais minerais, vitaminas e aminoácidos das abelhas. De acordo com estudo publicado pela Faculdade de Tecnologia de Botucatu, o pólen tem 40% de proteína. “Suas proteínas são mais ricas que qualquer tipo de proteína animal. E há mais aminoácidos do que a carne, ovos, leite e seus derivados. É uma verdadeira bomba proteica. O alimento tem um sabor que varia muito da origem floral, mas geralmente é adocicado e lembra muito granola fina”, diz o apicultor.
Por conta das suas propriedades, o pólen é muito valorizado no mercado. “Enquanto o kg de mel custa R$ 70,00; o kg do Pólen custa R$ 180,00 É uma atividade sustentável e que tem baixo custo de implantação e manutenção”, pontua o professor. As regiões que com potencial de produção de pólen são: Serra Catarinense, Serra Gaúcha, Pantanal Mato Grossense, Serra Paranaense, Serra da Mantiqueira e Litoral do Nordeste Brasileira.
Cera: A cera é produzida pelas glândulas cerígenas localizadas no abdômen das abelhas operárias. Ela é usada internamente para construção de estrutura de armazenamento de alimento e reprodução. Comercialmente, a cera é usada em cosméticos, na produção de velas, na indústria farmacêutica, entre outros. Segundo Armindo, produzir cera é uma boa oportunidade no período de entressafra do mel.
Para produzir cera é necessário um apiário exclusivo. “O apiário para produção de cera não é o apiário de produção de mel. É um apiário separado. E para obter o processo de produção de cera em grande quantidade é necessário ter no mínimo 50 super colônias com 80 a 100 mil abelhas, reunidas no mesmo apiário. E aí é preciso super alimentar essas abelhas com caldo de cana. Para a cada colmeia, é necessário 6 litros por dia. O apicultor também precisa entrar com a ração proteica em pó. Assim as abelhas ficam super nutridas e começam a produzir a cera”, orienta o professor. O custo do kilo da cera é entre R$ 80,00 a R$ 110,00.
Fonte: Consuelo de Magalhães